sábado, 16 de janeiro de 2010

A história da Albrás, grande desconhecida


Lúcio Flávio Pinto

A Albrás é a maior empresa com sede no Pará e na Amazônia. Em 24 anos de funcionamento, sua produção acumulada já alcança 9 milhões de toneladas de alumínio, destinado principalmente ao exterior e, em particular, ao Japão, que ficou com quase metade desse total. A receita dessas exportações no período supera 13 bilhões de dólares. É a maior exportadora de alumínio e também a maior produtora do Brasil. É a 8º maior fábrica de alumínio do mundo e a líder no continente. Está a menos de 50 quilômetros em linha reta de Belém, mas raros paraenses a conhecem pessoalmente, sabem o que ela representa ou sequer que existe. Não parece que está em Barcarena: parece que foi instalada em Marte.

Já há uma boa maneira de apresentar a maior empresa do Estado aos paraenses. É através de um álbum, A História da Albrás, bem editado graficamente, em 232 páginas, com rica iconografia. Apesar de ser uma publicação institucional da companhia e ter sido escrita por um dos seus ex-presidentes, não é uma hagiografia nem chega a ser uma versão bitoladamente oficial.

Romeu do Nascimento Teixeira era realmente a pessoa mais habilitada a reconstituir, a partir de dentro, o que foram os 18 anos e meio de negociações nipo-brasileiras e os sete anos de implantação da Albrás. Ele foi o brasileiro que por mais tempo esteve na linha de frente do empreendimento, durante sete anos como seu mais duradouro presidente. Mas não perdeu o humor e certo senso crítico ao relatar a façanha que foi colocar uma moderna e potente refinaria de alumínio para funcionar no meio da selva amazônica. Hoje ela produz 44% acima da capacidade de projeto, que era de 320 mil toneladas, sem grandes investimentos adicionais, o que representa quase um terço (31%, para ser exato) da produção nacional.

A primeira questão que a Albrás suscita consiste em saber se ela foi concebida como um dos componentes do programa de integração da Amazônia à economia nacional, que os governos militares puseram em prática na transição do final da década de 60 para os anos 70 do século passado, ou se é um típico projeto internacional de enclave. A resposta deverá apresentar componentes desses dois fatores e de alguns outros. Já havia planos para dar aproveitamento energético aos rios da Amazônia e a existência de minérios começou a ser confirmada e mensurada a partir da descoberta e exploração da jazida de manganês do Amapá pela Bethlehem Steel/Icomi, na década de 50.

Fora dado o tiro de largada na corrida pelos valiosos recursos do subsolo da região e a principal condição para possibilitar seu aproveitamento era a oferta de energia, não só escassa como insuficiente na Amazônia. Principalmente para o minério que iria completar seu ciclo do metal primário, o lingote de alumínio (com a etapa intermediária da alumina).

Até o final dos anos 1960 apenas multinacionais haviam feito descobertas importantes de minérios na Amazônia, como manganês, bauxita, caulim, titânio, cassiterita e o principal deles, o minério de ferro de Carajás. A maior parte dessas descobertas aconteceu, certamente não por acaso, a partir de 1964, com as facilidades oferecidas ao capital estrangeiro pelo governo militar brasileiro.

Leia o artigo completo aqui.