sexta-feira, 11 de junho de 2010

Para refrescar a memória dunguista

Por Mauro Cezar Pereira

Dizem que o trabalho de Dunga é “incontestável”, com números “excelentes”, que conquistou “tudo”. Ele obteve expressivos resultados, inclusive sobre rivais como Argentina, Itália e Inglaterra. Nem sempre foi assim. Façamos como o próprio técnico, que costuma pedir aos jornalistas para “refrescar a memória”. Em 2006, empate com a Noruega e 3 a 0 sobre a Argentina de Alfio Basile com apenas dois titulares de hoje, Mascherano e Messi. Novo jogo relevante só na derrota (0 a 2) para Portugal de Felipão. Na escalação, a defesa da Copa: Maicon, Lúcio, Juan, Gilberto e Gilberto Silva. Contra a Turquia, Afonso titular e 0 a 0 no placar.

Copa América: na estreia, México 2 a 0. Depois, 3 a 0 no freguês Chile e fraca atuação no 1 a 0 sobre o Equador. Seria fantástico para Dunga se jogasse apenas contra os chilenos, que no duelo seguinte levaram de 6 a 1. Com o Uruguai, 2 a 2. Jogo sofrível. Nos pênaltis, Pablo García perdeu a chance de definir. Lugano errou e a vaga na final foi para o Brasil, que pouco mostrara. Na decisão contra a Argentina, aula de contra-ataque, 3 a 0 e título que ofuscou os muitos maus momentos. Mas eles voltariam nas Eliminatórias, em empates na Colômbia e no Peru. Houve os 5 a 0 sobre um Equador em crise, que três dias antes perde–ra em casa para a Venezuela. Eram más atuações até em vitórias, como nos 2 a 1 sobre o Uruguai, quando a torcida chegou ao Morumbi pedindo Rogério Ceni e foi embora aplaudindo Julio Cesar.

Em 2008, história: a primeira derrota para a Venezuela. Nova queda (0 a 2) diante do Paraguai e empate sem gols com a Argentina em noite de vaias dos mineiros ao técnico e aplausos a Messi. Reação veio nos 3 a 0 sobre o… Chile, claro. Os venezuelanos também imaginaram ser possível encurralar os brasileiros, ofereceram o contra-ataque e levaram 4 a 0. Já no Brasil, pífios jogos sem gols com Bolívia e Colômbia. No amistoso com Portugal, 6 a 2! Logo depois, Julio Cesar segurou o bombardeio do Equador, que finalizou mais de 30 vezes em Quito.


São Raimundo escapa da seletiva para 2011

São Raimundo, Paysandu, Águia, Remo, Cametá e Independente ficarão aguardando os dois melhores colocados da seletiva que acontece ainda este ano para a disputa do título de Campeão Paraense de 2011. O Conselho Técnico da Federação Paraense de Futebol definiu ontem o formato do Campeonato Paraense para os próximos dois anos (2011/2012).

Ficou acertado que os seis times de melhores campanhas permanecem na elite do futebol paraense e os dois últimos terão que disputar a primeira fase do campeonato do ano seguinte, também conhecida como seletiva.

O campeonato paraense continuará contando com a participação de 8 times.
(C0m informações da ass. imprensa do SREC)

Alumínio: verticalizar onde mesmo, cara-pálida?

Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal

Ao contrário do que pensam os “estrategistas paraenses”, a venda das empresas de alumina e alumínio de Barcarena e da jazida de bauxita de Paragominas à Norsk Hydro (ver Jornal Pessoal nº 464) não vai impedir a verticalização do alumínio. Acontecerá exatamente o inverso, proclamou Roger Agnelli, presidente da antiga Companhia Vale do Rio Doce, em entrevista exclusiva a O Liberal, no dia 22. A matéria, como todo o noticiário do jornal já divulgado sobre a questão, limita-se a repassar a resposta de Agnelli, um dos maiores anunciantes da folha dos Maiorana, a esses “estrategistas” (quais seriam, ninguém sabe; o tema foi pouco noticiado na mídia e quase nenhuma repercussão teve na opinião pública, apesar da sua relevância, provocando apenas um discurso do deputado Zenaldo Coutinho, do PSDB, no plenário da Câmara Federal).

Ele tem toda razão – e nenhuma. A produção de alumínio da Albrás, que estancou em 460 mil toneladas há vários anos, deverá crescer. Mas é pouco provável que isso venha a ocorrer no Pará ou mesmo no território brasileiro. Talvez a Albrás até venha a ser fechada, conforme uma das especulações surgidas depois da transação com a empresa norueguesa. O motivo poderia ser o que Agnelli apontou: o alto custo da energia.

Ele disse que a Albrás, consumindo 800 megawatts de energia (é a maior consumidora individual do Brasil), paga à Eletronortre 45 dólares por MW. É 20% mais do que a tarifa máxima prevista para a hidrelétrica de Belo Monte. A conta de energia da Albrás, que compra um grande bloco (uma vez e meia mais energia do que toda Belém), seria de US$ 26 milhões ao mês (mais de US$ 310 milhões ao ano). O custo da energia teria o peso de US$ 675 em cada tonelada de lingote produzida pela fábrica. Significa que o preço de venda teria que ultrapassar US$ 2 mil por tonelada para ser rentável, o que não estaria acontecendo, embora, desde novembro do ano passado, o preço do alumínio experimente recuperação no mercado internacional, voltando a superar esse patamar.

Em outros lugares a energia está mais barata. A Norsk Hydro, por exemplo, teria 12 hidrelétricas ociosas espalhadas pelo mundo, em condições de serem ativadas para produzir alumínio – mas não, evidentemente, em Barcarena. A nova proprietária podia manter a fábrica paraense apenas por uma questão política e estratégica, ou para atender aos japoneses, que ficam com 49% da produção, em função de sua participação societária (mas podem fazê-lo através de outra unidade, bastando garantir quantidade e preço contratuais). A Norsk poderia também abrir mão da produção de metal no Pará, como já vem fazendo na própria Noruega, desativando produção que é onerada pelo peso da energia.

Ainda mais se vierem a ter procedência as versões de que Dilma Rousseff, se eleita sucessora de Lula, promoveria uma reestatização em alguns setores da economia brasileira, incluindo o metalúrgico. Esta teria sido uma das motivações da Vale para se desfazer de toda a área do alumínio. Esses boatos podem também não passar de balão de ensaio ou manobra diversionista diante da realidade de que, independentemente de suas motivações, a transação, no valor global de quase US$ 5 bilhões, significa uma involução no processo produtivo brasileiro, ou, mais especificamente, paraense.

A verticalização, que antes existia (ou era tentada) em território estadual, agora vai se realizar internacionalmente. O Pará atuará apenas – ou com maior ênfase, se a Albrás for preservada – nas etapas anteriores, de produção de bauxita e de alumina, em escalas crescentes. A Norsk Hydro disporá de uma das maiores jazidas do minério que há, em Paragominas, e com direitos de saque em outra, a do Trombetas, que poderão chegar a 45% do total (ela já tem 5% e poderá contar com os 40% da Vale, que não lhe pode transferir essas ações por norma contratual, mas pode lhe repassar o minério). Assim, terá algo como 15 milhões de toneladas de bauxita, o suficiente para suprir integralmente a Alunorte, a maior fábrica de alumina do mundo. Agora poderá desenvolver ao lado dela outra fábrica do mesmo porte, a Companhia de Alumina do Pará (CAP), que a Vale também vendeu à Dubala (Dubai Aluminium), empresa dos Emirados Árabes Unidos, que pretende se tornar a maior produtora de alumínio do mundo.

Nessa verticalização, o Pará funcionará como escada para projetar bem mais longe a multinacional norueguesa, agora com 22% de suas ações em poder da multinacional brasileira, que irá faturar financeiramente sem se envolver com as questões de produção. Melhor para ela, pior para nós.

Manchetes desta sexta-feira de O Estado do Tapajós

Jogos do Brasil mudam rotina de estudantes e servidores

Alunos perdem ritmo de estudos por causa de frequentes greves

Câmara dos Deputados quer punir flanelinhas com prisão

Moradores boicotam pagamento do IPTU

Ibope prevê vitória de Simão Jatene no segundo turno

Alumínio: verticalização onde mesmo, cara-pálida?

Cadeirinhas e assentos estão em falta em Santarém