Gisele de Freitas
Repórter
É preocupante o grande número de santarenos que procura dentistas e opta por extrair dentes para não precisar tratá-los. A coordenadora da saúde bucal no município, Maria Madalena Lins, afirma que a cada dez pessoas que procuram dentistas através do Sistema Único de Saúde (SUS), mais de cinco manifestam vontade de extrair dentes, porém os profissionais tentam encaminhar os pacientes para tratamento e evitam realizar extrações. Ainda assim, de janeiro até agosto de 2007, mais de quatro mil santarenos tiveram dentes extraídos. Madalena afirma que os dados deste ano ainda não estão computados, mas seguem a mesma média do ano passado.
Os dados do departamento de saúde bucal informam que 6,73% das pessoas que foram ao dentista tiveram dentes extraídos. No ano de 2000, a cada dez pessoas que iam ao dentista, cinco extraiam dentes. Madalena revela que o número só não se mantém porque os dentistas estão trocando as extrações por outros tratamentos. "Temos orientado os pacientes para que façam tratamentos como o de canal e que não extraiam dentes. As pessoas só vão ao dentista porque sentem dores e chegam pensando em tirar dentes para passar a dor, mas isto não é correto. Temos tentado outras medidas, como aumentar a saúde bucal nas escolas para conscientizar as crianças da importância de cuidar bem de seus dentes e também dispomos de dentistas que fazem atendimentos básicos nos bairros, tentando prevenir problemas bucais para que não cheguem ao ponto de extração ou tratamentos mais complexos" destaca Madalena.
No mesmo período do ano passado, o SUS atendeu mais de 46 mil pessoas em consultas básicas, destas, mais de 25 mil foram encaminhadas para atendimento especializado. A consulta básica realiza obturações, extrações e procedimentos mais simples. Já a especializada trata de gengiva, canal e procedimentos mais complexos. Cerca de cinco mil crianças e cinco mil portadores de necessidades especiais também receberam tratamento especializado. Já a prótese dentária foi implantada em 442 pessoas, sendo que se trata apenas de arcadas superiores ou inferiores inteiras, não de dentes isolados.
O problema não acontece apenas no SUS. De acordo com o dentista Odilon Galvão, da clínica Odontocenter, a questão da extração de dentes é cultural e financeira em Santarém e o número de pedidos é alto. O dentista informou que quando os pacientes sentem dores de dente e o problema precisa de um tratamento de canal para ser resolvido, a maioria deles opta pela extração por ser mais barata e mais rápida, mas o profissional garante que às vezes chega a sair mais caro, pois os dentes extraídos precisam ser repostos e dependendo da prótese pode não ser tão em conta.
O dentista garantiu que algumas vezes se recusa a extrair dentes sãos, sendo que seguidamente acontece do paciente querer extrair os dentes da frente para não tratá-los. O custo de um tratamento de canal varia entre R$ 300 e R$ 350, mas quando se trata de blocos o custo pode ser de R$ 600, o que desencoraja muitos pacientes. "As pessoas pensam que vão resolver os problemas extraindo dentes, mas não vão. Às vezes sai mais caro e complica ainda mais a situação do paciente extrair um dente do que fazer um tratamento adequado" destaca.
Apesar da procura pela extração ser muita, o dentista garante que programas de educação odontológica que acontecem desde as escolas estão mudando aos poucos esta realidade. Para ele é mais fácil ensinar a uma criança a ter hábitos saudáveis do que a um adulto. O profissional garante que as aplicações de flúor nas escolas também têm melhorado a saúde bucal dos pacientes e a presença de dentistas em bairros é um ponto a favor da odontologia.
Os dentistas advertem que para evitar que os dentes sejam extraídos ou mesmo que apresentem problemas não há solução melhor que a velha combinação escova de dente e creme dental, na falta do creme, até mesmo um sabão comum resolve.
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