quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A Amazônia que morre

Lúcio Flávio Pinto
 
Fui um crítico constante da hidrelétrica de Tucuruí durante sua construção, de 1975 a 1984, ano em que a usina, instalada sobre o leito do rio Tocantins, foi inaugurada, como a quarta maior do mundo. Mas não era um crítico à distância: estava sempre na obra. E, por incrível que pareça, conversando com os “barrageiros”, que me atendiam. O diálogo parecia então mais fácil do que agora, talvez porque tinha um tom mais marcadamente técnico.

Certa vez, um deles, para me demonstrar que todos ganhariam com a hidrelétrica, me levou para percorrer as novas cidades. Elas estavam sendo preparadas para receber a população que seria remanejada da beira do rio para a formação do reservatório. O futuro lago artificial, o segundo maior do Brasil, alagaria uma área de três mil quilômetros quadrados (mais de duas vezes o tamanho de Belém, com seus 1,4 milhão de habitantes).

O engenheiro tinha todos os motivos – mas os seus motivos – para achar que os ribeirinhos viveriam muito melhor nas novas cidades. Lá eles teriam casas de alvenaria, ruas pavimentadas, água, luz e todos os serviços básicos, que não existiam na margem do rio. Mas eu não tinha dúvida de que os remanejados não iam partilhar a convicção do técnico.

É claro que eles estariam em melhores condições materiais num núcleo urbano planejado. Mas lhes faltaria no novo domicílio algo que todas essas vantagens não seriam capazes de compensar: o próprio rio.

O Tocantins era sua rua, sua fonte de água, de alimento, de trabalho, de vida. Depois de tantas gerações se sucedendo na margem do vasto curso d’água, tirar dele as vantagens, minimizando os prejuízos eventuais, era o grande patrimônio dessa população. Um aprendizado de séculos. Conhecimento experimental, empírico, sofrido, valioso, único.

Subitamente, são remanejados rigorosamente manu militari (o primeiro presidente da Eletronorte, subsidiária da Eletrobrás responsável pela hidrelétrica, foi um coronel-engenheiro do Exército, Raul Garcia Llano). O legado de séculos no trato com o ciclo das águas, subindo e descendo por turnos semestrais, se tornou inútil na terra firme, longe do rio, em ambiente pouco conhecido.

Pelos critérios quantitativos, o engenheiro podia provar matematicamente que a mudança foi positiva. Por essa régua, também é superavitário o balanço da transformação que ocorreu na Amazônia no último meio século, principalmente em função de “grandes projetos”, como o de Tucuruí, que representou investimento superior a 10 bilhões de dólares.

Mas o triunfalismo da história oficial se vale da ausência de um índice capaz de medir e traduzir numericamente a felicidade. Se houvesse esse indicador de satisfação, ele revelaria a tristeza do homem obrigado a trocar o rio à sua porta pela casa de alvenaria no meio da mata – que, aliás, desapareceu.

O homem da Amazônia é detalhe ou enfeite no “modelo” (que nada tem de modelar) de integração forçada da região ao país e ao mundo. Modelo definido a partir de fora para fazer a vontade do migrante, seja ele pessoa física ou empresa, João da Silva ou Vale do Rio Doce, nascido no país ou vindo do exterior (quanto mais distante, mais poderoso).

Para a “modernização” compulsória pouco importa que o nativo esteja ou não feliz. Seu mundo está condenado a desaparecer. Tudo que é considerado primitivo, atrasado e isolado será progressivamente esmagado pela máquina que produz mercadoria, à medida que ela vai avançando sobre as novas áreas. Seu rótulo é a única fonte válida de valor, do que interessa ao mercado. O mais é descartável, inútil.

Jornalista é convidada para dirigir a Funtelpa


A jornalista Marlice Bemerguy, ex-editora da TV Record Belém, foi convidada pelo governador Simão Jatene para assumir a presidência da Fundação de Radiodifusão do Para(Funtelpa).

Marlice tem até hoje para dizer se topa ou não comandar a TV/Rádio Cultura. 
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Atualização às 15h30:

O secretário de comunicação do estado Ney Messias anunciou ainda há pouco, pelo twitter, que o governador Simão Jatene escolheu a também jornalista Adelaide Oliveira, apresentadora da Tv Nazaré, para a presidência da Funtelpa.


O homem do delegado-geral

O delegado Gilberto Aguiar é o nome preferido pelo delegado-geral Nilton Athayde para ocupar a suprintendência de Polícia Civial do Baixo-Amazonas.

Se Gilberto não sobreviver ao desgaste que vem sofrendo por causa de um episódio familiar, o delegado Sílvio Birro será o indicado para o cargo.

Os nomes de Helenilson


O vice-governador Helenilson Pontes fez uma lista particular de nomes que gostaria de ver na direção de órgãos estaduais em Santarém.

Encabeçam a lista a advogada Roberta Merabeth, indicada para o Detran, o pedago Dayan Serique recomendado para a 5a. Unidade Regional de Educação e o odontólogo Ildemar Portela sugerido para a chefia da Sespa.

Vice-campeão


Santarém é o vice-campeão em casos de dengue na região oeste do Pará, perdendo o posto apenas para Itaituba.

De 2009 para cá, o número de casos da doença aumentou em cerca de 40%.

No olho da rua


A prefeita Maria do Carmo abriu o saco de maldades em 2011.

Mandou para o olho da rua centenas de servidores temporários sob a alegação de que chamará concursados para essas vagas.

A barca da dispensa aportou nas secretarias de cultura, infra-estrutura e educação.

Só na Semed, 60 temporários foram dispensados, a maioria professores da região dos rios.