Rede Democratas
A simples descrição do episódio já abarca o despropósito
incomensurável: o ex-presidente Lula teria pedido ao ministro do Supremo
Tribunal Federal, Gilmar Mendes, para que o julgamento do mensalão
fosse adiado.
Lula teria oferecido a Gilmar Mendes “proteção” nas investigações da
CPI de Carlinhos Cachoeira em troca do atraso do julgamento, previsto
para este ano.
A descoberta foi da revista, Veja. Confira: http://migre.me/9fxpq
Após dizer que controlava a CPI, Lula, segundo a reportagem, avisou a
Mendes que sabia de uma viagem do ministro do Supremo a Berlim,
juntamente com o senador Demóstenes Torres, e pago por Cachoeira. Não há outras palavras para descrever o que ocorreu: chantagem.
O encontro teria ocorrido dia 26 de abril no escritório de advocacia do
ex-ministro da Defesa de Lula e também ex-integrante do STF, Nelson
Jobim, em Brasília. O ex-ministro da Defesa negou que esse tenha sido o
teor do encontro, que de fato ocorreu.
Antes
da publicação da reportagem, Gilmar Mendes relatou o encontro a
parlamentares e outras autoridades, como o procurador-geral da União,
Roberto Gurgel.
A assessoria do ex-presidente negou a história. Porém, questionado pela
imprensa, Gilmar Mendes confirmou a investida de Lula.
Outros
ministros do Supremo também teriam sido procurados pelo ex-presidente
da República, com o mesmo intuito nada Republicano. Outros encontros
estão previstos na agenda do prócere petista. No escritório de Jobim,
Lula teria criticado de maneira veemente os juízes que não estariam
abaixando a cabeça para seu plano.
Ficou, portanto, a palavra de ex-presidente da República contra a de um
ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. No mínimo uma crise
institucional.
Segundo a reportagem jornalística, na argumentação de Lula, o
julgamento do mensalão este ano influenciaria o processo eleitoral. Além
disso, teria dito, em 2013, ministros propensos a condenar os
mensaleiros, como Cezar Peluso e o atual presidente Ayres Britto, já
estariam aposentados.
Na visão parcial e interessada do ex-presidente Lula, o mensalão foi
uma farsa conduzida pelas elites brasileiras, com o interesse de
derrubá-lo do poder, mas que não teria ido à frente devido à
movimentação dos movimentos sociais.
A versão de Lula é uma enorme negação a uma quantidade enorme de fatos e
mesmo uma ofensa a uma série de autoridades da República que
trabalharam com afinco na elucidação do escândalo que ficou conhecido
como mensalão, entre eles o ex-procurador Geral da República, Antonio
Fernando de Souza, e de delegados da Polícia Federal.
A versão de Lula também ignora que há provas periciais demonstrando que dinheiro público foi usado nas operações ilegais e alguns réus confessaram os crimes.
Além disso, a maioria dos personagens do caso está por aí, como o
empresário Marcus Valério e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares,
novamente acolhido pelo partido.
Há também os empréstimos do PT junto a instituições como o BMG e o
Banco Rural e repasses de dinheiro vivo a deputados em um shopping de
Brasília, entre outras ações ofensivas.
Os
empréstimos do PT, de R$ 50 milhões, foram quitados ano passado, em um
ajuste de conta ainda não muito bem explicado. Empresários com contatos
do governo ajudaram a pagar a fatura:
É ainda preciso deixar claro que os tais movimentos sociais aos quais
Lula se refere são grupos controlados pelo governo por meio de somas
vultuosas, como a antes independente União Nacional dos Estudantes
(UNE).
E, em nenhum momento, mesmo durante o auge da crise do mensalão, a
palavra “golpe” ressoou. Os integrantes da oposição se abstiveram de
pedir o impeachment de Lula mesmo que ainda hoje alguns juristas
considerem que havia elementos para essa ação dentro da democracia.
Por último, apesar de hoje dizer que não houve mensalão, à época Lula pediu desculpas à sociedade pelo ocorrido. “Eu
não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos
que pedir desculpas", afirmou, em 2005, conforme lembrou o editorial do Estado de São Paulo denominado Prisioneiro do Ressentimento.
Leia: http://migre.me/9fwvD
Uma suposta chantagem contra os ministros do Supremo seria o capítulo
final da verdadeira farsa que é armar a versão de que o mensalão foi uma
farsa.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal já afirmaram que não irão se
submeter a pressões. É isso que o Brasil quer. A lei cumprida e os
envolvidos punidos.
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