sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Capa da edição impressa de 12 de novembro de O Estado do Tapajós

Começa a propaganda eleitoral gratuita do plebiscito

Do Blog do Parsifal

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Tiveram início hoje, 11.11.11, as campanhas de rádio e TV pró e contra a divisão do Pará em mais dois estados, o que resultaria em três estados no mesmo território que hoje alberga um. 

Os contrários à divisão têm o publicitário paraense Orly Bezerra, que comandou várias campanhas políticas vitoriosas no Pará. Os favoráveis contam com o publicitário baiano Duda Mendonça, conhecido nacionalmente, mormente depois que comandou a campanha que elegeu o presidente Lula ao Planalto. 

Os dois publicitários não cobram honorários, mas, é evidente, os custos de elaboração dos programas são elevados. 

Orly Bezerra fez o avant première tendo como núcleo o “paraensismo”, a partir do qual se veta qualquer sentimento que vise diminuir o território paraense. Este viés fala, principalmente, à macro região metropolitana de Belém, onde tal protagonismo é cimentado com mais fervor, a ponto de seus personagens não terem outro argumento senão a chula querela pura e simples de disparar impropérios contra quem ouse lhes apresentar argumentos. 

Duda Mendonça, que tem a missão principal de resfriar o motor desta obtusa concepção, elaborou a sua inauguração pinçando pontos de racionalidade plana, sem perder o teor do apelo emocional. 

Não é possível transformar dados substantivos em verbos, e os pontos abordados por Duda Mendonça são incontestáveis: em se transformando o Pará em três estados, os recursos a maior, em quatro anos, para toda a área, serão na ordem de R$ 12 bilhões. 

Em se recusando a proposta da criação dos novos estados, o povo paraense estaria dispensado, em quatro anos, recursos que poderiam construir estradas, hospitais, escolas e implementar a qualidade de vida de parte do Norte do Brasil, que tem recepcionada até mais que isto, mas, totalmente direcionado aos interesses da União, e não do Pará.

MP abre investigação criminal contra o Grupo Big Ben

Portaria publicada no Diário Oficial do Estado na última quarta-feira (clique aqui) e assinada pelos promotores Francisco de Assis Santos Lauzid, da 2ª Promotoria de Justiça de Crimes Contra a Ordem Tributária, e Arnaldo Célio da Costa Azevedo, que atua junto ao Grupo Especial de Prevenção e Repressão às Organizações Criminosas (Geproc), instaura procedimento investigatório criminal contra várias empresas e pessoas físicas suspeitas de envolvimento no que os membros do MP classificam de "crime de formação de quadrilha ou até mesmo de uma verdadeira organização criminosa, cujo escopo é defraudar o Fisco e terceiros".
 
Entre os suspeitos aparecem a Empresa Distribuidora Big Ben e vários de seus controladores, integrantes da família Aguilera. Na semana passada, a Brazil Pharma, holding de farmácias do BTG Pactual, anunciou a compra, por R$ 453,6 milhões, do Grupo Big Ben, que tem 146 lojas no Pará, Amapá, Maranhão, Piauí, Paraíba e Pernambuco, com faturamento de cerca de 800 milhões de reais nos últimos 12 meses até junho.
 
O Ministério Público do Estado mandou instaurar o procedimento a partir de uma representação formalizada por Edilene do Socorro Carneiro das Chagas, que, segundo os dois promotores, delata "a ocorrência de crimes contra a ordem tributária dos Estados do Pará e Pernambuco (ICMS) e da União (IR), formação de quadrilha ou até de uma organização criminosa, falsificação de documentos, estelionato, corrupção passiva de servidores da Secretaria de Estado da Fazenda do Pará e que vários dos suscitados crimes teriam sido ou ainda estão sendo cometidos em continuidade delitiva".(Espaço Aberto)

Revista do Círio da Conceição circula amanhã


Circula neste sábado, encartado em O Estado do Tapajós, para assinantes, a Revista do Círio, publicação da Editora O Estado do Tapajós.

O leitor que comprar a edição de amanhã do jornal nas bancas de revistas, pagará mais R$ 5 reais para adquirir seu exemplar. Se preferir comprar somente a revista, o preço da publicação é de R$ 7,00. 


MP solicita à Seduc abertura de processo administrativo contra grevistas

Agência Pará

O Ministério Público do Estado enviou, na tarde de ontem, ofício à Secretaria de Estado de Educação (Seduc) solicitando que seja instaurado, imediatamente, Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar o motivo de professores da rede estadual de ensino permanecerem, sem justificativa, afastados do trabalho, o que configura crime de desobediência à determinação do juiz Elder Lisboa, titular da 1ª Vara da Fazenda da Capital.

Após ouvir as considerações do governo do Estado e do Sindicato dos Professores em Educação Pública do Pará (Sintepp), o magistrado determinou o retorno imediato dos professores às salas de aula. O ofício do MPE, assinado por Maria das Graças Corrêa Cunha, promotora de Justiça de Direitos Constitucionais Fundamentais, Defesa Patrimônio Público da Moralidade Administrativa, foi endereçado ao secretário de Estado de Educação, Claudio Ribeiro.

Durante toda esta quinta-feira, alunos da rede estadual se manifestaram novamente pelo retorno dos professores às sala de aula, após mais de 40 dias de greve. Por volta de 10h, aproximadamente 60 alunos de todas as unidades de ensino de Altamira, município do oeste paraense, invadiram a sede da Unidade Regional de Educação (URE) do município, pedindo o retorno dos professores ao trabalho.

Até chegar à URE, os estudantes percorreram as principais ruas da sede municipal, entre elas a Travessa Djalma Dutra, no centro da cidade, e a Rua Eduardo Gomes. Já próximo das 13h, os alunos chegaram ao prédio do Ministério Público do Estado, e depois foram até a sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Pará (Sintepp) pedir o retorno dos docentes.

“Eles queriam a minha presença, mas eu estava numa programação do projeto Mover. Encaminhei duas diretoras para atender os alunos”, informou Nilceia Moura, diretora da URE de Altamira. “Expliquei as medidas que estão sendo aplicadas pelo governo para o caso dos professores que estão descumprindo a decisão judicial”, acrescentou.

A Realidade da Amazônia


Lúcio Flávio Pinto

A edição especial da revista Realidade de outubro de 1971 não foi apenas a “mais longa, custosa e apaixonante reportagem” já realizada pela Editora Abril, como proclamava o seu dono, Victor Civita, na “Carta do Editor”, mas a maior de todas as reportagens da história da imprensa brasileira. Para criar as 328 páginas da edição (das quais 137 de anúncios), em formato grande, foi recrutada uma equipe de 40 pessoas, 16 delas jornalistas, dos quais 13 foram a campo, incluindo o maior grupo de grandes fotógrafos que já trabalharam juntos (Maureen Bisilliat, Cláudia Andujar, George Love, Amâncio Chiodi, Darcy Trigo e Jean Solari), responsáveis pelas deslumbrantes fotografias (dentre elas, o antológico ensaio de Cláudia sobre os índios Yanomami, que passariam a ser sua causa) estampadas por qualquer publicação periódica nacional.

Para cobrir toda Amazônia, os repórteres viajaram de barco, carro a avuão durante 1.232 horas, cobrindo 148 mil quilômetros de selva e rio, visitando 135 cidades. Concluíram, pela voz do editor,  que a Amazônia era mesmo “a última grande fronteira terrestre a ser civilizada”, mas que o progresso trazido por sua ocupação devia seguir “em harmonia com a natureza”. Foi por “acreditar nessa possibilidade” que a Abril aceitou patrocinar a maior de todas as edições até então publicadas por Realidade tendo por tema único a região.

O sucesso de público e de crítica do trabalho excedeu todas as expectativas. Logo a edição – que alguns diziam ter sido de 250 mil exemplares e outros falavam em mais do que o dobro – se esgotou. Alguém tentou tirar o que à época se chamava 2º clichê. Mas outro alguém, convicto de que as vendas seriam inferiores, destruiu as matrizes. A edição nº 67 de Realidade se tornou relíquia. Outras edições especiais posteriores, sobre o Nordeste e Cidades Brasileiras, não repetiram a façanha e a revista, criada em 1966 e atingida violentamente pelo AI-5, de dois anos depois (quando, por infeliz coincidência, começou a história de Veja), não recuperou mais seu prestígio. Vegetou até desaparecer, em 1972, mais como uma versão de Seleções do Reader’s Digest do que da grande revista de reportagens que foi no apogeu.

Passados 40 anos, nenhuma empreitada jornalística se aproximou sequer de Realidade/Amazônia. É quase certo que jamais o que foi realizado nessa edição se repetirá. Primeiro por impossibilidade – ou incapacidade – de as empresas investirem o que foi aplicado na cobertura da Amazônia pela revista. Qual seria o valor atual? Seria bom fazer um cálculo exato. Mas nunca ficaria abaixo do milhão de reais.

Em segundo, pela qualidade da equipe comandada com maestria por Raimundo Rodrigues Pereira. O trabalho levou o tempo de um parto, nove meses, para ser finalizado. Nesse período, os repórteres contaram com todos os meios de transporte disponíveis, incluindo numerosos fretes de pequenos aviões, para ir onde fosse necessário para documentar “de maneira definitiva o momento mais dramático da Amazônia”.

Esse momento ímpar, no qual a Amazônia foi rasgada por estradas e frentes pioneiras e sucumbiu, talvez de forma definitiva, a um modelo externo e agressivo de ocupação, está muito bem documentado na revista. Nele sente-se, porém, um tom de exotismo, de otimismo e crença na capacidade de harmonização do avanço com as exigências da natureza e do homem. Essa crença comprometeu o descortino do caos que viria, não como elemento de surpresa, mas de efeito lógico desse modelo.

Foi uma felicidade para mim ter integrado a equipe. Aprendi com Raimundo um tanto do que apenas dois outros jornalistas me ensinaram: Cláudio Augusto de Sá Leal em Belém e Raul Martins Bastos em São Paulo. No final da jornada eu tinha certeza de que minha tarefa não era olhar para a Amazônia de um promontório paulistano, mas varejando por suas trilhas. À cata dos fatos, de uma verdade, da história.