Miguel Oliveira
Repórter
Nas últimas semanas, a presença de uma espécie de alga, conhecida popularmente como limo, de cor esverdeada, vem afugentando os banhistas que procuram as praias da margem direita do rio Tapajós, em Santarém e Belterra. O limo nada mais é do que a cianobactéria, embora nem todo o limo contenha esse tipo de bactéria.
Os banhistas reclamam que o limo é decorrência da poluição das praias e dos rios, mas o professor Miguel Borghesan, que faz parte do grupo de estudos de águas doces em Santarém e que edita o Jornal das Águas, diz que a presença das cianobactérias pode ser causada por material orgânico em decomposição no fundo dos rios, como troncos de árvores, folhas e peixes. "Há um processo natural de assoreamento das margens do rios e isso pode estar provocando esse desequilíbrio ecológico", explicou Borghesan.
Segundo a professora Rosane Aguiar, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), as cianobactérias são extremamente boas para a vida aquática, elas produzem oxigênio e servem de alimento para peixes, alevinos e moluscos, porém, o aumento da poluição dos rios, através de resíduos que são prejudicais ao meio ambiente está levando estas bactérias a se reproduzirem de forma excessiva.
De acordo com a professora, a presença de fósforo e nitrogênio nas águas contribui para a proliferação destas bactérias. "As cianobactérias não são problemas quando não se encontram em quantidade excessiva, mas quando há muita acaba formando florações que produzem toxinas nocivas para pessoas e até mesmo para os animais aquáticos" destacou.
Quando há toxinas nas florações, o contato com as bactérias pode causar coceiras, irritações na pele e olhos e conjuntivite. No caso de ingestão da água contaminada os efeitos podem ser de problemas estomacais, vômitos, diarréias e até óbito se uma quantidade excessiva for ingerida.
A professora recomenda que as águas que estiverem com presença substâncias esverdeadas não devem usadas por banhistas, apesar de nem todas serem nocivas, em alguns casos, os limos são apenas substâncias derivadas de algas. "O banhista deve evitar por que na hora não há como distinguir onde há floração de cianobactérias e onde não há. Aquela água verde não é aconselhável para banhistas".
Rosane explica que isto não deve ser motivo para afugentar os turistas da região das praias, mas que algum órgão do governo deve se responsabilizar pelo monitoramento das águas periodicamente em todos os balneários da região e informar aos banhistas onde o banho não é aconselhável, como já acontece em alguns estados brasileiros.
No caso dos banhistas, pescadores ou população ribeirinha encontrar resíduos verdes em grande quantidade nas águas devem comunicar imediatamente algum órgão do governo.
(Foto: Grasiella Botelho)
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