sábado, 24 de maio de 2008

Puta é o caralho!

João Wainer

O nome verdadeiro é Maria Aparecida da Silva, mas na Central do Brasil é conhecida por Márcia. Aos 42, trabalha como faxineira de manhã em uma firma e prostituta a tarde, em frente a estação de trem mais movimentada do Rio de Janeiro.
Era gostosa, mas depois de tantos anos trabalhando como puta já não é mais. Assim mesmo ainda tem seus clientes fiéis, que não dispensam uma foda “completa” por R$35,00 depois de um dia de trabalho pesado. Como não é mais jovem, quem chegar com R$ 15,00 leva. São pedreiros, pintores, taxistas, eletricistas, porteiros. Usam o corpo de Márcia pra aliviar as tensões do cotidiano embaçado que gente pobre tem.
Cida mora em Itaguaí, zona norte do Rio, a 70 km do seu local de trabalho. De busão são quase duas horas. A casa é simples, quarto e sala sem acabamento, tijolo baiano a vista, chão de terra e cimento, móveis improvisados, cortinas ao invés de portas e um retrato de Jesus na parede. Um pedaço de bombril na antena ajuda a diminuir o chiado do capitulo de Malhação que as crianças assistem na televisão pequena sobre o armário.
Como toda casa pobre, falta tudo mas sobra dignidade. Café, bolacha de maizena e Dolly sobre a mesa pra receber os convidados. Mora ali com seus filhos, André, 18, Camila, 22, seus netos Wesley,5, Ketheleen,3, a mãe alcoólatra Idalina e a filha adotiva deficiente mental Verinha. Cida sustenta a casa sozinha.
Não fosse o dinheiro dos programas, provavelmente o filho estaria no crime, a filha na prostituição, a mãe alcoólatra pela rua gritando absurdos abraçada a uma garrafa de pinga e só Deus sabe onde estariam os netos e a filha adotiva deficiente mental.
Puta é o caralho, Cida é uma guerreira. Foi para o sacrifício e manteve na unha vermelha a família unida. Foi capaz de perder sua dignidade pra preservar a dos seus. Quem seria capaz disso? Você seria?
Ao conhecer essa mulher, tive a certeza absoluta de que as mulheres são superiores aos homens. Pensei nos defensores da moral e bons costumes dos programas vespertinos de TV, nos hipócritas que bradam absurdos nos palanques, no horário eleitoral gratuito, no Datena, no Faustão, nas rádios populares. Sinto o gosto de vômito na garganta.
Quem é mais puta? Quem é mais desonesto? Quem é o verdadeiro filho da puta?
Com olhar forte e digno, Cida tem a cabeça erguida e a hombridade de quem sabe que cumpre o seu dever com rara honestidade.
Quem hoje em dia pode dormir tranqüilo assim?

Baixo nível

Uma das palavras de ordem da passeata dos professores em greve, ontem, em Santarém:
Ana Júlia Jatobá, pior governadora não há.

Cidade da gente doente

Uma criança faleceu hoje no hospital municipal de Santarém sob suspeita de ter contraído calazar.

Afinal, que Igreja é essa?

Antenor Giovannini

Sr Editor,

O Dr. Bellini logo abaixo escreve um artigo onde ele relembra coisas antigas e que para os mais velhos trazem saudades e boas lembranças.Entre todas essas coisas que ele cita eu posso incluir a religião católica da qual sou seguidor com seus principios, seus trabalhos.
A memória me leva aos corredores da clausura do Colégio São Bento em São Paulo, que como oblato (um dos estágios para se tornar monge beneditino) me fascinava pelos cantos gregorianos que ecoavam por todo Mosteiro e, principalmente pelos ensinamentos calcados na filosofia e fé beneditina.
A vocação se foi, os caminhos percorridos foram outros mas sempre embasados nesses ensinamentos, nessa postura de fé e entendendo que a igreja antes de tudo é evangelizadora.
O mundo mudou e os rumos da Igreja Católica tambem.
Se em determinados atos permaneceu nesse passado sem considerar a evolução dos tempos e a extrema necessidade de compartilhar essa evolução, por outro lado, se tornou, uma aliada a movimentos pouco ortodoxos, liderados muitas vezes por pessoas despreparadas e ávidas de poder e vingança e que chega ao cúmulo de compartilhar e endossar ações de guerrilha onde até mesmo tentativa de assassinato é considerada como ato de auto-defesa, como se isso fosse seu papel em prol seja lá que povo for: carentes, indigenas, excluidos etc ..
Matheus nos mostra em suas cartas "Ide e ensinai as Nações em nome do Pai, do Filho, do Espirito Santo" disse Jesus ao seus apóstolos e principais seguidores. Essas palavras percorreram o mundo, percorreram séculos, percorreram situações. Nos dias de hoje talvez dentro dessa Igreja moderna e foco nesses povos, essas palavras não soem com a mesma intensidade e a mesma abrangência, as palavras sejam outras, talvez palavras de ordem, palavras de ataques, palavras que inflam sentimentos de guerra e que possam desafiar os que contariem suas idéias... talvez seja essa a Igreja moderna.
Interessante nessa reflexão que a irmã Dorothy estupida e brutalmente assassinada tinha uma Biblia em suas mãos ao ser atacada por seus algozes, e ela mesmo dizia que essa era sua arma ... com justiça o mundo se indignou, o mundo protestou, os responsáveis pela Igreja Catolica se indignaram, e hoje passados poucos anos, vemos responsáveis por essa mesma Igreja, pessoas que condenaram aquele ato, endossarem um ataque feito nas mesmas proporções que o feito à irmã Dorothy, com diferença que não houve consequencias de morte.
Afinal, que Igreja é essa?
Quando seus membros sofrem ataques ou ameaças (o que é descabido e sem proposito) há uma indignação popular e agora quando são parte de uma incitação explicita e usando do mesmo modo violento e covarde de agressão, se defendem sob a otica que os indios tem direito de se defender??
Desculpem minha ignorância religiosa moderna. Naquela época de oblato recebia o terço, o livro de Salmos, e o Evangelho para entender a palavra de Deus e sua profundidade.. hoje parece que tenho que ter foice, terçado e a bandeira de algum movimento para mostrar a força da palavra de Deus .. sinais dos tempos ..

Santarém receberá formação em PDE-Escola

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em parceria coma Secretaria de Educação do Pará, realizará durante a próxima semana, emSantarém, formação em Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola). Aformação irá de 26 a 30 de maio e terá 74 beneficiados, entre técnicosda secretaria municipal de educação e gestores das escolas deatendimento prioritário estipuladas pelo Ministério da Educação (MEC) noPlano de Desenvolvimento da Educação (PDE).

Eletronorte ficará mesmo em Brasília

Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal e articulista de O Estado do Tapajós

Ainda existe opinião pública no Pará? É a dúvida que surge quando uma informação relevante é lançada ao vento sem provocar qualquer eco. Foi o caso da notícia publicada na edição passada, anunciando que a Eletronorte iria comprar, por 60 milhões de reais, um prédio para torná-lo sua sede definitiva em Brasília. Significava dizer que a empresa jamais irá se instalar na sede da sua antiga jurisdição, ou, especificamente, no Pará, o Estado da Amazônia no qual extrai 80% da energia que comercializa.
A sociedade paraense permaneceu indiferente ao fato, o que facilitou mais duas providências no sentido de consumá-lo. O conselho de administração da estatal, em reunião realizada no último dia 14, autorizou a diretoria a abrir a licitação para a aquisição da sede. E o novo presidente da Eletronorte, Jorge Palmeira, apesar de paraense, indicado para o cargo por outro paraense, o deputado federal Jader Barbalho, referendou a decisão anterior, do igualmente paraense Carlos Nascimento, para que a empresa não saia da ilharga do poder, na capital federal. Nos Estados que constituem a sua área de atuação, vai apenas instalar representações, certamente para poder se comunicar com os nativos, na típica relação colonial metropolitana, o traço marcante no perfil autoritário da empresa.
Timidamente provocado pelo jornal O Liberal a se manifestar, a novel autoridade saiu-se com este raciocínio, que faria Cecil Rhodes babar de inveja:
“Por que transferir para Belém e não transferir para Manaus? Então, não só o Estado do Pará, mas outros Estados também reivindicariam. Essa, digamos, é a primeira dificuldade. A segunda é de ordem técnica. Em Brasília, fica o pessoal mais especializado, o pessoal que elabora estudos, projetos, o pessoal normativo. Outra questão é como levar esse pessoal – que é extremamente especializado – de Brasília, sem perder mão-de-obra na transferência, seja para que lugar for. E outra questão é de aspecto logístico. Quando a gente começa a fazer conta, verifica que, para sair de Brasília e chegar a Porto Velho, eu chego direto. Mas para sair de Belém e chegar a Porto Velho, eu tenho que obrigatoriamente passar por Brasília. todos os estudos feitos até hoje concluíram pela manutenção da sede em Brasília”.
Inacreditável. Um esforço menos sofismático de raciocínio daria ao novo presidente, homem de longa e discreta carreira na empresa, as devidas respostas. O Pará merece muito mais ser a sede da Eletronorte do que Recife, por exemplo, que é a sede da Chesf, ou o Rio de Janeiro, de Furnas. Que argumentos Manaus ou Porto Velho poderiam apresentar contra as credenciais de Belém, capital do Estado que tem a maior hidrelétrica inteiramente nacional do Brasil, responsável por 9% da energia que circula em todo país?
A restrição técnica é uma ofensa à universidade na qual Palmeira se formou engenheiro e a todos os integrantes do mundo acadêmico e intelectual do Pará. Suponho que ele se sinta na Londres de um século atrás se dirigindo aos súditos asiáticos (e a Índia, em alguns setores, já superou a metrópole, como aconteceu conosco em relação a Portugal). Não passou pela cabeça do presidente que a vinda da Eletronorte pode ampliar e acelerar os efeitos positivos dessa iniciativa, de alguns dos quais a própria empresa já participa, através da Universidade Federal do Pará?
Finalmente: se é mais caro ou custoso triangular entre as cidades da Amazônia e a imperial Brasília, que sejam cancelados os constantes périplos do pessoal da empresa ao planalto central. Seu reduto principal de atuação é a Amazônia, se é preciso lembrá-lo do detalhe, assaz importante. O que não vale para a Eletrosul, na remota Porto Alegre, vale para a escondida Belém do Pará.
Mesmo não havendo mais áreas reservadas a uma única empresa, como antes, o fato de ter permanecido em Brasília, ao lado dos tecnoburocratas que mandam, não deu à Eletronorte nenhuma vantagem nas licitações em andamento para o aproveitamento hidrelétrico do rio Madeira. Sua participação nesse capítulo tão importante da energia na Amazônia tem sido decorativa. E nada garante que ela vá para a linha de frente no caso de Belo Monte, se o projeto para o rio Xingu continuar. Todas as regiões foram abertas à competição, sem reserva de mercado, num sentido inverso ao da posição da Eletronorte, que permaneceu soberana e estática em Brasília, achando que assim se torna mais competitiva. Mera ilusão?
Quanto ao Pará. Ora, o Pará. O Estado parou no tempo. Virou abstração. Ou, quando materializado, assume aquela forma invertebrada dos seres parasitários. Sem liderança à altura, que dê consistência à sua coluna vertebral, o Pará virou butim de guerra. De pirataria, melhor dizendo. Ainda mais exposto à pilhagem pela omissão ou a traição dos que o deveriam defender: seus filhos.

Xerifes

No Repórter Diário:

Os juízes eleitorais de primeiro grau estão investidos, desde ontem, de poder de polícia temporário para atuar nas eleições municipais deste ano. Em ato do corregedor regional eleitoral, desembargador João Maroja, o TRE disciplinou regras relacionadas ao poder de polícia na campanha e no pleito, estendendo a medida a juízes que vierem a ser, na capital e interior, nomeados para presidir zonas eleitorais. Os autos de desvios legais na propaganda e nos dias de eleição serão encaminhados ao Ministério Público.

Eia/Rima da Cargil em discussão

A multinacional Cargill pediu pauta da reunião da AssociaçãoCOmercial e Empresariald e Santarém(ACES) marcada para o dia 27 deste mês para apresentar os estudos preliminares de elaboração do Eia/Rima do terminal graneleiro da Vera Paz.

Aeroporto opera com pista parcialmente interditada

Cerca de 800 metros da pista do aeroporto maestro Wilson Fonseca estão recebendo reparos da Infraero.
Por causa disso, os pilotos de boeing têm que redorbrar a atenção para pouso, já que restam apenas 1.600 metros de pista em condições de uso.
Por causa da nova aproximação das aeronaves o tempo de pouso aumentou em cerca de 5 minutos.

Bispo do Xingu defende compra de facões para os índios no Pará

No encerramento do encontro, às margens do rio Xingu, em Altamira, mais uma vez os índios protestaram contra o projeto da usina de Belo Monte. O bispo do Xingu e presidente do Conselho Indigenista Missionário, dom Erwin Krautler, defendeu José Cleanton Ribeiro, coordenador da entidade na região.
Ribeiro é o homem que aparece, em imagens gravadas pelo circuito interno de TV de uma loja, comprando facões ao lado de um índio. “Se alguém pede para que se compre um facão porque não comprar? O facão não é uma arma. Se depois acontece algumas coisa, não é culpa daquele que comprou o facão. Estão abusando e aproveitando de um incidente lamentável, para dizer que nós estamos armando o povo. Isso não é nada verdade”, disse o bispo Krautler. Na última terça-feira (20), os índios usaram facões para ferir o braço do engenheiro da Eletrobrás, Paulo Fernando Rezende, que apresentava o projeto para a construção da hidrelétrica de Belo Monte. O bispo Dom Erwin Krautler lamentou a agressão, mas questionou a postura do engenheiro durante o encontro. “Os índios não queriam matar esse homem. Por outro lado tenho que dizer que o homem não usou de pedagogia para com os povos indígenas. Ele não entendeu a alma kaiapó, senão não teria acontecido nunca um incidente como este”. Na loja, em Altamira, o vendedor confirmou a venda de facões. “Eles chegaram atrás de facões. Eles compraram três facões e um ciceiro, que a gente chama aqui de chocalho, que é mais conhecido”, disse o vendedor Ailson Lacerda.

Apoio financeiro

O dinheiro para a compra veio do movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira. “É um recurso solidário, as pessoas estão nos apoiando e a gente passou com a maior tranqüilidade. Passei e repasso de novo”, diz a coordenadora do Movimento das Mulheres Trabalhadoras de Altamira, Antônia Pereira Martins. Em nota publicada na internet, o Conselho Indigenista Missionário, disse que a compra de três facões foi baseada no respeito à cultura e a identidade dos índios. A justiça federal também divulgou nota e informou que recebeu um abaixo-assinado com 300 assinaturas dos índios do Xingu. No documento, o recado: "ainda haverá conflito entre o empreendedor e os povos indígenas, caso os senhores não parem com essas obras". O coordenador do conselho na região, José Cleanton Ribeiro, e a representante do Movimento das Mulheres Trabalhadoras de Altamira, Antônia Pereira Martins, prestaram depoimento na Polícia Federal na condição de testemunhas. Os dois disseram que não incitaram os índios a violência. Ribeiro disse que comprou os facões a pedido de um cacique kaiapó para rituais indígenas. Segundo o delegado responsável pelo caso, neste momento não é possível associar a compra dos facões a agressão ao funcionário da Eletrobrás. A Eletrobrás só vai comentar a agressão em Altamira quando o engenheiro Rezende voltar ao trabalho, na segunda-feira (26). E não vai se pronunciar sobre as declarações do Conselho Indigenista Missionário.
(Fonte: G1)

Saudade da tv em preto e branco

Bellini Tavares de Lima Neto

É interessante observar como algumas coisas que para os mais velhos são absolutamente familiares, para as novas gerações soam como grego antigo. Eu sou do tempo da televisão em preto e branco. Na conquista do tricampeonato de futebol no México torcemos em preto e branco. Só em 1974, na Alemanha, começou a aparecer a cor. Infelizmente, o brilho foi embora. De qualquer jeito, coisas que me são corriqueiras parecem incompreensíveis para os jovens. Abotoaduras, camisa de punho duplo, o Karman-Ghia e a televisão em preto e branco são alguns exemplos de coisas que, mencionadas numa roda de jovens, despertam aquelas caras de pontos de interrogação. “Como é, tio?”. Quando me casei, um dos meus padrinhos nos deu um aparelho de televisão portátil. Era todo de plástico, colorido por fora e sem cores por dentro. Foi a nossa TV por um bom tempo. Com o tempo, acabou sendo aposentada, cedendo lugar aos equipamentos modernos. Certa vez, minha filha mais velha, movida pela curiosidade, ligou aquilo. Viu aparecer as imagens e, imediatamente, me chamou: “Pai, como é que coloca a cor”? Eu, que ainda não havia constatado que fazia parte da idade da pedra, respondi com naturalidade que não tinha cor, que era uma TV em preto e branco. Imprudência minha. Ela jamais conseguiu entender a resposta. Embora ela tenha, hoje, uma aparência rigorosamente normal, desconfio que aquilo deva ter causado algum trauma e marcado a sua formação, Devo uma terapia a ela.
Agora que tenho mais tempo (não sou mais diretor jurídico de empresa alguma) posso me dar ao luxo de acompanhar o rádio e suas noticias em tempo real. Nesta semana ouvi trechos do depoimento prestado pelo Sr. José Aparecido Nunes Pires a respeito da incrível história da maçaroca de informações a que alguns chamam de “dossiê”, outros de “banco de dados” e outros não chamam porque dizem que não existe. O homem, como a imprensa tem noticiado largamente, ocupava o cargo de Secretário de Controle Interno da Casa Civil. Pela manhã já havia escutado o depoimento do Sr. André Fernandes, assessor do Senador Álvaro Dias. Tudo isso, como também já está na boca do povo, se trata da CPI dos Cartões Corporativos, instalada porque descobriram (ah, meus Deus, que escândalo!!!) que houve gente do governo (esse da nova ética na política e do “nunca antes neste país”) que andou se confundindo com os cartões e usando um quando deveria usar outro. A tal CPI é presidida pela Senadora Marisa Serrano e o relator é o Deputado Luiz Sergio.
Esse é o elenco ou pelos menos o primeiro time, a linha de frente, a constelação de astros de primeira grandeza que abrilhantam o espetáculo em cartaz no momento. Não tem sido o sucesso de bilheteria e público que foram alguns anteriores, mas vai se segurando na mídia. Mais ou menos como os anteriores, o enredo é cheio de mistérios, intrigas, suspenses. O homem da parte da tarde contou uma história completamente diferente da do homem da parte da manhã. A tarde foi temperada com umas pitadas de turbação psicológica, com o homem dizendo que havia mandado um e-mail ao outro, mas tudo havia acontecido quando ele havia sido acometido por uma perturbação dos sentidos. Aí chegou a vez da grande revelação do espetáculo, o Sr. Luiz Sergio. Eis que, demonstrando perspicácia, argúcia, contundência, sagacidade, acuidade ou seja lá o que se queira, o Sr. Sergio identificou um detalhe da mais alta relevância exatamente na troca de e-mails entre os dois inquiridos do dia, E, então, sem qualquer condescendência, complacência ou comiseração, alfinetou o Sr. Aparecido: “Observei que todos os e-mails trocados entre os senhores sempre terminam da mesma maneira: com as letras sds. Isso não lhe parece uma espécie de sigla ou mensagem cifrada? O senhor poderia explicar o significado? E o inquirido, então, respondeu: “Que eu saiba, quer dizer “saudações”, deputado”.
No tempo da TV em preto e branco havia uma série muito engraçada que tinha como personagem principal um detetive trapalhão chamado Maxwell Smart, o Agente 86. A sagacidade do ilustre relator da interessantíssima CPI só pode ter sido inspirada naquele destemido defensor do mundo livre. E foi aí que me deu uma saudade danada dos tempos da televisão sem cores. Não só por causa do Agente 86, mas, também porque, com a TV em preto e branco, não haveria o risco de aparecer na tela a cara vermelha de alguém com vergonha. Mas, sabem, mais tarde eu vi um pouco daquilo pela televisão moderna e colorida e não tinha ninguém de cara vermelha por lá, não. Ainda bem. Essa história de saudade não é boa, não, Atrasa a vida da gente. E eu ando achando que essa tal vergonha na cara é meio parecida com abotoadura, camisa de punho duplo, Karman-Ghia. “Como é que é, tio?

22 de maio de 2008