segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Usina de São Luiz do Tapajós será postergada


Josette Goulart 
Valor Econômico

São Paulo - O processo de licitação da megausina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós será atrasado em pelo menos um ano. O Plano Decenal de Energia de 2011, que está sendo finalizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), remanejou o projeto para entrada em operação das primeiras turbinas para o ano de 2017. O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, diz que grandes blocos de energia devem entrar nos anos anteriores, sem grande prejuízo do planejamento.

O problema é de licenciamento ambiental. A usina que será construída no conceito de plataformas de petróleo será instalada no Pará e terá capacidade de gerar mais de 6.000 MW de energia e faz parte de um complexo que poderá gerar mais de 10 mil MW. Algumas fontes da EPE informam inclusive que é possível que o processo licitatório fique para o fim de 2012 e poderá até mesmo só ser possível de ser realizado em 2013. Tolmasquim não quis falar sobre os problemas ambientais e disse apenas que o prazo está apertado para licenciar a usina no próximo ano.

A dificuldade de licenciar ambientalmente as grandes e também as pequenas hidrelétricas associada à expectativa da grande oferta de gás que deve baratear o custo de termelétricas, deve levar o governo a licitar esse tipo de usina já no próximo ano.

Tolmasquim diz que em algum momento vai ter que usar térmica. Mas ele reforça que quanto mais se atrasa projetos hidrelétricos, mais difícil de concretizá-los. O PDE que está sendo elaborado por Tolmasquim ainda não trata do gás do pré-sal para o uso de geração de energia elétrica, mas ele diz que parte desse gás terá que ser direcionado para térmicas. "Mas terá que ser uma equação que o torne interessante", diz Tolmasquim.

De acordo com Marcos Tavares, diretor da Gas Energy, a oferta de gás, sem contar o pré-sal, terá um adicional de 50 milhões de metros cúbicos por dia a partir de 2015. E como no mundo inteiro as descobertas de poços de gás têm sido frequentes, existe uma tendência mundial na queda de preços, o que vai favorecer o uso do combustível não só pela indústria mas também para geração de energia. Mesmo os 30 milhões de metros cúbicos que vêm da Bolívia tendem a ficar mais baratos. O contrato acaba em 2019, mas os gasodutos já estarão amortizados.

Nos últimos anos, as usinas térmicas movidas a gás natural ficaram praticamente de fora dos leilões em função da falta de oferta da Petrobras. A empresa se negou a fornecer combustível nos preços-teto estabelecidos pelo governo nos leilões de energia. O grande problema para a estatal é que o modelo atual não permite que as térmicas operem durante todo o tempo. Um executivo do setor comenta que a Agência Nacional do Petróleo proíbe que se retire gás que não seja usado. Há um limite para a queima. Mesmo assim, a Petrobras queima hoje 5 milhões de metros cúbicos por dia, o que daria para gerar 1.000 MW de energia.

Mas o diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, diz que, para aproveitar o gás do pré-sal, as térmicas deverão gerar na base, ou seja, grande parte do ano, melhorando a condição para se obter contrato com a estatal. Segundo Hubner, as térmicas a gás estavam mais caras que as eólicas nos últimos anos. "Mas a grande oferta de gás deve mudar isso", afirma.

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