segunda-feira, 8 de março de 2010

A qualidade do feito

Lúcio Flávio Pinto:

Em resposta à OAB/PA, o Tribunal de Justiça do Estado lembrou que ficou em 5º lugar em todo país no cumprimento da meta 2 estabelecida pelo Conselho Nacional de Jornalismo, para o julgamento de ações propostas até dezembro de 2005. Havia 158.312 processos pendentes no TJE, dos quais 69% foram julgados, num índice superior à média nacional, que foi de 57%. Mas ressalta que desempenhos superiores foram conseguidos por tribunais que tinham quantidade muito menos de processos estocados, como o do Amapá (2.565) e Tocantins (35.697).

O presidente do tribunal, desembargador Rômulo Nunes, garante que outras duas das 10 metas definidas pelo CNJ também serão cumpridas. Mas a principal é a meta 2, a que mais beneficia o usuário da justiça. É um dado relevante e merece destaque. Mas precisa ser relativizado também.

Magistrados conhecidos por sua seriedade na apreciação e julgamento das ações não conseguiram cumprir a meta 2 porque não estavam interessados apenas na estatística. E outros, que não tinham o mesmo bom conceito, cumpriram o compromisso, mas à custa do rigor e da seriedade no processamento das causas sob sua jurisdição. Feito o balanço quantitativo, agora será preciso ver a qualidade da façanha.

A Mulher e o crime de estupro

José Olivar

A Lei nº 12.015/09, que altera dispositivos do Código Penal, passou a considerar também a mulher como sujeito ativo do crime de estupro, isto porque tal crime deixou de ser próprio para tratar-se de crime comum. Pela nova redação do art. 213 do Código Penal (CP), tanto a mulher quanto o homem podem ser sujeitos ativos ou vice versa, visto que a conduta típica, não se restringe mais à conjunção carnal, mas a quaisquer atos libidinosos.

Acidentes matam dois no final de semana

Dois homens morreram neste final de semana, vítimas de acidente de trânsito, em Santarém.

Na estrada Alter do Chão- Pindobal, um motoqueiro morreu após colidir com um veículo que trafegava em sentido contrário.

Na rodovia Cuiabá, no trecho urbano, um acidente com um automóvel Gol, que bateu em um buraco, perdeu uma das rodas, vindo a capotar, matou seu motorista na hora.

Pai esquarteja a filha de 1 ano e 4 meses em Porto Trombetas

A pergunta que todos fazem na pequena localidade de Samaúma II, em Porto Trombetas, no município de Oriximiná, oeste do Estado, é uma só: o que leva um ser humano a praticar uma monstruosidade dessas, matando a própria filha?

A indignação de todos na localidade foi por conta do crime bárbaro praticado por Raimundo Pereira da Silva, 25 anos, contra a própria filha, Railane Santos da Silva, de apenas um ano e quatro meses, morta com dois golpes de terçado sem que o acusado apresentasse qualquer tipo de justificativa, mesmo anormal para chegar ao ato extremo.

Raimundo Pereira foi preso por uma guarnição da Polícia Militar de Porto Trombetas e conduzido à Delegacia de Polícia Civil do município de Oriximiná onde foi autuado pela delegada Andreza Sousa Alves.

Em depoimento, o acusado confessou de maneira fria e covarde como matou a filha de pouco mais de um ano de idade, utilizando um afiado terçado, usado por ele na agricultura.

Segundo Raimundo Pereira foram apenas dois golpes, mas as informações da Polícia Militar dão conta que os golpes dilaceraram o corpo da pequena que, dificilmente, se acreditaria que o próprio pai fosse o autor de tamanha barbaridade.

O fato causou uma comoção sem precedentes na história da cidade de Oriximiná no oeste do Pará, com passeatas e manifestações em frente à Delegacia de Polícia Civil, enquanto na comunidade de Samaúma II o clima era de vingança por parte dos familiares da menina.

As circunstâncias do crime ainda estão sendo apuradas pela delegada Andreza Sousa Alves, mas as informações prestadas pelo acusado ainda precisam de mais investigações. Réu confesso Raimundo Pereira da Silva deve ser transferido para um presídio em Santarém, devido à revolta da população que vem cobrando justiça para o caso. (Diário do Pará)

Decisão à moda antiga

Gerson Nogueira

O Remo cumpriu a missão de ir à final do turno, mas podia ter saído do Baenão em condições mais tranqüilas para a decisão. Em casa, com o apoio entusiasmado de sua torcida, vacilou em momentos importantes e quase se complicou no final. No fim das contas, valeu-se da vantagem do empate, mas deixou um rastro de preocupação no ar.

É bom que se observe que esses transtornos foram amplificados por um adversário valoroso e tecnicamente perigoso, principalmente na etapa final. No começo, o Remo esteve melhor, pressionando com mais insistência até chegar ao gol em pênalti sobre Marciano, cobrado por Vélber.

Apesar da vantagem, o Remo não conseguiu deslanchar em campo. Marciano e Héliton tentavam, Gian descolava bons lançamentos, mas não surgia a chance clara. Vélber quase fez o segundo, batendo cruzado da entrada da área, e Raul quase marcou depois de um escanteio na área. Muito pouco para quem tinha o controle emocional da partida.

De sua parte, o S. Raimundo se mantinha no 3-5-2, tentando fechar o meio-campo e explorar os contra-ataques, mas isso só ocorreu em duas oportunidades, sem maiores conseqüências para a zaga remista. Tímido em excesso, deixou Max Jari e Branco isolados na frente.

Depois do intervalo, o S. Raimundo voltou mais adiantado, jogando no 4-4-2 e roubando bolas na intermediária. Pitbull se aproximou dos atacantes e, antes dos dois minutos, Michel quase empatou. A pressão aumentou até que Branco foi lançado nas costas de Levy e igualou o marcador.

Em seguida, com o Remo ainda atarantado, Michel, Flamel e Max Jari tiveram boas chances. Só então Sinomar Naves decidiu mexer no time. Tirou Gian e Vélber, substituídos por Otacílio e Samir. O atacante entrou muito bem, como sempre. O meia, porém, custou a entrar em sintonia. Seu melhor momento foi no passe curto para Héliton fazer o segundo gol.

Logo depois, porém, perdeu no ataque a bola que deu origem a mais um gol de Branco, empatando definitivamente a partida. Daí em diante, sem criação no meio-campo, o Remo limitou-se a rebater bolas. Para fechar ainda mais a zaga, Sinomar lançou Márcio Nunes, embora o problema não estivesse na área, mas na desarrumação do setor de marcação. A torcida festejou a classificação, mas saiu cabreira com o sofrido empate.

O Independente, que tinha a vantagem do empate e saiu vencendo, não teve forças para segurar o Paissandu no segundo tempo, no confronto de sábado, em Tucuruí. Foi impotente para garantir o resultado porque perdeu chances preciosas antes dos 20 minutos, cansou muito cedo e viu-se enfraquecido pela substituição forçada (por contusões) de três peças fundamentais: o goleiro Kanu, do lateral Lima e do atacante Gian Carlo. Desorganizado no primeiro tempo, o Paissandu mudou por completo nos 45 minutos finais, graças principalmente ao desembaraço de Tiago Potiguar e ao talento de Moisés, presente em todos os lances mais agudos. Zé Augusto, herói de plantão, marcou o gol da virada. É o tipo do resultado que não anula as imperfeições do time, mas injeta ânimo para os clássicos da decisão.

Empate garante Remo na final do turno

O Remo está classificado para decidir o turno em dois jogos contra o Paissandu. Na tarde deste domingo, no estádio Evandro Almeida, empatou com o São Raimundo por 2 a 2 e garantiu presença nas finais – tinha a vantagem do empate em função da melhor campanha. Os gols foram marcados por Vélber, de pênalti, no primeiro tempo. No segundo, Branco empatou para o S. Raimundo logo aos 7 minutos. Héliton desempatou novamente para o Remo, aos 21. E, aos 30, Branco voltou a igualar o placar. O resultado retratou o que foi o jogo: equilibrado, com bons momentos de lado a lado, mas tecnicamente abaixo do esperado.


Na primeira etapa, o jogo apresentava maior presença ofensiva do Remo, que, empurrado pela torcida, mantinha Marciano, Vélber e Héliton bem adiantados, pressionando o trio de zagueiros santarenos e dificultando a saída de bola com os alas. Cauteloso, o S. Raimundo posiciona-se para explorar o contra-ataque, tentando sair com Michel e Pitbull, mas exagerava na lentidão e não conseguia encaixar nenhuma jogada de profundidade para Max Jari e Branco, muito marcados lá na frente.

Apesar da forte marcação no setor de meio-campo, Gian cadenciava o jogo e buscava lançamentos rápidos, principalmente para explorar a velocidade de Héliton. Vélber, ao contrário de outras partidas, aparecia mais próximo a Marciano, pelo lado esquerdo do ataque. Antes do gol, a partida era muito igual, com poucos ataques agudos. Depois da cobrança de pênalti, o S. Raimundo reagiu e foi, resoluto, ao ataque. Aos 17 minutos, Michel tenta duas vezes e Adriano defende bem. Foi o melhor momento do Mundico no jogo no primeiro tempo.

Depois de fintar Ceará, Vélber acertou um chute cruzado, aos 36 minutos, que quase enganou o goleiro Labilá. Logo depois, cobrou escanteio que Raul desviou de cabeça, à esquerda da trave santarena. O técnico Flávio Barros, do S. Raimundo, foi expulso de campo aos 41 minutos, por reclamação. Quase ao final, Max Jari discute com o bandeirinha por um arremesso lateral e leva o cartão amarelo. Torcedor do Remo atira uma caneca para o gramado, que o árbitro Cleber Abade manda registrar na súmula. Imediatamente, a Polícia prende o torcedor.


Depois do intervalo, o S. Raimundo entrou com mais arrojo nos lances de ataque e, antes dos 2 minutos, obrigou Adriano a uma defesa milagrosa em forte disparo do lateral João Pedro. O Remo nem conseguiu se estabilizar no jogo e veio o empate: em lançamento de Michel para dentro da área remista, Branco recebeu livre, não foi marcado por Levy e bateu rasteiro no canto de Adriano. O gol intranquilizou a defensiva azulina, que cometeu seguidas falhas. Max Jari e Michel quase marcaram depois de recuperar bolas à entrada da grande área.

Sinomar Naves resolveu mexer no time e, de uma só vez, tirou Vélber e Gian e pôs em campo Otacílio e Samir. A mudança surtiu efeito. O time ficou mais ágil na transição para o ataque, Samir caía pela esquerda do ataque, Marciano fechava pelo meio e Héliton avançava pela direita. E foi num lance rápido, aos 21 minutos, em cobrança de arremesso lateral, que Otacílio tocou para Héliton na área. O atacante recebeu e chutou rasteiro sem defesa para Labilá, colocando o Remo de novo em vantagem.

Apesar da animação da torcida, o Remo continuava a apresentar deficiências no setor defensivo, principalmente pelo espaço entre os volantes e a linha de zagueiros. Nesse espaço, o S. Raimundo trabalhava suas principais jogadas, com Michel tendo toda liberdade para receber e lançar bolas para Max Jari e Branco. De tanto insistir, o Mundico acabou achando novamente o caminho das redes, em lance muito parecido com o do primeiro gol. Desta vez, Flamel, que substituiu Maurício Oliveira, descobriu Branco entrando pela esquerda. O atacante dominou a bola e, mesmo diante de Pedro Paulo, bateu cruzado: 2 a 2.

Nos minutos finais, admitindo a insegurança da defesa, Sinomar promoveu a entrada do estreante Márcio Nunes no lugar de Héliton. Assustado com as investidas do S. Raimundo, o Remo pouco se arriscou no ataque, optando por prender a bola nas laterais do campo para valorizar a vantagem do empate.

Renda do jogo: R$ 152.609,00. Público pagante: 11.179 (credenciados: 550). Público total: 11.729.

(Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)