quinta-feira, 14 de julho de 2011

Governo não prestigia manejo florestal comunitário

Da Redação de O Estado do Tapajós
 
Preservar a floresta Amazônica e ainda gerar renda para as comunidades tradicionais. Esse é o principal resultado de quem opta pela prática do manejo florestal comunitário. No entanto, estudiosos e pesquisadores afirmam que a prática não recebe a devida atenção do governo federal. O descaso e o desprestígio da prática por parte do governo ocasionam o desinteresse de comunidades e conseqüentemente a destruição da floresta.

Socorro Pereira de Jesus, coordenadora da entidade denominada 'Natureza Viva' é um exemplo de como pode dar certo o investimento e o direcionamento de políticas públicas para o manejo comunitário.

Há cinco anos, Socorro e dezenas de famílias cultivam árvores, como a andiroba, e extraem delas extratos naturais que são utilizados na produção de óleos, remédios e cosméticos. A área manejada fica na comunidade de Santo Antônio, no PAS (Projeto de Assentamento Sustentável) Moju.

Dona Socorro explica que a retirada do óleo é feita por meio das sementes coletadas e que atualmente cerca de cem árvores estão produzindo, mas que existem outras mil catalogadas para também serem manejadas. A produção é vendida no comércio santareno e o dinheiro é rateado entre as famílias. Ela diz que já tiveram oferta de uma multinacional que possui sede em Belém. "Mas a proposta não foi aceita porque eles queriam comprar as nossas sementes e estamos dando prioridade à venda da produção manufaturada", explica a coordenadora, acrescentando que um litro do óleo de andiroba chega a ser vendido até R$ 90,00.

O pesquisador francês Philippe Sablayores, que possui vasto trabalho sobre o assunto na região Oeste do Pará, afirma que experiência como a do grupo Natureza Viva deveriam ter mais atenção do governo federal. Ele diz que o manejo florestal comunitário tem o poder de ajudar a preservar a floresta amazônica e contribuir para a melhoria de vida da população amazônida. No entanto, Sablayores diz que pouco tem sido feito pela prática conservacionista. "O governo deveria oferecer políticas públicas ao manejo florestal comunitário como faz com a agricultura familiar", argumentou Sablayores, durante entrevista exclusiva concedida a O Estado do Tapajós.

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