segunda-feira, 28 de março de 2011

DINHEIRO PODE TER SIDO DESVIADO DE ESCOLAS EM SANTARÉM, SUSPEITA NILSON PINTO

Aritana Aguiar
O Estado do Tapajós

Secretário Nilson Pinto confere cronograma financeiro e compara situaçao de obras
Santarém - Indícios de superfaturamento, obras fantasmas, desvios de recursos públicos, alunos estudando em açougues e escolas abandonadas. Esse foi o cenário encontrado pelo secretário de educação do Estado, Nilson Pinto, ao fazer uma rápida visita ao município na última segunda-feira, 21. “Confesso que estou perplexo com o que estou vendo. Há escolas onde se investiu substancialmente para realização da reforma e o que se vê é que quase nada foi feito. Não sabemos se está no início ou se ela realmente começou. Estou percebendo indícios fortes de desvio de recursos públicos" afirmou Pinto.

O caso da escola Nossa Senhora de Guadalupe, localizada no bairro de Nova República, na periferia de Santarém, foi considerado grave pelo secretário. A empresa RCG Tolentino ME recebeu quase R$ 1,1 milhão da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), no final do governo Ana Júlia, mas a obra, orçada anteriormente em R$ 199.361,55, ainda não foi concluída nem muito menos entregue. "Esse fato mexe com a inteligência. Alguma coisa aconteceu de errado aqui, estou indignado. Vamos tomar providências para apurar as suspeitas", reclamou o titular da Seduc.

A diretora da escola Na. Senhora De Guadalupe, Veralúcia Araújo, informou que a obra foi iniciada em agosto do ano passado e deveria ser entregue em dezembro, mas que foi paralisada sem explicações. "Nos dois primeiros meses, eles até que trabalharam, mas depois a obra foi parando e o engenheiro sumiu", denunciou a diretora. 

Os cerca de 300 alunos estão provisoriamente na escola Wilson Fonseca. Eles chegaram a estudar até em prédios de açougues. "Nossos alunos estavam estudando no local e adoecendo por conta das péssimas condições. Era problema de garganta e muita gente faltando aula", revelou Veralúcia.

"O valor em si é uma enormidade para o tamanho da reforma e mais complicado ainda é verificar que a obra está na metade. É um caso que mexe com a inteligência de qualquer pessoa; alguma coisa aconteceu de errado ali em termos de má aplicação de recursos", suspeita Nilson Pinto que visitou, ainda, as escolas Plácido de Castro, Olindo Neves e Romana Leal, que também tiveram as obras paralisadas no mês de novembro de 2010. "A antiga gestão verificou que não tinha recursos para pagar o salário de dezembro do pessoal da Seduc e usou todos os recursos disponíveis na secretaria - inclusive para realização de obras-, juntou todos eles e pagou o salário do pessoal do mês de dezembro", informou Pinto.


Secretário vai pedir que irregularidades sejam investigadas

O secretário de educação Nilson Pinto promete levar aos órgãos competentes a situação encontrada nas escolas de Santarém. Todas as obras, sete no total, iniciaram na gestão da ex-governadora Ana Júlia Carepa. "Fiz questão de ver para verificar a extensão do problema. Estou indignado e vou tomar as previdências legais no meu retorno a Belém, mas independente disso vamos trabalhar para juntar o recurso necessário para colocar as escolas em condições de uso adequado pelos alunos", assegura Pinto.

O secretário explicou por que fez questão de ver de perto a situação. "Contando não se acredita no tamanho do esculacho. Senão as informações ficam presas na Secretaria, os professores e diretores não sabem onde foi que aconteceu o problema. Nós jogamos de forma transparente e vamos trabalhar daqui para frente para corrigirmos os erros", garantiu.

Outra escola onde também foi constatada uma discrepância entre o cronograma físico e o financeiro da obra é a Escola Estadual Plácido de Castro. "Na escola Plácido de Castro foram gastos 920 mil reais. A reforma em si praticamente não aconteceu", criticou Pinto.

Segundo a vice-diretora da escola, Jucirene Maia Salomão, na reforma emergencial foi trocado o forro de toda a escola, com material de PVC, a fiação elétrica e substituição de telhas quebradas. "Depois, a construtora começou uma reforma no banheiro, reformou o dos homens, começou a do feminino, mas paralisou. Fecharam três salas de aula para climatizar, tiraram o piso e colocaram lajotas nas paredes, mas as obras foram paralisadas e é assim que nós estamos hoje", explicou a vice-diretora.

De acordo com Nilson Pinto, com o valor já investido pela Seduc na Plácido de Castro muito mais poderia ter sido feito. "Com o muito que se gastou, pouco foi feito, é possível ver isso", declarou. Ele se disse preocupado por que ainda devem ser pagos mais de R$ 520 mil para empreiteira para concluir o restante da reforma dessa escola.

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