Lúcio Flávio Pinto
Está
cada vez mais claro que foi, no mínimo, precipitação o recebimento pela justiça
do pedido da Rede/Celpa de recuperação judicial apenas 24 horas depois que ele
foi apresentado. A documentação juntada ao pedido era exuberante, à primeira
vista. Submetida a uma análise mais judiciosa, revelava sua completa
insuficiência. A situação da concessionária paraense não podia ser definida sem
uma visão de conjunto do conglomerado Rede e um pente fino sobre suas contas.
Uma
prova nesse sentido é que, desde 28 de fevereiro, quando a recuperação judicial
chegou ao judiciário, o passivo da empresa praticamente dobrou, chegando agora
a 3,5 bilhões de reais, o que a tornou simplesmente irrecuperável. Outra
demonstração foi a decretação de intervenção pela Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) nas oito empresas que integram o grupo Rede. Certamente com
um pouco mais de tempo e mais determinação em apurar a verdade, a Celpa estaria
também sob intervenção federal.
Com
a recuperação judicial em claudicante andamento, a direção da Celpa deixa de
receber os interventores e continua a ser gerida pelos dirigentes do grupo Rede
e pelo administrador da confiança da juíza Filomena Buarque, Mauro Santos, por
ela indicado depois que destituiu o administrador inicial, nomeado pelo juiz
que respondia pela vara e que acolheu o pedido.
Tudo
indica que a Celpa foi descarnada para servir de cobertura às outras concessionárias
da Rede. Como um passivo chegou a valor tão alto se a Rede tinha no Pará quase
oito milhões dos 17 milhões de pessoas por ela atendidas – e 1,8 milhão de
clientes diretos para os 2,6 milhões servidos pelas outras oito empresas do
grupo?
Tendo
começado torta, é provável que essa história vá tortuosamente até o fim.
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