sábado, 17 de abril de 2010

Alter do Chão, o paraíso é aqui

Bajara rasga os últimos raios de sol deste sábado, em Alter do Chão.
Foto: Rejane Jimenez

Governo e Senado são as opções de Jader para 2010

Diário do Pará

Governo e Senado são as opções de Jader para 2010
Jader discursou com afagos aos aliados e recados aos adversários

O presidente do PMDB no Pará, deputado federal Jader Barbalho, quebrou ontem o silêncio e deu pistas sobre os planos dele para as eleições deste ano. Durante inauguração de um restaurante popular em Ananindeua, Barbalho confirmou que será candidato ao governo ou ao Senado. “Serei candidato a um cargo majoritário, com certeza. Não vou atrapalhar o pessoal da eleição proporcional”, brincou, afirmando que a decisão sobre qual dos dois cargos concorrerá será tomada “pelo partido em momento oportuno”.

Durante o evento, o peemedebista fez um discurso com afagos aos aliados e recados aos adversários. Reforçou a decisão do PMDB de apoiar a candidatura da petista Dilma Rousseff à Presidência da República; elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas não fez qualquer referência à governadora Ana Júlia Carepa. Entre os petistas do Pará, apenas o deputado federal Paulo Rocha e a vice-prefeita de Ananindeua, Sandra Batista, foram citados.

Numa referência a petistas que têm feito críticas ao PMDB, Barbalho disse lamentar a atitude dos que, segundo ele, não passaram pela universidade da vida e, por isso, não sabem fazer política sem tentar diminuir os aliados. “Quem quer crescer tem que aprender a somar. Lamentavelmente, tem gente que não aprendeu com o presidente Lula que, mesmo sem doutorado na Itália ou em outro lugar, aprendeu com os movimentos populares”, disse, para em seguida afirmar que todas as “obras importantes em andamento no Pará só estão sendo feitas, graças ao governo federal”. Entre os críticos de Barbalho está o ex-chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, que fez doutorado no

exterior e cursos na Itália.

DECLARAÇÕES

O deputado foi indagado sobre as declarações do deputado Zé Geraldo que afirmou estarem os petistas “perdendo a paciência com o PMDB”. Jader deu de ombros. “Ele fez declarações?”. Ao ser confrontado com o fato de Geraldo ter anunciado que o peemedebista é contra a reeleição da governadora, ironizou: “Eu não tenho porta-vozes e se tivesse com certeza não seria ele (o deputado petista)”.

Apesar das críticas, o deputado garantiu que “não há diálogo interrompido”. Admitiu, contudo, que o PMDB ainda não decidiu que caminho tomar nas eleições. “Mas qualquer que seja vai ser um caminho que indicará o futuro do Estado”. Barbalho encerrou o discurso com a plateia gritando “governador, governador”.

Nas 24 horas que passou em Belém, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez malabarismos para afagar a todos os aliados num claro esforço para manter a unidade em torno da candidatura de Ana Júlia. A missão não tem se mostrado fácil. Pela manhã, Padilha se reuniu com o prefeito de Belém, Duciomar Costa, do PTB, partido que nacionalmente negocia apoio a Dilma Rousseff e, no Pará, tem dado mostras de que poderá ter candidatura própria ao governo.

Após o encontro com Duciomar, foi a vez de afagar o PMDB, maior partido da base aliada do governo Lula, mas que tem dado sinais de que poderá não apoiar Ana Júlia. No evento em Ananindeua, o ministro não poupou elogios ao prefeito Helder Barbalho e saudou o presidente do PMDB, Jader Barbalho, como “grande amigo do presidente Lula”.

Jornalismo ou propaganda política?

Rogério Faria Tavares

Se você quiser informar-se corretamente sobre as eleições, acompanhe com olhar bastante atento e crítico a cobertura política providenciada pelos meios de comunicação social sobre o tema. Quase sempre influenciada pela paixão ideológica ou, em diversas circunstâncias, irremediavelmente comprometida por ela, a atuação da mídia deve ser vista com prudente distância e uma dose razoável de ceticismo. Refém da preferência (ou da repulsa) por partidos e até mesmo por pessoas, boa parte da imprensa terá grandes dificuldades para desempenhar o ofício de reportar, com sobriedade e lucidez, os eventos relacionados ao pleito de outubro.

Defensores aguerridos de uma visão de mundo, de um determinado projeto para o país ou simplesmente sócios eventuais de grupos de interesses, expressivos segmentos da imprensa certamente acolherão recomendações tácitas (em alguns casos, até expressas) dos estrategistas de marketing de certos candidatos ou de seus formuladores políticos, e acabarão por transformar-se em agentes encarregados de definir o ângulo de abordagem dos acontecimentos, criar escândalos, fomentar falsas polêmicas, definir os protagonistas e os coadjuvantes, estigmatizar personagens, disseminar versões e boatos e, sobretudo, de omitir fatos e números que prejudiquem seus amigos ou que beneficiem seus adversários.

Ainda que não surpreenda, essa constatação é dolorosa e produz um grande desalento, já que a presença independente e equilibrada da imprensa na vida social é decisiva para o sucesso do sistema democrático e não deveria ser considerada algo utópico ou romântico. O fato é que, no Brasil, numerosas práticas que se apresentam como jornalismo, são, na verdade, propaganda política. O seu caráter pernicioso é indiscutível. Os danos que provocam são graves. Sendo assim, o que fazer para prevenir-se em relação a elas? Seguem algumas sugestões...

1. Nunca deixe de conferir o expediente do jornal e das revistas ou a seção "quem somos" dos sites e blogs que você freqüenta. Preste atenção na ficha técnica do telejornal ou do noticiário radiofônico de sua preferência. Veja quem está no comando. Procure saber os antecedentes dos responsáveis pelos órgãos de comunicação. Pergunte sobre eles para alguém em quem você confia e que pode ter referências seguras a respeito dos profissionais em questão. Tente, em prospecção cuidadosa, conhecer melhor o pensamento e o comportamento de tais pessoas.

2. Despreze as matérias anônimas. Combata as denúncias sem assinatura e as notícias que circulam sem autoria conhecida e confirmada. Certamente são peças fabricadas por candidatos e partidos ou por militantes de má-fé. Atualmente, existem até empresas especializadas nas técnicas da calúnia, da injúria e da difamação, sobretudo pela internet (algumas delas, contratadas para fazer a campanha eleitoral que se aproxima, já estão em plena atividade).

Reúna energia! Vale a pena

3. Investigue as posições adotadas pelo jornal, pela revista, pelo site ou blog, ou pela emissora de televisão ou rádio em relação aos candidatos e a seus partidos nos últimos anos. Qual tem sido a postura padrão empregada para tratá-los? Que tipo de avaliação merecem em seus editoriais? Construa uma pequena série histórica a respeito. Não dá tanto trabalho e pode ser de uma utilidade incrível, revelando animosidades ou preferências que resultam, antes de tudo, de alianças históricas ou de oposição consolidada ao longo do tempo.

4. Para entender melhor o que dizem os veículos de comunicação, procure descobrir se os seus proprietários ou diretores foram prejudicados ou beneficiados pelos candidatos ou partidos participantes das eleições. Contratos, empréstimos, favores... tudo isso é vital para compreender o sentido do conteúdo jornalístico que editam.

5. Consulte regularmente vários veículos de comunicação. Não se restrinja a um ou dois, ainda que você não disponha de tanto tempo nem de muito ânimo para tal tarefa. Não recorra apenas a publicações editadas por duas ou três empresas. Diversifique. Inclua em seu cardápio veículos regionais, especializados, comunitários, religiosos, estudantis ou sindicais. Reúna energia! Vale a pena. Afinal, as eleições só ocorrem de vez em quando.

Uma conquista da democracia

6. Compare os veículos: levante as semelhanças e as diferenças entre eles. Comece a perceber a escolha das pautas, as omissões, as contradições, as inconsistências, as ênfases. No caso de jornais, revistas, sites e blogs, observe também os aspectos gráficos e a diagramação com que se apresentam. Como estão dispostas as notícias, em que ordem, de que tamanho?... Quem ganha a capa? E as manchetes? Quem aparece bem nas fotos? Fique atento: não acredite facilmente no que mostra a mídia sem que você a submeta ao seu controle rigoroso de qualidade. Lembre-se de que ela tem objetivos que não são necessariamente os de atuar com equilíbrio e serenidade ou de deixar você bem informado.

7. Vá às fontes mencionadas na notícia. Hoje em dia, praticamente todos os partidos e candidatos têm seus próprios espaços na internet e se comunicam diretamente com o cidadão. Ouça o que eles têm a dizer, sem a mediação da imprensa. O recurso a esse expediente se torna ainda mais importante se a notícia veiculada nos meios tradicionais embute algum ataque à honra ou à dignidade de alguém. Infelizmente, será muito difícil saber o que a "vítima" tem a dizer sem que você recorra aos canais de comunicação que ela mesma organizou (ela pode ter sites ou blogs em que fatalmente exporá suas razões). No Brasil, o instituto do direito de resposta, ainda que previsto pelo artigo 5º da Constituição Federal, é de concretização lenta e trabalhosa e depende da celeridade, da coragem e do rigor de uma Justiça com que não se pode contar.

8. Sempre que possível, assista ao horário eleitoral gratuito na televisão ou acompanhe o programa pelo rádio. Não o rejeite. Ele é conquista da democracia e dá a todos chance justa de divulgar seu ideário político.

Preço pela negligência é muito alto

9. Acompanhe, sobretudo, os debates entre os candidatos. Comente com seus amigos, familiares e colegas de trabalho o que você achou de cada um deles.

10. Vá a comícios, reuniões, conferências. Pergunte diretamente aos candidatos o que você considera importante. Converse muito sobre as eleições com as pessoas do seu círculo de relacionamento. Troque idéias. Proponha questões. Crie oportunidades de reflexão coletiva. Aja com a mente aberta, sem preconceitos, com predisposição para surpreender-se e aprender.

Finalmente, mantenha sempre muito clara a noção de que a política é parte importantíssima da vida em sociedade e, por isso, jamais deve ser deixada de lado. O preço que se paga por uma atitude negligente é muito alto.