domingo, 14 de agosto de 2011

São Raimundo 1 x 0 Comercial(PI). Gol de Rodrigo, aos 34' do primeiro tempo.

Futebol Interior - Com gol de Rodrigo, o time paraense derrotou o Comercial-PI, por 1 a 0, mas mesmo assim segue na lanterna do Grupo 2, com quatro pontos. O time piauinense segue na segunda posição, com seis pontos.

Quem manda na chave é o Sampaio Correa. O time maranhense goleou o Independente-PA, por 4 a 1, e disparou na liderança. A Bolívia Querida chegou aos nove pontos, contra quatro da equipe paraense que está na vice-lanterna.
 
Confira os resultados da quinta rodada da Série D:
 
Quinta-feira
Itumbiara-GO 2 x 0 Gama-DF
 
Sábado
Audax-RJ 1 x 2 Villa Nova-MG
Tupi-MG 3 x 1 Anapolina-GO
Penarol-AM 2 x 0 Plácido de Castro-AC
Juventude-RS 4 x 2 Metropolitano-SC
Treze-PB 4 x 3 Coruripe-AL
 
Domingo
Alecrim-RN 1 x 0 Porto-PE
Santa Cruz-PE 1 x 0 Santa Cruz-RN
Vitória da Conquista-BA 1 x 1 River Plate-SE
Formosa-DF 0 x 0 Volta Redonda-RJ
Operário-PR 0 x 2 Oeste-SP
Brusque-SC 1 x 0 Cruzeiro-RS
Cuiabá-MT 3 x 1 Vila Aurora-MT
Sampaio Corrêa-MA 4 x 1 Independente-PA
São Raimundo-PA 1 x 0 Comercial-PI
Mirassol-SP 0 x 0 Cerâmica-RS
 

Fim do jejum do torcedor santareno


Há exatamente três meses o São Raimundo jogava sua última partida no estádio Barbalhão.

Hoje, as 15 horas, contra o Comercial(MT), o Pantera quebará o jejum de jogos fora de casa do torcedor santareno.

Divisão do Pará em três estados é polêmica e merece destaque na mídia


Áudio de André Trigueiro

Origem do Dia dos Pais


Kátia Balieiro



Dizem que o primeiro a comemorar o Dia dos Pais foi um jovem chamado Elmesu, na Babilônia, há mais de 4.000 anos. Ele teria esculpido em argila um cartão para seu pai. Mas a instituição de uma data para comemorar esse dia todos os anos é bem mais recente...
Em 1909, a norte-americana Sonora Louise Smart Dodd queria um dia especial para homenagear o pai, William Smart, um veterano da guerra civil que ficou viúvo quando sua esposa teve o sexto bebê e que criou os seis filhos sozinho em uma fazenda no Estado de Washington.
Foi olhando para trás, depois de adulta, que Dodd percebeu a força e generosidade do pai.
O primeiro Dia dos Pais foi comemorado em 19 de junho de 1910, em Spokane, Washington. A rosa foi escolhida como a flor oficial do evento. Os pais vivos deviam ser homenageados com rosas vermelhas e os falecidos com flores brancas. Pouco tempo depois, a comemoração já havia se espalhado por outras cidades americanas. Em 1972, Richard Nixon proclamou oficialmente o terceiro domingo de junho como Dia dos Pais.
O pai brasileiro ganhou um dia especial a partir de 1953. A iniciativa partiu do jornal O Globo do Rio de Janeiro, que se propôs a incentivar a celebração em família, baseado nos sentimentos e costumes cristãos. Primeiro, foi instituído o dia 16 de agosto, dia de São Joaquim. Mas, como o domingo era mais propício para as reuniões de família, a data foi transferida para o segundo domingo de agosto.
Em São Paulo, a data foi formalmente comemorada pela primeira vez em 1955, pelo grupo Emissoras Unidas, que reunia Folha de S. Paulo, TV Record, Rádio Pan-americana e a extinta Rádio São Paulo. O grupo organizou um grande show no antigo auditório da TV Record para marcar a data. Lá, foram premiados Natanael Domingos, o pai mais novo, de 16 anos; Silvio Ferrari, de 96 anos, como o pai mais velho; e Inácio da Silva Costa, de 67 anos, como o campeão em número de filhos, um total de 31. As gravadoras lançaram quatro discos em homenagem aos pais. O maior sucesso foi o baião É Sempre Papai, com letra de Miguel Gustavo, interpretada por Jorge Veiga. O Dia dos Pais acabou contagiando todo o território brasileiro e até hoje é comemorado no segundo domingo de agosto.

Pelo menos onze países também comemoram o Dia dos Pais à sua maneira e tradição.
Na Itália, Espanha e Portugal, por exemplo, a festividade acontece no mesmo dia de São José, 19 de março. Apesar da ligação católica, essa data ganhou destaque por ser comercialmente interessante.
Reino Unido - No Reino Unido, o Dia dos Pais é comemorado no terceiro domingo de junho, sem muita festividade. Os ingleses não costumam se reunir em família, como no Brasil. É comum os filhos agradarem os pais com cartões, e não com presentes.
Argentina - A data na Argentina é festejada no terceiro domingo de junho com reuniões em família e presentes.
Grécia - Na Grécia, essa comemoração é recente e surgiu do embalo do Dia das Mães. Lá se comemora o Dia dos Pais em 21 de junho.
Portugal - A data é comemorada no dia 19 de março, mesmo dia que São José. Surgiu porque é comercialmente interessante. Os portugueses não dão muita importância para essa comemoração.
Canadá - O Dia dos Pais canadense é comemorado no dia 17 de junho. Não há muitas reuniões familiares, porque ainda é considerada uma data mais comercial.
Alemanha - Na Alemanha não existe um dia oficial dos Pais. Os papais alemães comemoram seu dia no dia da Ascensão de Jesus (data variável conforme a Páscoa) . Eles costumam sair às ruas para andar de bicicleta e fazer piquenique.
Paraguai - A data é comemorada no segundo domingo de junho. Lá as festas são como no Brasil, reuniões em família e presentes.
Peru - O Dia dos Pais é comemorado no terceiro domingo de junho. Não é uma data muito especial para eles.
Austrália- A data é comemorada no segundo domingo de setembro, com muita publicidade.
África do Sul - A comemoração acontece no mesmo dia do Brasil, mas não é nada tradicional.
Rússia - Na Rússia não existe propriamente o Dia dos Pais. Lá os homens comemoram seu dia em 23 de fevereiro, chamada de "o dia do defensor da pátria" (Den Zaschitnika Otetchestva).
Independente do seu lado comercial, é uma data para ser muito comemorada, nem que seja para dizer um simples "Obrigado Papai"!

Fontes de informações: Arte e Educação e Portal da Família

A dignidade do presidente Allende: uma semente para o futuro


Lúcio Flávio Pinto


A morte do presidente chileno Salvador Allende Gossens completará 38 anos no próximo mês. Por coincidência, um dos aspectos mais relevantes dessa história acaba de ser definitivamente esclarecido: Allende se suicidou mesmo, conforme o resultado dos exames feitos no seu cadáver, anunciados no mês passado.

Este já não era mais um fato polêmico. De início, chegou a ser apregoado como verdade que ele fora morto ao ser deposto por um golpe militar. O poeta e embaixador Pablo Neruda (o único chileno Prêmio Nobel de Literatura, junto com Gabriela Mistral), seu amigo pessoal, difundiu a versão do assassinato. E morreu logo depois, de causas naturais, ainda que também postas imediatamente em dúvida por uma dessas teorias conspirativas, sempre em curso.

A versão da execução foi desautorizada pela reconstituição dos acontecimentos naquele traumático dia 10 de setembro de 1973, em Santiago do Chile. A família, que já estava convencida da verdade, solicitou um exame do cadáver apenas para colocar um selo oficial – e final – sobre esse capítulo importante da história do Chile, da América do Sul e do mundo. Para todos os fins de direito e de posteridade.

O significado atribuído ao episódio não é exagerado. Allende se considerava marxista, mas rejeitou a conquista do poder através da ditadura do proletariado, a fórmula ortodoxa da passagem do capitalismo ao socialismo, através de parto violento (embora Marx tenha terminado seus dias à direita da interpretação sectária das suas idéias, o que o levou à frase codificada: “se isso é marxismo, então eu não sou marxista”). Os italianos também saíram dessa bitola bolchevique, melhor desenvolvida (para pior efeito) por Lênin, mas só Allende chegou ao poder nacional.

Isto, depois de perder três eleições presidenciais seguidas (como Lula, no Brasil – e aí se exaure a coincidência). Na segunda eleição, quando ainda era um fenômeno pouco conhecido, Allende podia ter tido uma vitória mais fácil (oportunidade que se ofereceu a Lula diante de Collor, em 1989, mas ele a desperdiçou, talvez por mais uma intervenção salvadora da sua formidável estrela, embora ao país a alternativa tenha se revelado desastrosa de qualquer modo). A quarta disputa foi duríssima. Como não atingiu os 50% dos votos para a posse automática (ficou com 36,5%, contra 35% do democrata-cristão conservador Jorge Alessandri), sua vitória teve que ser submetida a referendo do Congresso Nacional.

O governo Richard Nixon tentou impedir à força esse reconhecimento, tradição inviolável na democracia chilena, que era a mais duradoura do continente (protegida dos pronunciamentos militares latino-americanos por uma tradição que o tempo iria corroer, sem que os políticos percebessem). Até um respeitado chefe do estado-maior do exército, o general René Schneider, foi assassinado no complô montado pela CIA (a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) para cortar o caminho de Allende. Mas sua trajetória política falou mais alto e ele foi empossado.

No entanto, quase não pôde governar. Enfrentou um poderoso locaute de patrões, que tinha seu ponto forte na paralisação do transporte rodoviário, a espinha dorsal da vida num país tão extenso. Até médicos faziam greve política, deixando de atender a população (embora recebessem clientes particulares, que pagavam, em seus gabinetes e clínicas) O boicote só se sustentou porque verba secreta americana o alimentou. Ainda assim, Allende se manteve nos parâmetros institucionais até o fim.

Ele podia ter endossado a solução armada da esquerda radical, sobretudo do Mir, adepto do “foco” revolucionário à Che Guevara (um fracasso fora de Cuba). Mas se não a reprimiu, por seus integrantes serem companheiros de viagem, não lhes deu os mecanismos para viabilizar a fórmula tradicional do marxismo, que tem resultado em tiranias de esquerda.

Não deixou de cumprir seu programa de nacionalizações e estatizações, que tanta contrariedade causou aos Estados Unidos e um ódio particular – e rudimentar, raivoso – ao presidente Nixon, confirmado por seus assessores mais próximos (como o seu advogado pessoal, John Dean, autor de um retrato devastador do governo mais parecido ao do seu chefe desde então, o de George W. Bush e Dick Chenney, que considerou Pior do que Watergate, livro publicado em 2004 e disponibilizado em português pela editora Francis).
Allende podia ter fugido dos militares que se mobilizaram para depô-lo. Podia também ter convocado seus seguidores à resistência. Sua última mensagem, pelo rádio, já cercado em palácio, foi de desmobilização da resistência, o que provocou a ira dos radicais.

Dada a senha para um possível entendimento posterior, que evitasse a sangria desatada da ditadura Pinochet, teve o gesto altivo de permanecer no Palácio La Moneda, sob bombardeio da força aérea, e deixar seu cadáver como butim para os invasores da sede do poder nacional. A violência da repressão que se seguiu foi tão brutal que esse gesto não teve o valor simbólico esperado. Não virou bandeira de luta. O Chile raspou esse episódio da sua história imediata e partiu para uma solução associada aos EUA, que, graças à cultura do seu povo e à engrenagem social e econômica mantida, resultou no único caso duradouro de crescimento de todas as ditaduras instauradas no continente nesse período.

Costuma-se dizer que um acontecimento só se torna histórico depois de meio século de transcurso. O golpe que depôs Allende e o levou ao suicídio está a caminho desse formalismo. Mas, com 38 anos, não devia mais provocar tantas paixões e absurdos, como os apresentados em várias das mensagens de leitores da coluna que escrevi no site do Yahoo, reprodução quase integral do artigo que saiu neste jornal.

Qualquer que seja a opinião a respeito do governo da Unidade Popular (uma coligação de partidos liderada pelo socialista) e do seu maior líder, a biografia de Allende se impõe às leviandades. Não requer aceitação, mas, por sua dignidade, cobra respeito.

Escrevi o artigo, usurpando a tarefa que me cabe naquele espaço no site, de falar sobre Amazônia & meio ambiente, porque acompanhei em Santiago as últimas três semanas de Allende, como enviado especial do jornal O Estado de S. Paulo. Conversei com ele e seus correligionários. Mas minha base era o jornal El Mercúrio, um dos baluartes da conspiração ilegal contra o presidente constitucional do país.

Vi muitas cenas desse drama com meus olhos, inclusive a movimentação dos agentes da CIA hospedados no hotel Carrera, em frente à sede da embaixada americana e do La Moneda, na rua Teatinos com a Praça da Constituição. Como eu sabia que era gente da CIA? Pelo seu comportamento sem disfarces, como se fossem agentes secretos da Pide portuguesa. Só faltava a identificação na lapela.

Escrevi o artigo para sugerir a uma editora brasileira a publicação de El dia em que murió Allende, de Ignacio Gonzalez Camus (nenhuma deu qualquer sinal de vida até agora). O livro é uma reconstituição detalhada e precisa dos preparativos e da consumação do golpe. Não tem adjetivações. Quem nos dera se os últimos momentos de Getúlio Vargas tivessem tido cronista igual. É um dos mais emocionantes relatos jornalísticos que já li. A riqueza de informações lhe dá calor e vivacidade, como se estivéssemos vivendo (ou revivendo) aqueles dias. Sem o detalhismo ficcional que levou Bob Woodward ao exotismo.

Para os que acham que a avaliação do governo Allende é uma distorção da esquerda, recomendo a leitura de dois livros. O primeiro é The last two years of Salvador Allende, publicado em 1985 nos Estados Unidos (pela Cornell University) e em 1990 no Brasil, pela Editora Civilização Brasileira. O autor é Nathaniel Davis, embaixador americano até sete semanas depois do golpe militar. São 520 páginas de um testemunho único.

O outro livro é The Pinochet File (A declassified dossier on atrocity and accountability), de Peter Kornbluh, publicado nos EUA pela primeira vez em 2003. Suas 587 páginas se baseiam em documentos oficiais do governo americano liberados pouco antes. Já devia ter sido traduzido para o português. Sepulta, na tumba da vilania, todas as mensagens injuriosas, desrespeitosas e desinformadas enviadas para a minha coluna na internet. E permite, a partir de fatos concretos, estabelecer uma base mínima para que a democracia continue a prosperar, afastando de vez a ressurgência de estados policiais na sociedade, dos quais o nazismo de Adolf Hitler foi o paroxismo.

Supermercados abrem no feriado


Comércio em geral, escolas, bancos e órgão públicos estarão fechados, amanhã, feriado de Adesão do Pará à Independência do Brasil.

Apenas os supermercados funciionrão neste 15 de agosto, em Santarém.

“Sim!” a quê, cara pálida?

 
João Carlos Bemerguy Camerini*
O Oeste do Pará experimenta um “aparente” consenso acerca da criação do novel Estado do Tapajós. Correntes político-partidárias as mais diversas brandem a bandeira da separação e se reúnem em torno de uma única e singela palavra: “sim!”. Mas sim a quê? Penso que é o que deve ser desde já questionado.
Talvez seja estratégico para os políticos – não, certamente, para a população – conservar, pelo menos por enquanto, essa questão marginalizada e postergar o seu enfrentamento. É que o seu desvelamento implicaria em alto risco de o debate descarrilhar, por um motivo claro e inerente a uma democracia como a brasileira, que vive em eterna crise de representatividade: é muito fácil e rápido aos políticos chegarem a um consenso quanto ao que é bom para eles próprios, como o aumento de seus salários da noite para o dia, ou a criação de um novo ente federativo repleto de cargos políticos vagos, além de outros tantos “toma lá dá cá”. Mas não é tão simples a esses mesmos partidos concordarem quanto ao que é bom para o povo. Aliás, como cidadão, minha tendência é desconfiar de um discurso tão uniforme quanto monossilábico (pois tudo se reduz ao “sim!”) originado de grupos que, na prática, divergem diametralmente em suas concepções do que seja o desenvolvimento regional.
Ocorre que esse silêncio estratégico possui o efeito adverso de abrir margem para as críticas cotidianamente ouvidas, aqui e alhures, de que o grande acordo em torno do “sim!” serviria para mascarar pretensões neocoronelistas de transformar essa região em um curral econômico e eleitoral de um ou outro grupo político.
E quando menciono um curral, digo-o literalmente. Não há dúvidas de que existem aqueles que desejariam ver Santarém transformada numa espécie de “Sinop Amazônica”, bondosa com o agronegócio, mas cruel com as populações nativas e camadas excluídas dessas bolhas de progresso insustentável, extremamente frágeis a qualquer oscilação do mercado de commodities, além de traduzir um sistema econômico altamente mecanizado e gerador de empregos parcos e de má qualidade. Precisam esses grupos entender que campos de monocultivo podem parecer belos para seus padrões estéticos e desejáveis à sua ambição por acúmulo financeiro, mas eles ofendem o espírito amazônico.
De outro lado, estão aqueles que nem mesmo têm um projeto próprio e se limitam a rezar a cartilha do atual Governo Federal populista e nacionalista, que em sua ideologia industrial deseja reduzir a Amazônia a mero insumo de mineradoras transnacionais e expulsar dessa terra comunidades centenárias para dar lugar às empreiteiras que financiam suas campanhas. Para essas elites políticas locais, importa mais se conservar no poder do que empreender uma corajosa luta em prol da construção de alternativas econômicas e sociais independentes. Esse dito governo popular, na prática é autoritário e reatualiza projetos da Ditadura Militar como Belo Monte e a extração intensiva de minério, sem falar que agora planeja crivar a bacia do nosso amado Rio Tapajós com mais de uma dezena de grandes barragens, que não servirão, como nunca serviram, nem para iluminar a várzea do Baixo Amazonas, historicamente carente de eletricidade, nem tampouco para conter as tarifas abusivas impostas ao consumidor mais necessitado.
Portanto, já é hora que colocar as cartas na mesa e esboçar, de modo democrático, um plano de desenvolvimento capaz de dar credibilidade a essa demanda histórica da população oeste paraense, e conferir ao cidadão local a oportunidade de saber com o que, exatamente, irá concordar no plebiscito que se avizinha.
Seria bom esclarecerem, por exemplo, para não ficarmos apenas nas críticas:
O que farão para viabilizar o turismo, além de promover, na época do Çairé, transporte para uma massa local que muitas vezes destrói e desorganiza o potencial turístico da cidade? Essa é uma alternativa econômica inexplorada, que distribui renda e faz girar como nenhuma outra a economia local, do comércio urbano ao artesanato nativo, do setor de entretenimento ao de alimentos, da hotelaria ao agenciamento de pacotes turísticos. Tudo isso disponibilizado a um público com disposição a pagar e sem pressão excessiva sobre os ciclos ecológicos e recursos naturais.
O que farão para que a descida da soja de Blairo Maggi pela BR-163 não traga consigo a desterritorialização das comunidades locais, o êxodo rural e a desfiguração total da geografia e da paisagem oeste paraense? Definitivamente, o caminho não parecer ser o corte dos investimentos na agricultura familiar e o atual abandono dos assentamentos existentes, que não dispõem de incentivo e infraestrutura mínima para a produção.
Como garantir o uso sustentável de nossas florestas, se a lei que prevê a preferência à concessão de florestas públicas para manejo comunitário madeireiro e não-madeireiro não sai do papel, e todas as concessões acabam beneficiando grandes empresas, que são as únicas capazes de satisfazer as intermináveis exigências burocráticas do Governo? Se o aproveitamento múltiplo e racional da floresta em pé não for priorizado, continuaremos entregues à exploração ilegal de madeira que prolifera diante da ausência do Estado, algumas vezes utilizando mão-de-obra semiescrava.
Enfim, qual a proposta desse movimento pelo Estado do Tapajós de modelo energético adaptado a uma Amazônia não-urbana, cortada por grandes e lendários rios, sem agredir e impedir a vida das comunidades ribeirinhas? Não se pode mais continuar com essa lógica ambientalmente injusta que distribui desigualmente os ônus e os bônus do crescimento econômico. Não se pode mais repetir o discurso de que os impactos serão suportados apenas por poucos índios ou caboclos e beneficiarão milhões de “brasileiros”, pois de meia dúzia em meia dúzia já são mais de um milhão de pessoas expulsas por barragens no Brasil.
Assim, aos fautores do novo Estado, se querem superar as críticas e fortalecer esse processo de luta pela autonomia e pelo desenvolvimento a partir das necessidades endógenas do Oeste do Pará, é melhor levarem a sério essas e outras questões, agora que foi dada a largada desse movimento em direção à emancipação de nossa gente e de nossa terra. A sociedade civil está assistindo.


[1] É advogado, mestre em direito socioambiental. Assessor jurídico da Terra de Direitos Organização de Direitos Humanos.