FOLHA DE SÃO PAULO
Natacha Pisarenko - 14.fev.2013/Associated Press
Natacha Pisarenko - 14.fev.2013/Associated Press
Jorge Mario Bergoglio em missa na Catedral Metropolitana de Buenos Aires, Argentina
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O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, 76, arcebispo de Buenos
Aires, é o primeiro papa latino-americano da história. É também a
primeira vez que o cargo é entregue a um membro da Sociedade de Jesus.
Ele obteve ao menos 77 votos dos 155 cardeais de todo o mundo que
participam desde terça-feira (12) do conclave, na Capela Sistina, no
Vaticano.
Conforme a tradição, o resultado foi anunciado por meio da emissão de
uma fumaça artificialmente colorida de branco, pela chaminé da Capela
Sistina. Nos dias anteriores, quando os escrutínios terminaram sem um
consenso, a fumaça expelida era de coloração preta. O resultado foi
confirmado pelo som dos sinos da Basílica de São Pedro.
No cargo, ele sucede Bento 16, que renunciou no dia 11 de fevereiro, em uma atitude inédita em quase 600 anos.
Na Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo e pela batalha
contra o kirchnerismo. O prelado também é reconhecido por ser um intenso
defensor da ajuda aos pobres. O argentino costuma apoiar programas
sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado.
Embora se mostre preocupado com a população de baixa renda, o papa não é
adepto da Teologia da Libertação, corrente prestigiada na Igreja
brasileira que, com base em ideias marxistas, defende que o clero atue
prioritariamente servindo os mais pobres.
O conservadorismo do novo papa é conhecido por declarações contra o
aborto e a eutanásia. Além disso, embora ressalte que homossexuais
merecem respeito, Bergoglio é contra o casamento gay.
PERFIL
O jesuíta nasceu na capital argentina e, depois de cursar o seminário no
bairro Villa Devoto, entrou para a Sociedade de Jesus, aos 19 anos, em
1958. Foi ordenado padre pelos jesuítas um ano depois, quando estudava
teologia e filosofia na Faculdade de San Miguel.
De 1973 a 1979, Bergoglio foi provinciano pela Argentina e a partir de
1980, reitor da faculdade de San Miguel, cargo que ocupou por seis anos.
O papa obteve o título de doutor na Alemanha.
Em 1992, foi nomeado bispo e elevado a arcebispo em 1997, passando a
chefiar a arquidiocese de Buenos Aires desde então. O argentino
ingressou no Colégio de Cardeais em 2001.
Na Santa Sé, participava de diversos dicastérios: era membro da
Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos, da
Congregação para o Clero e da Congregação para os Institutos da Vida
Consagrada e das Sociedades da Vida Apostólica, além do Conselho
Pontifício para a Família e da Comissão Pontifícia para a a América
Latina.
Ele era considerado "papável" desde o conclave que elegeu o alemão Bento
16 para suceder o polonês João Paulo 2º, em 2005. Com a renúncia do
primeiro, o nome do arcebispo de Buenos Aires voltou a ficar entre os
mais cotados ao posto de papa.
Em 2010, quando a modalidade foi permitida pela legislação argentina, o
então arcebispo de Buenos Aires, que também disse que a adoção de uma
criança por um casal gay é uma forma de discriminação ao jovem, entrou
em confronto com o governo de Cristina Kirchner. A presidente argentina,
por sua vez, replicou dizendo que a posição da Igreja evocava a época
medieval.
CONCLAVE
Durante o conclave, os cardeais permanecem em absoluto isolamento,
impedidos de vazar informações sobre as votações, sob pena de
excomunhão. Eles foram vistos pela última vez na terça-feira, quando
fizeram uma procissão rumo à Capela Sistina e deram início aos
trabalhos.
Neste período, os cardeais ficam hospedados na Casa de Santa Marta,
dentro do Vaticano. Lá, os quartos são sorteados, para que ninguém possa
escolher seu vizinho, e não há telefone ou internet disponíveis.
Em 2005, o cardeal Joseph Ratzinger foi escolhido como papa em três dias de votação.
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