Apesar de o desmatamento na Amazônia estar
em geral em queda, no entorno da BR-163 ele disparou no mês de julho,
como reflexo à redução de unidades de conservação por parte do governo.
Essa é a análise da ONG Imazon, que monitora mensalmente a perda de
vegetação nos Estados amazônicos.
Para o período de agosto do ano passado a julho deste
ano, o levantamento apontou redução total de 36% em relação ao período
anterior, confirmando a tendência registrada pelos dados oficiais do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No entanto, no mês
passado houve um ganho de 50% em relação a julho de 2011 – foram
desmatados 93,5 km2, sendo o Pará o Estado líder no desmate (83%),
principalmente nas áreas de influência da rodovia que liga Cuiabá a
Santarém.
Segundo Adalberto Veríssimo, coordenador do Imazon,
já há mais de um ano a região vem concentrando o desmatamento do Pará,
mas no mês passado apresentou um forte avanço.
"O entorno da BR-163 está fora do controle. Em todo o Estado há queda no desmate. Estão sendo feitos pactos, mas não lá", diz.
Para ele, isso ocorre em especial por três motivos:
as obras de asfaltamento estão mais aceleradas; medida provisória
editada pela presidente Dilma Rousseff alterou o limite de unidades de
conservação para ampliar o complexo de usinas do Rio Tapajós; governo
acenou com a possibilidade de reduzir os limites da Floresta Nacional do
Jamanxim.
"Neste caso especificamente há uma briga antiga,
desde que a floresta foi criada, de grileiros que estavam ali dentro
pedindo a diminuição da área. Com a sinalização do governo, eles estão
desmatando ao máximo, num movimento para tentar consolidar a área em
tamanho menor", afirma o pesquisador. "Mas nosso temor é de que isso
continue, mesmo que o governo reduza."
Fonte: O Estado de S. Paulo
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