Sempre fui fã do modo de falar. Língua é outro conceito que tem mais a ver com a escrita. E nessa pandemia o jeito, ou melhor, o trejeito de falar me aguça a curiosidade. De onde vem tanta diversidade para se pronunciar uma mesma palavra, simples ou composta?
Os letrados não teriam dificuldade em se referir ao álcool em gel, tão na moda e necessário.
Fiz
uma busca em grupos populares de Facebook do qual participo, mais para
me informar do que para interagir com os seus membros.
Anotei as grafias mais populares do produto.
Começa pelo alkingéu. Depois vem o alcongel, o aquigel, o alcogel, o arcogéu, o akijel, o alkogel e por aí vai.
O
contexto em que essas palavras escritas como são faladas popularmente
está relacionado à falta de instrução, notória constatação de um péssimo
ensino básico.
Mas, como a comunicação oral se
sobrepõe à escrita, não seria de se estranhar que - o escrever como se fala e o falar como se sabe - tenham se legitimado
nas redes sociais, onde todos escrevem como bem entendem e, na falta de
domínio do vocabulário formal, recorrem ao áudio.
Como é mais fácil falar do que escrever, esse recurso das mensagens gravadas inundam as redes sociais, como chuchu na feira.
Mas tanto faz. O importante é ser entendido. Quem não se comunica, se estrumbica!, já dizia o Velho Guerreiro.
Ainda bem que não precisa passar álcool em gel na ponta da língua.