Lúcio Flávio Pinto
Articulista de O Estado do Tapajós
Acabou a entente cordiale entre Jader Barbalho e Paulo Rocha, pondo fim a um fenômeno inusitado na disputa pelas duas vagas ao Senado na eleição do ano passado. A única candidata que usou linguagem oposicionista foi Marinor Brito, do PSOL. Seus três adversários adotaram a tática de não se atacar para tentar se favorecer do segundo voto. Foi uma disputa de cartas marcadas, como há muito não se via (se é que alguma vez se viu, tratando-se de eleição senatorial).
O mais bem sucedido nessa artimanha foi Flexa Ribeiro, do PSDB, que entrou como “azarão”, acabou recebendo a maior votação e teve seu lugar garantido, apesar de antes ter sido preso e algemado pela Polícia Federal como envolvido em corrupção no Amapá. A menos votada foi Marinor, mas ela ficou com a segunda vaga porque os candidatos do PMDB e do PT foram atropelados pela lei da ficha limpa.
O acordo de cavalheiros chegou ao fim. A má vontade de dois ministros do Supremo Tribunal e a possibilidade de que outros ainda se manifestem contra sua pretensão de recuperar a vaga que lhe caberia, em função de ter a segunda maior votação, deve estar fazendo Jader Barbalho especular sobre as motivações ocultas dessa atitude. Estaria ela sendo inspirada por petistas federais, empenhados em conseguir essa cadeira para seu correligionário?
Já Paulo Rocha vê como prejudicial aos seus interesses estar na lista dos 36 “aloprados” de Lula, denunciados pelo procurador geral da república por participação no escandaloso “mensalão”. Aparecer no Senado com essa credencial é atrair problemas e estar exposto a novos processos.
Em matéria senatorial, o Pará vai mal. Também.
PS – Este artigo foi escrito antes do julgamento do processo de Paulo Rocha no STF, marcado para o dia 19.
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