sexta-feira, 1 de abril de 2011

'Boca de fumo' rende 10 mil, em média, todo mês em Santarém


Da Redação

"A venda não tá muito boa, mas acho que chego a arrecadar uns R$ 10 mil por mês". A frase é uma resposta de um "gerente" de fumo ao ser entrevistado pela reportagem de O Estado do Tapajós.
 
Zé, como pediu para ser chamado o entrevistado, afirma que o lucro sobre o entorpecente vendido caiu bastante em Santarém. Ele atribui a queda ao excesso de fiscalização das Polícias Civil, Militar e Federal. Também diz que a maconha, uma das drogas mais vendidas, passou a ser muito difícil de ser transportada e comercializada na região. "É difícil de transportar por causa do volume e o lucro é bem menor", diz Zé, que só concedeu a entrevista porque diz que fechou sua 'boca de fumo' e vai para outra cidade.
 
O 'boqueiro', no linguajar policial, vendia cerca de trinta a trinta e cinco papelotes de cocaína e/ou maconha. Cada um a dez reais. O que dá um faturamento mediano de trezentos reais por dia, ou R$ 10 mil ao mês. "Isso varia muito tem dia que se vendia até 100 papelotes por dia, mas em outro vendia apenas 20 ou trinta", diz o traficante, acrescentando que sua 'boca' é considerada de pequeno porte e que existem as 'mais fortes' que chegam a faturar muito mais. "Algo em torno de R$ 50 mil por mês". Mais que o salário de um juiz federal, por exemplo, ou mesmo de um deputado federal.
 
"A situação pode até melhorar depois que abriram o corredor em Óbidos, mas não vou ficar". Zé se refere ao encerramento da Operação Sentinela, em Óbidos, que repelia na parte mais estreita do rio Amazonas a passagem de entorpecentes. "Agora, vai ficar mais fácil trazer de fora", diz Zé, acrescentando que as 'mulas' vão ter menos trabalho e, por isso, ficará mais barato pagá-las. "Quando 'os homem' embaçam fica difícil conseguir mula. Quando se acha, elas cobram mais caro, mas agora sem fiscalização, elas passam sem perigo", avalia.
 
Zé pediu que a entrevista fosse publicada apenas três dias depois de sua saída da cidade, que seria na segunda-feira, 22. Ele não deixou fotografar nem seu perfil e disse que não tem mais negócios em Santarém e que não pretende voltar à cidade.

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