quinta-feira, 10 de março de 2011

Tacacá, patrimônio nacional

No Amazônia:

Paraense nenhum põe reparo, mas que a apresentação é estranha, não dá para negar. Afinal, quem é que, à primeira vista, não fica desconfiado de um prato feito do fruto da cuieira (utensílio muito utilizado por índios), contendo goma, caldo extraído da mandioca, folhas de jambu e camarões secos? Se, para os paraenses a iguaria é a delícia dos deuses, para paulistas, cariocas, gaúchos, mineiros, dentre outros moradores Brasil afora, o prato é visto em geral como "comida de índio", "estranho", "difícil de encarar". 

Porém, é possível que tudo mude daqui para frente. É que o tacacá, nome do prato, genuinamente paraense, está a um passo de ser declarado patrimônio cultural brasileiro, título concedido pelo Ministério da Cultura, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
Integrando a luta para transformar o tacacá em patrimônio, uma exposição, montada na sede do IPHAN, em Belém, mostra as curiosidades da iguaria, como o ofício de tacacazeira, que enche mulheres de orgulho e fazem das tardes dos paraenses que não dispensam uma boa cuia com tucupi quentinho, jambú, camarões, goma e, claro, com a inigualável pimenta, mais regionais.


E por já ser considerado patrimônio imaterial, já que o ofício de tacacazeira é passado de geração para geração, o tacacá, talvez a mais paraense das iguarias típicas, se tornou objeto de pesquisa a partir do trabalho de centenas de mulheres que aprenderam com suas bisavós, avós e mães a arte de fazer, preparar e servir a "sopa", que é como os turistas chamam uma das nossas mais deliciosas riquezas gastronômicas.
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Nota da redação:
Em Santarém, a tacacazeira Noca é o símbolo dessa iguaria. Seu ponto de venda, há mais de 50 anos na praça São Sebastião, ganhou um quiosque da prefeitura de Santarém, no ano passado.

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