terça-feira, 12 de outubro de 2010

Partido Verde, donzelas, cinismo e neutralidade

Paulo Cidmil:
O PARTIDO VERDE e Marina Silva não podem fugir às suas responsabilidades e se acovardarem por trás de uma neutralidade cômoda, esse é o papel do PSOL e sua posição sectária, do “eu sou melhor, tenho a solução e não me misturo”.
Nem tão pouco, deve liberar a boiada para que se acomodem de acordo com suas conveniências e interesses pessoais. Deixem isso para o PMDB que tem vocação a vampiro, e em situação como essa, já estaria dividido entre Serra e Dilma, na estratégia de participar do poder seja qual for o vencedor.
É bom lembrar, que ficar em cima do muro é tradicionalmente a posição predileta do PSDB. E desejar aparelhar as instituições do Estado com os quadros partidários, para que se tornem instrumentos do Partido, como se o Estado brasileiro fosse um Sindicato, ai vocês precisariam entrar na escolinha do PT.
O PARTIDO VERDE não pode se comportar como uma casta donzela que precisa preservar a sua pureza e muito menos esconder-se atrás da cínica neutralidade. Até porque não é uma coisa nem outra. Já esteve em governos de PSDB e PT e seus quadros não são tão puros assim, há bem pouco tempo, Zequinha Sarney era um de seus expoentes. Em muitos lugares, especialmente na Amazônia, alguns de seus dirigentes não são o que costumamos chamar de ambientalistas.
A grande maioria dos votos de MARINA SILVA, não foram votos Tiririca, longe de serem votos de protesto, ou alienados, foram votos de quem quer algo a mais da política. Votos de quem tem consciência dos grandes problemas ambientais existentes no Brasil.
Gente que projeta um futuro melhor e não acredita no falso dilema “Desenvolvimento versus Preservação ambiental”. Hoje a palavra SUSTENTABILIDADE permeia qualquer forma de desenvolvimento e também o manejo dos recursos naturais, deixou de ser uma discussão conceitual para impregnar em nossa realidade cotidiana. Foi a candidatura de Marina Silva que pautou a SUSTENTABILIDADE e a trouxe para o centro da campanha presidencial.
Ao PARTIDO VERDE e a Marina Silva, 20 milhões de brasileiros delegaram uma missão: defender políticas que priorizem as questões ambientais e o desenvolvimento sustentável,  que invista em novas tecnologias e novas fontes de energia renovável. Algo além da obvia e ambientalmente danosa, construção indiscriminada de hidroelétricas. O Brasil não é a China, aqui existe democracia!
Se ao PSDB foi possível criar o PROER para salvar banqueiro e ao PT o Bolsa Banqueiro graças às taxas de juros, ao futuro governo deve-se propor o “bolsa” energia renovável e o “bolsa” responsabilidade ambiental.
Que o futuro governo subsidie e desonere, por exemplo, os investimentos no desenvolvimento de tecnologias e produção de energia solar.
É preciso arrancar do próximo governo o compromisso de que todo projeto de desenvolvimento, sejam eles estradas, hidroelétricas, mineração, exploração florestal, hidrovias; só saiam do papel após cumprir de forma transparente, com ampla participação popular, todas as regras estabelecidas em nossa legislação ambiental. Como também é preciso maior rigor e participação da comunidade científica nas instancias que autorizam o licenciamento de agrotóxicos e produção de transgênicos.
E que ninguém ouse acabar com o Bolsa Família, dela depende parcela da população que há bem pouco tempo estava nas estatísticas da desnutrição e miséria absoluta. Dessa política compensatória, hoje também depende parte considerável de nosso mercado interno. O Programa Bolsa Família precisa estar articulado com iniciativas nas áreas da educação e qualificação profissional.
Do PARTIDO VERDE se espera uma mudança radical na forma de fazer política. É preciso dizer um IMENSO NÃO para os acertos de Gabinete em troca de cargos, feitos com o claro objetivo de usufruto dos recursos públicos.
Assumir o apoio a uma candidatura visando o interesse público e o futuro. Resgatar a moralidade na política e manter um compromisso ético com os eleitores que acreditaram nas suas propostas. Realizar acordo em torno de um Programa de Governo que contemple as propostas do PV tão essenciais para o futuro de nosso País.
 Marina e o Partido Verde sinalizaram à população que irão conversar em torno de Programa de Governo e não de barganha por cargos como é habitual em nossa política, e que essa conversa acontecerá dentro da ética e da maior transparência possível para com os eleitores. Essa é a esperança de quase 20 milhões de brasileiros.
Que o Partido ignore a pressão da imprensa para se pronunciar, a imprensa é naturalmente ansiosa, que aguarde a convenção do dia 17. Restarão duas semanas para as eleições, tempo mais que suficiente para que os eleitores de MARINA SILVA, os que se abstiveram e os que votaram em branco no dia 03 de outubro, entendam as razões, e os objetivos, que levaram o PARTIDO VERDE a fazer a sua opção.
É hora de um dever cívico para com o nosso país. Apresentar suas propostas à sociedade e aos candidatos Dilma e Serra. Aquele que comprometer-se, de forma inequívoca, a incorporar a seu programa de governo, as políticas de desenvolvimento sustentável propostas pelo PV, esse(a) deverá receber o apoio do PARTIDO VERDE. Com esse(a) MARINA SILVA deverá subir ao palanque e ir à televisão, pedir aos eleitores os votos que lhe confiaram no primeiro turno.
Nas mãos do PARTIDO VERDE repousa uma oportunidade rara de resgatar a dignidade do fazer política em nosso País,
Aos acomodados basta repetir o bordão: “O futuro a Deus pertence”

* Paulo Cidmil
Produtor Cultural
Sem filiação partidária




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