domingo, 28 de agosto de 2011

Poderá ter um fim a selvageria nas ruas?



Lúcio Flávio Pinto

Duas cenas inéditas do trânsito infernal de Belém.

Um motorista que vem pela Alcindo Cacela pára quando fecha o sinal no cruzamento com a Oliveira Belo. Como todo paraense, o motorista que vem pela transversal só engata a marcha quando o sinal já está verde. Demora um pouco para se movimentar. O outro, impaciente, só falta sair pela janela para apressar o motorista que seguirá seu rumo autorizado. Está impaciente para avançar o sinal vermelho. Mal o outro passa, dispara, indiferente ao veto sinalizado.

Uma ambulância aciona a sirene na avenida Nazaré com a Generalíssimo. O sinal está vermelho para ela. Mas com o alarme funcionando, os carros avançam, desrespeitando dois pedestres que estavam atravessando na faixa, sob a proteção do sinal luminoso. Os veículos avançam quase atropelando as pessoas e abalroando os veículos que trafegavam na outra via. E sem abrir passagem para a ambulância.

Quais as novas cenas de violação das regras do trânsito que se há de testemunhar nas ruas de Belém? Na escala atual, as mais absurdas e violentas. Se essa hemorragia de desrespeito não for estancada, a brutalidade se traduzirá pela multiplicação de acidentes e de mortes. Alguma coisa drástica, proporcional à gravidade chocante da situação, precisa ser feita com urgência.

A prefeitura iniciou campanha para combater problema que incomoda, mas tem lesividade muito menor: a poluição visual pela propaganda de rua. Sugiro a constituição de uma força-tarefa para acabar com a conivência com os criminosos ao volante na cidade. Essa força seria integrada pela Ctbel, Detran, Guarda Municipal, Polícia Militar, polícia civil e representantes do poder judiciário (juizado especial de crimes de trânsito) e Ministério Público.

Não precisa chegar ao radicalismo do governador da Lituânia, que embarcou num veículo militar blindado e passou em cima de uma luxuosa Mercedes estacionada na faixa reservada às bicicletas. Mas essa força-tarefa, com guinchos e tudo mais, iria multando os motoristas e recolhendo os veículos infratores que encontrasse, sob a supervisão da justiça e do MP. Para isso, criando novos espaços para depósito, já que o atual, apenas no Detran, está lotado. E sem desvios para impedir o pagamento das multas.

Os alvos seriam decididos momentos antes de iniciar a operação, dentre perímetros selecionados previamente. A blitz se direcionaria para os locais de maior desrespeito ou de tráfego mais intenso. As penalidades seriam aplicadas sem condescendência e, conforme o caso, autuados e presos os recalcitrantes, enquadrados em qualquer uma das normas do trânsito.

Tudo com rigor e severidade, embora sem violência. E sem meia-volta depois, quando certamente começará a sessão do “sabe com quem está falando?”. Atas redigidas imediatamente e até ações instauradas impedirão essa fuga, muito comum atualmente. E talvez se possa pôr fim à selvageria imperante nas ruas de Belém.
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Nota do editor: A análise de LFP também se aplica ao trânsito de Santarém.

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