quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Çairé 2010

Adenauer Góes
adenauergoes@gmail.com

Somos sempre levados a fazer comparações entre o Boi de Parintins, o Festival das Tribos de Juruti e o Çairé de Santarém, e o porquê de estarem em etapas diferentes de seu desenvolvimento. São três propostas distintas, mas ao mesmo tempo embaladas pela cultura e misticismo amazônicos, o que lhes confere um tempero especial aos olhos daqueles que procuram saber e ter conhecimento das coisas encantadas da floresta.

O Boi de Parintins conseguiu avançar em sua identidade, tornando-se um espetáculo que atrai anualmente alguns milhares de turistas ao interior de nosso estado vizinho dentro de um processo de organização, planejamento e marketing que teve a Coca-Cola como grande incentivador deste produto turístico, fazendo com que esta festa mesmo fora de época, sirva como representação da cultura do Amazonas para aqueles que visitam o estado ou para atraí-los através de apresentações em feiras e eventos realizados pelo Brasil e mundo afora.

O Festival das Tribos centrado na disputa entre os Munduruku e Muirapinima, este ano já contou com o apoio da empresa de mineração que se instalou no município de Juruti e com a base estrutural já edificada, tem tudo para dar passadas mais largas em busca de um profissionalismo que sedimente e torne referência esta fantástica manifestação que a todos que tem oportunidade de assistir impressiona de maneira altamente positiva, inclusive pela participação popular de comprometimento com o espetáculo.

A mistura do religioso com o profano concede ao Çairé a formulação ideal para o desenvolvimento de uma proposta capaz de atrair além fronteiras um público que busca a plasticidade da apresentação sedimentada através da religiosidade com o forte imaginário natural ambientalista dos botos que vivem nos rios da Amazônia encantada. Muito embora, seja compreensível a fragilidade das entidades associativas comunitárias que representam aqueles que realizam a festa em sua plenitude, fazendo com que o setor público mantenha-se mais presente do que seria o ideal e desta forma trazendo dificuldades conceituais, operacionais e até de cunho Político que acabam por atropelar o andamento natural do evento. E levando em conta ainda que a experiência de profissionalismo tentada através de uma empresa nos últimos anos não tenha sido exitosa, fazendo com que muitas dívidas e falta de credibilidade ficassem espalhadas em Santarém.

Apesar de todos os percalços, o entendimento que se tem, baseado principalmente na experiência de Parintins é o de que quanto mais a iniciativa privada estiver presente, associada à comunidade, maior será a possibilidade de consolidarmos o Çairé e avançarmos com um evento que tem potencial para fazer vanguarda juntamente com o Círio de Nazaré, funcionando como chamamento de turistas para nosso estado, juntando a cultura centenária do homem amazônida á natureza do cenário, agraciado pela formosura de Alter do Chão que a todos encanta e sob a vista do encontro das águas do Amazonas com o Tapajós.

As experiências negativas devem servir de exemplo. O caminho, de acordo com a trajetória já trilhada por outros eventos é o do profissionalismo.

Um comentário:

luimar disse...

Adenauer Góes, você já visitou os três eventos?
Vamos Ao Boi - O patamar de desenvolvimento do Evento é devido a mais de 8 anos eles trabalharem profissionalmente, ali não tem amador não, tanto que exportam alegorias e artistas para o Carnaval do RJ.

As tribos - pra começar a Mineradora deu este ano de 2010 50(mil) reais pro evento. isso não banca nem uma das tribos, é verdade que falta muito profissionalistmo, mas estão com um projeto, um propósito de ser o melhor evento no Pará (estão no caminho certo).

O Çairé - Falta profissionalismo, amor dos botos em fazer o evento e não trazer publico pra ilha, falta muito profissinalismo, seriedade e acima de tudo compromisso de todos os envolvidos os botos, os moradores da ilha e o poder publico.