Aritana Aguiar
Free lancer
Com o cumprimento pela Delegacia da Marinha de Santarém da legislação que proíbe o transporte de combustível, inclusive botijões de gás, em embarcações de passageiros, os ribeirinhos e proprietários de barcos reagiram com indignação a essa medida preventiva. Mas, apesar da reclamação dos ribeirinhos o Corpo de Bombeiros alerta que o grande perigo em transportar gás de cozinha e combustível em locais fechados pode gerar uma explosão.
A Delegacia da Marinha de Santarém afirma que a legislação não prevê a mistura de passageiros com o transporte de mercadoria perigosa. Por conta do tamanho dos barcos esse tipo de produto fica sempre muito próximo aos passageiros. Somente barcos autorizados pela Marinha podem transportar o combustível e botijão de gás.
O proprietário de uma embarcação que mora na Comunidade de Maripá, afirma que está muito prejudicado com a nova lei. "Dependo do óleo, apesar de morar em próximo a vila de Alter-do-Chão, já passei por muitos apuros", desabafou. Ele conta que chegou está próximo a vila quando o motor do barco acabou, fez uma ligação e conseguiu que trouxessem o combustível. Em outra situação pediu ajuda de vizinhos colaborando com óleo para que pudesse ir a Alter-do-Chão e comprar combustível ao chegar lá não tinha e para voltar conseguiu óleo de algumas embarcações. Além disso, em sua residência o motor é desligado pela manhã para controlar o óleo. O mesmo acontece com os vizinhos. Ele acredita que é preciso entender a situação dos ribeirinhos antes de impor a lei, pois dependem disso.
O subtenente Nobre, do Corpo de Bombeiros faz uma alerta de periculosidade do transporte de gasolina e gás de cozinha, em especial. "Se colocar apenas um botijão de gás em um porão, corre um sério risco de explosão, devido o aquecimento do local", explica. Um dos problemas é que as botijas são às vezes mal manuseadas sendo jogadas nos locais como uma mercadoria sem risco, devido o material ser de aço sendo então um grande engano.
De acordo com o subtenente, o manuseio inadequado das botijas, pode danificar a válvula, com isso causa o vazamento gerando então uma explosão, se estiver em local abafado. "Um botijão de gás vazio é mais perigoso que um cheio, por está aberto o restante do gás sai. E se estiver em locais como porão de barco pode explodir devido o calor", informou. Alerta também que, durante a viagem de barco, ocorre atrito entre os botijões podendo danificar ou até mesmo explodir.
Uma comunitária de Maripá, afirma está passando um sufoco com essa situação de poder transportar pouco óleo. "Fica difícil fazermos várias viagens na cidade, gastamos muito", reclama que agora necessita ir a Santarém várias vezes para comprar óleo, pois nem sempre consegue comprar na vila de Alter-do-Chão. "Utilizamos muito a rabeta para atravessarmos o rio, colher mandioca, as crianças que vão para escola, tem atrapalhado os estudos", reclamou. Agora está racionando combustível, desligando o motor de luz à noite.
Mas a Capitania dos Portos permite que o gás de cozinha e o combustível seja levado somente no toldo do barco, ou seja, na parte de cima, sendo um local bem arejado, mas a quantidade é pouca.
Quanto à gasolina transportada o perigo também é constante. "A gasolina libera um vapor que não combina com locais abafados e calor. Isso vai gerar uma explosão. Muitos donos de barcos colocam as botijas de gás no porão, isso é uma verdadeira bomba", alerta o subtenente Nobre.
Um dos grandes perigos da gasolina também que ela é levada em recipientes de plástico. "O plástico não vai dissolver, mas a segurança é limitada", enfatizou. E completa: "quando coloca um plástico na tampa de vedação do recipiente retira o suspiro da tampa ao abrir o vapor sai de uma vez". O ideal é que a gasolina seja levada para os ribeirinhos em um fornecedor seguro. Segundo o subtenente não há na cidade um vasilhame seguro que possa transportar a gasolina.
Mas o comandante Nadir, que aluga seu barco para passeios reclama que houve uma queda de no transporte em 50%. "Antes eu levava óleo para abastecer durante o passeio já que íamos a locais distantes, agora o limite que posso levar não é suficiente", desabafa. E completa que se sente muito prejudicado e não sabe o que fazer se continuar assim.
Ele afirma que algumas localidades vários estudantes estão prejudicados. "Alunos estudam em outras comunidades e vão pra escola de rabeta, com a falta de óleo está indo na escola poucas vezes na semana", relata o comandante. Outra situação é que os moradores possuem motor de luz em suas casas com isso estão racionados já que não podem leva bastante combustíveis.
Nadir sugere que as embarcações levem os combustíveis em um local seguro e arejado no barco. Ou então que haja embarcações do governo que transportem os combustíveis para as localidades.
Um comentário:
Miguel,
Esse é um problema antigo que sempre volta a tona em determinados momentos.Ja houve acidentes com vitimas fatais, mas até o momento não se chegou a um consenso sobre o assunto e tão pouco se criou uma alternativa eficaz para que os nossos riberinhos possam desfrutar dos confortos oriundos da energia eletrica gerada a partir dos combustíveis levados perigosamente nas embarcações.
Enquanto não se descobre uma maneira de transportar combustíveis em segurança, contamos com a proteçao divina para que outros acidentes nao aconteçam e mais vidas sejam perdidas.
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