Bastidores da consulta popular já começam a desenhar os núcleos das campanhas pró e contra a divisão e prioridade agora é definir quem, afinal, poderá participar dos plebiscitos.
Rita Soares
Do Diário do Pará
O Pará num momento decisivo da sua historia. A aprovação, pela Câmara Federal, dos projetos que determinam realização de plebiscitos sobre a separação das regiões de Carajás e Tapajós para criar dois novos Estados pode alterar para sempre o mapa da região e os destinos dos paraenses.
A data das consultas ainda vai depender da publicação dos decretos. A expectativa é de que, ainda neste ano, os eleitores do estado sejam chamados a dizer se querem continuar fazendo parte de um único Estado ou se desejam a separação. Os próximos meses serão de intensa campanha. Defensores da divisão e os contrários a medida já estão se articulando nos bastidores para começar o debate publico. A questão divide os partidos, a base aliada do governo e tem gerado debates acalorados nas redes sociais.
O projeto de Decreto Legislativo referente ao plebiscito para a criação do Estado do Tapajós ainda terá que ser apreciado novamente no senado por que sofreu mudanças de redação na câmara. No texto inicial, o Tapajós seria formado por 22 municípios. Pela nova redação, serão 27. Foram incluídos também Rurópolis, Senador José Porfírio, Curuá, Terra Santa e Mojuí dos Campos. No senado, o decreto será analisado novamente pela comissão de constituição e Justiça para depois voltar ao plenário.
O deputado Joaquim de Lira Maia (DEM), de Santarém, um dos principais articuladores da tramitação do0 projeto, diz que o processo não deve demorar. “Minha expectativa é a melhor possível. Já falei com os senadores do Pará e eles se mostraram favoráveis ao plebiscito”, diz.
A expectativa dos representantes do movimento separatista é de que a medida será “altamente benéfica para toda a região”. “Vamos diminuir distancias e aumentar os recursos. O debate precisa ser mais racional e menos emocional. Precisamos fazer uma discussão menos apaixonada”. defende.
O Decreto Legislativo para a criação de Carajás está mais adiantado. Como não sofreu mudanças na Câmara, o projeto está pronto para ser publicado. A Justiça Eleitoral tem até seis meses para marcar a votação. Ainda serão definidos detalhes como tempo de TV destinado aos comitês a favor e contra a divisão.
O Deputado Giovanni Queiroz, um dos principais lideres do movimento separatista da região que poderá ser futuro do Carajás, diz acreditar que ate o eleitorado da região remanescente (que continuará sendo o Estado do Pará) poderá se decidir pela separação ao conhecer os benefícios da medida. “O povo de Belém tem consciência da dinâmica diferente de todo o Estado. O Pará ainda será um Estado rico. Terá 80% das indústrias, 70% das empresas de serviços, 80% da malha rodoviária, reservas de cassiterita, caulim e estão bem avançados estudos que buscam reservas de petróleo no litoral”, diz, usando argumentos para contestar que a divisão poderá gerar três Estados ainda mais pobres que o atual Pará.
Queiroz defende que redução das dimensões territoriais será uma das principais vantagens da divisão. “Gestor nenhum, por melhor que seja, vai conseguir fazer um bom governo num território tão grande como esse”.
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