O secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do  Ministério de Minas e Energia, Cláudio Scliar, defendeu nesta  terça-feira a aprovação da proposta que regulamenta a exploração de  minerais em terras indígenas (PL 1610/96). Scliar participou de  audiência pública promovida pela comissão especial da Câmara que discute  o assunto. 
De acordo com o secretário, uma vez que já foram feitos vários  levantamentos geológicos, a falta de uma lei regulamentando a exploração  contribui para o surgimento dos garimpos ilegais. Esses garimpos,  alertou, usam equipamentos rudimentares que degradam o meio ambiente.
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| Foto: Leonardo Prado | 
Segundo Scliar, “o conhecimento geológico pode ter uma situação desse  tipo, infelizmente, onde não tem uma regulamentação de lei, onde não  tem uma lei aprovada, muitas vezes ocorre o surgimento de garimpo  ilegal”.  Ele considerou muito importante o debate promovido pela  Câmara.
Divisão igualitária
O presidente da comissão e autor do requerimento para  realização da audiência, deputado Padre Ton (PT-RO), observou que o  governo é a favor da aprovação do projeto, mas quer que os recursos da  exploração de minerais em terras indígenas sejam divididos de forma  igualitária.
“O governo é a favor que se aprove o projeto para o Brasil, pensando  não somente na exploração das riquezas do Brasil, mas que essas riquezas  sejam divididas de forma justa, principalmente com os indígenas que são  os primeiros habitantes desta terra”, disse o parlamentar.
Ele salientou que o governo precisa enviar ao Congresso, com  urgência, o novo Código de Mineração, a fim de não inviabilizar o PL  1610/96, que tem como referência o Código de Mineração de 1967.
15 anos de discussão
O Projeto de Lei 1610/96, de autoria do Senado, permite a lavra de  recursos minerais em terras indígenas por meio de autorização do  Congresso Nacional e com pagamento de royalties para os índios e para a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Desde que começou a tramitar na Câmara, há mais de 15 anos, o projeto  tem sido motivo de polêmica por causa de divergências entre as  expectativas dos povos indígenas e os interesses das empresas de  mineração.
A principal preocupação dos índios se concentra nos possíveis  impactos socioambientais que a atividade causaria nas aldeias. As  mineradoras, por sua vez, argumentam que a pesquisa e a lavra de  minerais nobres, como ouro, diamante e nióbio - utilizado em usinas  nucleares -, atendem interesses nacionais e são fundamentais para o  desenvolvimento do País.
Outra comissão especial que analisou o projeto, instalada em 2007,  encerrou seus trabalhos no fim da legislatura passada sem votar o relatório final.  Esse relatório previa a realização de licitação para a exploração de  minérios em terras indígenas. Hoje, a escolha da empresa exploradora é  feita diretamente pelo Poder Executivo. O PL 1610/96 tramita apensado a outras três propostas (7099/06, 7301/06 e 5265/09).                    ( Agência Câmara - Reportagem – Oscar Telles Edição – Newton Araújo )