Lúcio Flávio Pinto
Não é possível haver 2,2 milhões de pessoas no Círio. Pode-se deixar de lado as técnicas para quantificação de multidão, que podem apresentar margem de erro incompatível com uma metodologia científica, em função do espraiamento da procissão, ainda que as imagens de satélite sejam capazes de suprir essa dificuldade.
Basta pensar que no mesmo momento em que o Dieese apresentou o cálculo para o Círio deste ano, no dia 10, com 100 mil fiéis a mais do que em 2009, um blecaute deixou sem luz todos os habitantes da área metropolitana de Belém (que possui 2,1 milhões de habitantes) e as regiões Bragantina, Guajarina, Salgado e Baixo Tocantins. Soma dos prejudicados nessa região, que tem a maior concentração demográfica da Amazônia: 2,5 milhões de pessoas.
Seria como se 90% desses habitantes viessem no segundo domingo de outubro à capital paraense. Como o município de Belém possui 1,4 milhão de habitantes, a onda seria de 800 mil peregrinos. Seria impossível ignorar tal tsunami humano, que ninguém vê nos dias que antecedem o Círio. A leva real de romeiros é calculada em oito vezes menos. Logo, um número razoável a considerar na grande está em torno de um milhão de participantes. Mesmo reduzida a menos da metade do cálculo oficial, não perde o título de a maior procissão religiosa do país e, talvez, do mundo. Sem precisar forçar na aritmética para dar-lhe um resultado milagroso que Nossa Senhora de Nazaré certamente não reivindica para si.
Um comentário:
Talvez, essa mulidão não acompanhe o círio, no domingo, mas e os devotos que fazem a trasladação e mais aqueles que apreciam a passagem da santinha, como eu, que não acompanho por não ter o espaço. Em 1970 acompanhei o círio, ou melhor, a santa que me acompanhou. Quando chegui à Basílica a santinha ainda estava na presidente Vargas.
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