segunda-feira, 29 de março de 2010

Santarém: Porto e aeroporto incluídos no PAC 2


A prefeita Maria do Carmo informou hoje que Santarém ganhará dois investimentos prioritários do governo federal: um novo Aeroporto e a ampliação do Porto da CDP.

Maria do Carmo informou ainda que o PAC 2 contemplará a construção/ampliação de 11 aeroportos no Brasil, com investimentos de aproximadamente R$ 3 bilhões. Destes, dois serão na região Norte: em Manaus e em Santarém.

“A partir de agora, teremos 60 dias para apresentar ao governo federal obras de interesse local dentro da cidade. Vamos apresentar um projeto de saneamento para o centro da cidade, orçado em cerca de R$ 50 milhões, para acabarmos com o lançamento de esgoto no rio Tapajós”, explicou Maria.
(Fonte: Ass. Imprensa da PMS)

Santarém ficará sem energia elétrica por 1 hora

A Celpa informa:

A pedido da Eletronorte, para manutenção em caráter emergencial, em sua subestação, a Linha Rurópolis Tapajós, da Celpa, sofrerá interrupção, desligando consumidores de Santarém, nesta segunda-feira, 29. O desligamento deve durar aproximadamente UMA HORA, com previsão para começar às12h.
Os bairros que serão afetados: Santana, São Jose Operário, Livramento, Santo André , Urumari, Jutai, Maica, Perola do Maica, Vigia, Jaderlândia, Uruará, Mararu e Urumanduba, toda Rodovia PA 370, Área Verde, Diamantino, Interventoria, Aeroporto, Santísssimo(parcial), Prainha, Santa Clara (parcial) , Fátima (parcial), Liberdade (parcial ) , Mapiri, Salé, Lagunhio (parcial), Belterrra, Rodovia BR 163 (da Subestação Tapajós, até KM 92) Esperança, Jardim Santarém, Rodagem, Caranazal (parcial) , Avenida Santarém Cuiaba (lado esquerdo, do viaduto até Subestação Tapajós).

Santarém, na crônica do mestre Armando Nogueira

A alma paraense
Armando Nogueira

O Paysandu está pegando um Ita no Norte e desembarca com toda corda no Campeonato Brasileiro. É tricampeão dentro de casa, é campeão do Norte e acaba de ser pra sempre consagrado na Copa dos Campeões. Pra mim, que também sou daquelas bandas, o Paysandu é bem mais que um bom time de futebol. Se o Flamengo é um estado d’alma, o Paysandu é a própria alma paraense. É pimenta de cheiro, é o Círio de Nazaré, é tacacá com tucupi, é Eneida de Morais, tia de Fafá, mãe de Otávio, campeão botafoguense. É palmito de bacaba, é Billy Blanco, é açaí, é Jayme Ovalle, inventor do Azulão, tom profundo do azul-celeste, campeão dos campeões. E sempre será também Fafá de Belém, Leila Pinheiro, Jane Duboc, canto e contracanto ao violão de Sebastião Tapajós, fluente como o rio que lhe dá o sobrenome.

O Paysandu é feijão de Santarém, é farinha de mandioca, é jambu, é manga espada, é maniçoba que Raimundo Nogueira servia, declamando Manuel Bandeira:

“Belém do Pará, onde as avenidas se chamam Estradas. / Terra da castanha / Terra da borracha / Terra de biribá bacuri sapoti / Nortista gostosa / Eu te quero bem. / Nunca mais me esquecerei Das velas encarnadas, Verdes, Azuis, da Doca de Ver-o-Peso / Nunca mais / E foi pra me consolar mais tarde / Que inventei esta cantiga: Bembelelém, Viva Belém! Nortista Gostosa / Eu te quero bem.”

Paysandu, permita-me parafrasear Caymmi, cantando teu troféu de imensa glória: Agora, que vens para cá/ Um conselho que mãe sempre dá/ Meu filho, jogue direito que é pra Deus te ajudar.

Crônica publicada em 07 de agosto de 2002.

Corante de açaí em cirurgias oculares

Do Blog do Nilson Pinto

Mais uma vez o grande laboratório amazônico fornece contribuições para o avanço científico. Desta vez é o nosso açaí, que poderá baratear os custos de cirurgias oculares. A antocianina, substância encontrada no fruto, está sendo testada por pesquisadores do departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) nesse tipo de procedimento médico. Os testes incluem a aplicação do corante de açaí na parte interna dos olhos do paciente para facilitar a visualização de tecidos transparentes nas cirurgias destinadas à remoção de membranas na retina ou deslocamento do vítreo.

Os custos atuais – entre R$ 200 e R$ 500 - podem ser reduzidos em até 50 vezes. Além disso, o corante natural tem menos toxicidade, já que as substâncias atualmente usadas nas cirurgias que usam corantes são a indocianina verde e azul-verde, mas que têm risco mais alto: se forem aplicadas em altas doses podem causar atrofia de uma das camadas da retina.

O coordenador do estudo, Maurício Maia, é professor do departamento de Oftalmologia da Unifesp. Ele informa que os testes com a substância estão na etapa final, já que o pedido de patente do corante natural foi oficializado e deverá estar concluído no mês que vem.

As pesquisas na Unifesp começaram no ano 2000 e incluíram diversas substâncias da flora brasileira. Três plantas tiveram resultados positivos, mas a antocianina – testada há pouco mais de um ano – se saiu melhor: além de colorir a membrana com um tom avermelhado, é menos tóxica para o olho humano, já que os pesquisadores fizeram ajustes para o neutralizar o Ph.

O estudo foi apresentado na semana passada no congresso mundial Vail Vitrectomy, que ocorreu no Colorado, Estados Unidos. Além de Maurício Maia, o grupo de 10 pesquisadores da Unifesp é formado por Jane Chen, André Maia, Cristiane Peris, Michel Eid Farah, Octaviano Magalhaes Jr., Acacio Lima, Eduardo Buchelle Rodrigues, Eber Ferreira, Fernando Penha e Rubes Belfort Jr.

Clique aqui para visitar a página do Departamento de Oftalmologia da Unifesp

Veja aqui uma reportagem da TV Gazeta sobre o corante natural

Armando Nogueira, +1927-2010

A imprensa esportiva brasileira perdeu nesta segunda-feira um de seus melhores textos. Aos 83 anos, morreu no Rio de Janeiro o jornalista Armando Nogueira, que lutava desde 2007 contra um câncer no cérebro. O falecimento ocorreu por volta das 7h, no apartamento do cronista, na Lagoa, Zona Sul da capital fluminense. Nascido na cidade de Xapuri (AC) em 14 de janeiro de 1927, Armando mudou-se para o Rio aos 17 anos e de lá não saiu mais.

Botafoguense assumido, começou a trabalhar na imprensa esportiva em 1950, ano da Copa do Mundo realizada no Brasil, na seção de Esportes do Diário Carioca. Na época, o jornal reunia grandes nomes da imprensa carioca como Otto Lara Resende, Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, entre outros.

Além do Diário Carioca, Armando Nogueira colaborou com o Diário da Noite, teve passagens pelas revistas Manchete e O Cruzeiro e, em 1959, ingressou no Jornal do Brasil. Em 1966, começou a trabalhar na Rede Globo, onde ficou por 25 anos, e foi um dos pioneiros do telejornalismo da emissora e responsável pela criação dos programas Globo Repórter e Jornal Nacional – dois dos principais telejornais da Globo até hoje.

Armando Nogueira esteve presente nas coberturas de todas as Copas do Mundo de futebol desde 1954 e de todas as Olimpíadas desde 1980. Até recentemente, antes de ter a saúde debilitada por conta do câncer, assinava uma coluna reproduzida em 62 jornais do país. O cronista escreveu dez livros ao longo da carreira, todos sobre esporte.

Em homenagem a Armando, o time do Botafogo entrará em campo hoje à noite contra o Boavista, pelo Campeonato Carioca, usando uma tarja preta no uniforme, simbolizando o luto pela morte do jornalista. (Da ESPN)

Lei da ação e reação no PMDB

Muita gente se assustou com a troca de salamaleques registrada em Salinas, entre a governadora Ana Júlia(PT) e o deputado federal Wladimir Costa(PMDB), em época em que os dois partidos vivem às turras aqui no Pará.

O gesto de Wlad foi uma resposta a um fato acontecido a quilômetros da zona do salgado, mas que mexeu com os brios do doublê de cantor e parlamentar.

Em Monte Alegre, na região oeste do estado, os cabos eleitorais de Wlad foram cooptados por nada menos que colega Elcione Barbalho, via deputada Josefina do Carmo.

O afago político de Wlad em direção a Ana Júlia foi o troco dado no PMDB por conta da invasão de sua horta eleitoral.

E assim Wlad vai agindo se continuar sendo sabotado internamente...

Belo Monte: Obra nem começou, mas já atrai migrantes e investimento para Altamira

Do G-1

Ainda não se sabe quem vai construir a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (Pará), mas a cidade de Altamira, que será a sede administrativa da obra, já começa a receber pessoas em busca de trabalho e investimentos de empresários locais. O leilão que definirá os construtores da obra está marcado para o próximo dia 20.

Segundo dados do Sistema Nacional de Emprego (Sine) - que funciona como uma agência pública de emprego -, as 8.266 pessoas que se cadastraram em Altamira de janeiro a 25 de março deste ano já equivalem a quase o dobro das 4.218 de todo o ano passado.

"Está bem claro que estão chegando pessoas vindas de fora, temos casos do Maranhão, do Rio de Janeiro, do Amapá, de Rondônia. Gente que já trabalhou em fábricas, em montagem de estrutura metálica. Percebemos claramente quem é daqui e quem vem de fora. Muita gente vem aqui e diz: 'Eu vim entregar meu currículo para trabalhar na barragem", conta a diretora do Sine em Altamira, Elcirene Silva de Souza.

Elcirene, que dirige o Sine em Altamira, destaca, no entanto, que a oferta de vagas não aumentou na mesma proporção da procura.

"Atendemos não só gente de outros estados, mas de Belém e outras cidades do Pará. Mas também é preciso verificar que isso tem um lado negativo. No ano passado, atendemos mais de 4 mil pessoas e só colocamos no mercado de trabalho 2 mil. Acredito que se não houver uma grande oferta de vagas, vamos ter problemas sociais maiores do que os benefícios da barragem."

Durante visita do G1 ao Sine de Altamira, a reportagem encontrou Welerson Aires, de 25 anos, que havia chegado de Vespasiano, Minas Gerais, duas semanas antes, atraído por Belo Monte. "No ano passado passei o carnaval aqui e alguns amigos me convidaram para morar na cidade. Agora, achei que era um bom momento para vir", contou.

Aires cursou um ano da faculdade de administração, mas parou o curso. Ele não pretender trabalhar na construção, mas avalia que o empreendimento vai trazer oportunidades para fornecedores. "Não tenho profissão certa, mas gostaria de encontrar algo na área administrativa."

Ampliar Foto Foto: Mariana Oliveira / G1
Foto: Mariana Oliveira / G1 Welerson, de Minas, chegou a Altamira há duas semanas (Foto: Mariana Oliveira / G1)

Jamil Massaru, que também se cadastrou no Sine de Altamira, tem um currículo de destaque, segundo a própria diretora da agência: trabalhou em uma empresa de máquinas no Japão nos últimos anos. Voltou ao Brasil há menos de seis meses e nesta semana resolveu se inscrever na agência.


"Voltei do Japão porque as coisas não estavam boas lá. Meu pai tem uma fazenda em Medicilândia (perto de Altamira), mas eu nem tinha pensado em procurar emprego por aqui. Quando soube da barragem resolvi me candidatar. Pode ser que alguma empresa japonesa atue na obra e queira alguém com experiência."

De acordo com o Sine de Altamira, a maioria dos currículos de pessoas de outros estados que chegou neste ano é de homens solteiros e com boa qualificação.

Investimentos

De olho no fluxo migratório para Altamira, empresários locais também já estão investindo na abertura de novos negócios e na expansão dos estabelecimentos.

O empresário Jorge Gonçalves, que também preside a associação comercial local, é dono de uma farmácia. No começo do ano, ele se mudou para um imóvel maior, com novas instalações, e ampliou seu quadro de funcionários de 12 para 16. "Ampliei para atender um maior número de pessoas com mais qualidade, de acordo com a necessidade que devemos ter em curto prazo", conta.

Ampliar Foto
Foto: Mariana Oliveira / G1 O empresário Jorge Gonçalves ampliou farmácia e está construindo apartamentos para alugar na parte de cima (Foto: Mariana Oliveira / G1)

Além de investir na farmácia, Jorge também está construindo cinco apartamentos na parte de cima da farmácia. São imóveis de apenas um quarto para atender possíveis funcionários ou fornecedores da obra. "Quero alugar tanto para escritório quanto para residência. A entrega será até o final de maio, que é quando a cidade já deve estar mais movimentada por causa da obra."

O empresário Daniel Nogueira, que até o ano passado trabalhava com distribuição de gás de cozinha, se juntou com o irmão Antoniel para concretizar os planos de construir um hotel.

"Já tínhamos plano de construir, mas a proximidade da barragem foi responsável pela decisão de investir", diz Daniel, que inaugurou o Amazon Xingu no fim do ano passado.

Foto: Mariana Oliveira / G1 Daniel e Antoniel Nogueira abriram hotel em Altamira, o Amazon Xingu (Foto: Mariana Oliveira / G1)

Daniel Nogueira considera que a hidrelétrica é um incentivo para o empresariado local. "Os empresários estavam desanimados. A discussão em torno da obra já é antiga, mas desta vez as pessoas creem que vai dar certo", diz.

Segundo o proprietário do hotel, o imóvel tem área para expansão, se necessário. "Já investimos alto agora, mas temos área para expandir se for preciso, Mas agora é preciso ter cautela, esperar como as coisas vão ficar", afirma Daniel, que diz se preocupar com o aumento da violência e com a falta de políticas públicas na região com o aumento populacional.

Migração

A secretária de Assistência Social de Altamira, Socorro do Carmo, afirma que algumas famílias já estão chegando à cidade e pedindo o auxílio da prefeitura.

"Até agora, o fluxo maior é de pessoas com recursos. Mas nossa expectativa é de que venham muitas famílias sem casa, sem nada. E não temos condições de receber essas pessoas agora. O objetivo é que a empresa vencedora do leilão se responsabilize", diz.

Para o procurador do Ministério Público Federal no Pará, Ubiratan Cazetta, nenhum dos municípios que abrigarão a hidrelétrica tem capacidade de atender, com políticas públicas, as pessoas que chegam. Ele afirma que isso é motivo de preocupação e que o tema será acompanhado pelos procuradores.

"O licenciamento [da hidrelétrica] fala em política pública para atender as cidades afetadas, mas não delimita de quem é a responsabilidade. A simples divulgação da licença já atrai público. O Ministério do Trabalho disse que não era dono da obra. Em tese o vencedor do leilão será o responsável. O fato é que o problema já está instalado."

Foto: Mariana Oliveira / G1Pedreiro trabalha em construção de apartamentos no centro de Altamira (Foto: Mariana Oliveira / G1)

De acordo com o governo federal, a empresa vencedora do leilão da hidrelétrica, marcado para o dia 20 de abril, vai ter arcar com os impactos sociais da obra nas cidades afetadas. O valor previsto em contrapartidas é de R$ 3 bilhões.

Obra

Além de Altamira, a hidrelétrica ocupará parte da área de outros quatro municípios: Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. Altamira é a mais desenvolvida e tem a maior população dentre essas cidades, com 98 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os demais municípios têm entre 10 mil e 20 mil habitantes.

A região discute há mais de 30 anos a instalação da hidrelétrica no Rio Xingu, mas teve a certeza de que o início da obra se aproximava após a concessão em fevereiro, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), da licença para início da construção. Há duas semanas, o governo marcou a data para o leilão.

Belo Monte será a segunda maior usina do Brasil, atrás apenas de Itaipu, e custará pelo menos R$ 19 bilhões, segundo o governo federal. Trata-se da segunda maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais bandeiras do governo Lula.

Eleição sem povo

Lúcio Flávio Pinto

Editor do Jornal Pessoal

A boataria segue desenfreada sobre as articulações para as próximas eleições. Há de tudo no cardápio. Menos o atendimento dos verdadeiros interesses públicos. Povo? Só para votar.

Segundo se diz das pesquisas, o deputado federal Jader Barbalho está em primeiro lugar tanto na disputa para o governo do Estado quanto para o Senado. Sobre sua reeleição para a Câmara não há sondagens: ela é dada como certa. Mais do que isso: ele seria o campeão dos votos, podendo eleger mais dois ou três deputados federais para a bancada do PMDB. Jader estaria então com a faca e o queijo na mão, podendo decidir à vontade sobre o que pretende ser e com quem deseja se aliar?

Pelo contrário: ele está numa situação mais difícil do que a de 2006. Na eleição de quatro anos atrás Jader tomou a iniciativa de acertar a aliança com o PT em Brasília e montou a estratégia, que foi bem sucedida. Lançou um candidato próprio, o primo José Priante, que teve votos suficientes para garantir a passagem da petista Ana Júlia para o 2º turno, impedindo que o tucano Almir Gabriel vencesse no 1º turno. Na nova eleição, o apoio a Ana se ampliou pelo desejo de muitos setores de pôr fim aos 12 anos de hegemonia do PSDB no Pará, independentemente de quem colocar no lugar de Simão Jatene.

Jader imaginou que seria o fiador e a eminência parda do governo de Ana Júlia, dando as cartas como quisesse. Isso não aconteceu. A cada desgaste se seguia uma negociação para restabelecer a aliança precária, na qual os parceiros desconfiavam uns dos outros. Mas houve tantos desgastes e tantas negociações que o acordo de 2006 parece ter chegado ao fim. O próprio Jader tem dito a interlocutores que não quer mais nada do governo do Estado. Seu jornal, o Diário do Pará, faz oposição cerrada à administração petista, todos os dias, com ou sem razão sobre o que noticia. A orientação é bater no ponto mais vulnerável da governadora: sua imagem, bastante desgastada, contribuindo para aumentar ainda mais seu já elevado índice de rejeição.

A tradução lógica desses fatos é que, desta vez, o PT vai encontrar o PMDB do outro lado do palanque. Mas com que chapa? Se as pesquisas fossem servir de parâmetro, com Jader Barbalho na cabeça. Nas suas intensas peregrinações pelo interior, ele garante que voltará a disputar o governo. Para os mais íntimos, confessa que é seu desejo. Mas o realismo lhe impõe freios. Sem dúvida ele passaria para o 2º turno, colocando o candidato tucano para fora do ringue (e de volta à pescaria).

Mas qual será o efeito do seu também alto índice de rejeição quando a decisão estiver polarizada, provavelmente com Ana Júlia? Qual deles se apresentará aos indecisos, aos céticos e aos contrários como “o menos pior”, o menor dos males? Ainda não há uma resposta a essa questão. Ela continua a ser uma incógnita. Como a eleição deste ano no Pará de modo geral.

Então Jader preferirá o Senado, para o qual sua vitória também é tida como certa. Mas o que acontecerá quando entrar de novo na Câmara Alta? Terá que se submeter à tática do gato e do rato, sempre fugindo da notoriedade, que adotou na Câmara Baixa, mas que talvez já o tenha cansado? Com quase sete vezes menos parlamentares no Senado e maior atenção pública, é provável que não seja bem sucedido. Logo se tornará alvo da grande imprensa, sempre que ela precisar de um símbolo do mau político, ainda que muito influente. Seu passado não deixará de ser lembrado e os processos retomarão seu rumo. Jader ainda não foi alcançado pela lei, mas parece estar condenado ao estigma do mau político até o fim.

A melhor opção, em tese, é também a mais arriscada: tentar voltar ao poder executivo estadual, com poder de mando direto e saindo do foco nacional, para preparar novas alternativas no futuro. O problema dessa via é que uma derrota deixaria Jader Barbalho inteiramente exposto e à mercê dos seus adversários. Mas se é seu desejo íntimo um terceiro mandato como governador pelo voto direto, o que Almir Gabriel tentou e não conseguiu, esta é a oportunidade, ainda que temerária. Talvez a última.

Qualquer candidato que decidir enfrentar Ana Júlia terá que levar em consideração a força da máquina oficial. Apesar da rejeição recorde à governadora, e por isso mesmo, ela está tentando todos os meios para dar ao aparato do governo aquele poder decisório que ele costuma ter até o dia da votação. O problema é que a máquina tem rateado muito. A receita própria do Estado sofreu uma perda maior do que a que pode ser debitada à crise internacional. A parcela da incompetência nesse total não pode ser minimizada, assim como o efeito dos canais de perdas e fugas de receita. Para manter a engrenagem em funcionamento, o governo precisou do socorro de Brasília, que providenciou transferências voluntárias compensatórias, e de mais operações de crédito, em volume crescente.

Essa demanda se tornou tão acentuada que deu aos ex-aliados e oposicionistas uma arma que estão usando, ao impedir a aprovação de dois novos empréstimos (mas fechando questão sobre o maior deles, de 366 milhões de reais, porque de pleno uso do Estado), e irão usar ainda mais, mesmo se o dinheiro acabar saindo, necessariamente dividido (os outros R$ 190 milhões para obras do PAC). Assim, a sorte do PT no Pará dependerá ainda mais de Brasília agora do que quatro anos atrás. O Palácio do Planalto estará em condições de responder a essa necessidade? Terá interesse em fazê-lo? Poderá fazê-lo?

Se tiver que se sujeitar a dois palanques, o PT nacional, além de ficar impedido de promover a presença física de Lula no Pará, precisará abrir dois ou mais canais de diálogo (e de ajuda) com seus outros aliados nacionais, como o PMDB, o PTB e o PR. A situação ficará mais complicada se esses três partidos se unirem contra Ana Júlia (com a possibilidade de a eles se agregar o PDT, que tem ganhado consistência).

Essa hipótese vem sendo cogitada, mas parece que ninguém ainda encontrou um jeito de torná-la exeqüível. Há o estorvo da ação do PMDB pela cassação de Duciomar Costa, do PTB, em pleno andamento. José Priante, que assumiria com o afastamento do prefeito de Belém, garante ir até as últimas conseqüências. A tendência dominante parece ser no sentido de punir Duciomar, mas não há motivos para ter convicção de que a ação tramitará com a celeridade necessária.

Se Duciomar for cassado pela justiça eleitoral, seu vice, Anivaldo Vale, cabeça do PR, também será atingido. Seu partido, que cresceu tanto quanto o PMDB na conquista de prefeituras no interior, vem sendo seduzido pelo PT, que considera a adesão do PR – e talvez também do PTB – garantia de vitória. Sem a possibilidade de uma aliança geral, que harmonizaria os interesses, resta saber quem ganhará esse cabo-de-aço.

A tendência que parecia mais certa, a de medidas protelatórias ou acertos para evitar os processos de cassação, foi invertida com a decisão de transferir o caso para a justiça federal. Para evitar ficar sem mandato e poder ainda entrar na disputa eleitoral deste ano, Duciomar e Anivaldo teriam que renunciar aos seus atuais mandatos. Poderiam se candidatar ao Senado, o primeiro, e a vice-governador, o segundo (ou, quem sabe, o governador, se Jader acabar preferindo a reeleição). Nesse caso, José Priante não assumiria a prefeitura de Belém, hipótese que só teria respaldo legal se houvesse cassação. O preenchimento do cargo abriria uma nova frente eleitoral e política, engrossando ainda mais o quadro da disputa de outubro.

Haveria lugar para encaixar o DEM nesse esquema hipotético? Vic Pires Franco sua não é mais capaz de assegurar reeleição a deputado federal com votação própria. Para ele, o melhor seria que sua esposa, a ex-vice-governadora Valéria Pires Franco, fosse candidata ao Senado, arrastando-o consigo. Mas essa dobradinha só teria força com a benção de Jader, que não parece animado a concedê-la. Talvez pressentindo que o caminho está bloqueado, Vic se volta novamente para o grupo Liberal, do qual se afastara, que passara a criticar e pelo qual fora colocado no índex, justamente pela aproximação com Jader. Reatarão mais uma vez?

A posição do grupo Liberal (ou, melhor dizendo, as diversas posições que assume, de acordo com a mudança dos ventos) é um indicador do ziguezague (e mesmo da biruta) das negociações entre os vários pretendentes ao poder. O jornal dos Maiorana, que já fez ironia e campanha contra Ana Júlia, agora lhe dá destaque e relativa defesa em relação aos ataques do Diário do Pará. A posição face a Duciomar variou do apoio incondicional, à cobertura discreta, à crítica (quando as conversações com Jader começaram) e a uma atitude mais ou menos neutra (conforme a veiculação da propaganda oficial do município). O que indica que nada ainda está decidido, apesar de tanta movimentação em (e entre) todos os grupos.

Se houver uma polarização entre dois candidatos com alto índice de rejeição, seria possível a formação de uma expectativa para uma surpresa, uma zebra? À falta de um verdadeiro tertius até agora, é nesse espaço que o ex-governador Simão Jatene está se movimentando. Suas excursões ao interior, sob a bandeira do Instituto Teotônio Vilela, o apresentam em sua face de técnico, administrador experiente, para contrastar com a improvisação e o despreparo dos seus sucessores. A abordagem tem rendido alguns bons resultados aos tucanos. O pior, porém, ainda aguarda Jatene – e em sua própria casa.

O ex-governador Almir Gabriel transformou em obsessão evitar que seu antigo secretário e homem de confiança seja o candidato do PSDB. O trabalho inclui desde espalhar boatos contra Jatene até desafiá-lo na convenção do partido. Um dos argumentos mais constantes de Almir para se opor a Jatene é de que ele está sob o controle da antiga Companhia Vale do Rio Doce.

Alguns chegaram a espalhar que o ex-governador era empregado da mineradora, mas o que parece ter havido foi (ou ainda é) uma relação contratual: Jatene prestou assessoria à empresa, elaborando um estudo sobre os investimentos que a ex-estatal poderia fazer no Pará. Na retórica agressiva que Almir adotou, esse detalhe é irrelevante. Em duas palestras que fez e nos contatos pessoais, transformou a Vale em inimigo público número um do Estado. E, claro, se apresenta como o Dom Quixote para brandir suas armas contra esse moinho.

Talvez esse discurso tivesse bons efeitos, se não soasse tão fora do tempo. Ainda assim, Almir Gabriel diz ter recursos para, se não inviabilizar, enfraquecer a candidatura de Jatene. Caso o nome do ex-amigo seja confirmado pelos convencionais do PSDB, é bem provável que Almir passe a apoiar a candidatura oposta à de Jatene. Inclusive a de Jader. Sepultará sua biografia sem direito a epitáfio.

Surpresa? Se é, outras poderão ainda surgir nesta fase final de composições para a eleição de outubro, na qual vale tudo. Na defesa dos seus interesses pessoais e corporativos, os políticos são capazes do impossível (como fazer boi voar) para fortalecer suas candidaturas e conseguir o almejado mandato. Só quando tudo estiver concluído é que deverão começar a pensar naquele que devia ser o personagem central dessa história: o eleitor. Não para promover sua melhoria de vida, mas para conseguir o seu voto, mesmo que através de trapaça. Não a primeira e por certo não a última.