domingo, 13 de março de 2011

Nova corrida ao ouro paraense


O Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, dispõe de números que confirmam a nova corrida ao ouro no Estado do Pará. Num levantamento ligeiro, limitado somente às áreas com alguma tradição garimpeira, o Departamento confirmou, na sexta-feira, a existência de quase duas centenas de autorizações de pesquisa específicas para exploração de ouro em alguns municípios do Pará. Entre eles está Altamira, com 18 autorizações, Eldorado dos Carajás com 8, Marabá com 17 e Parauapebas com 15.

AUTORIZAÇÕES

Um caso especial é o município de Itaituba, no vale do Tapajós, região oeste do Pará. Berço da mais intensa atividade garimpeira do mundo durante quatro décadas (1950/1990), Itaituba conta hoje com 86 autorizações expedidas pelo DNPM só para pesquisa de ouro. No município de Itaituba já está confirmada a descoberta de pelo menos duas jazidas de classe mundial e se encontra em operação a única mina de exploração mecanizada hoje existente no Pará, a Serabi Mineração. Antes dela, o Pará só teve uma mina mecanizada de ouro – a do Igarapé Bahia, explorada pela Vale em Carajás na década de 1990, com produção realizada de quase 100 toneladas. A próxima será a Nova Serra Pelada, em Curionópolis.

Quando o assunto é ouro, aliás, Itaituba sempre é capaz de surpreender e impressionar. Além da única mina mecanizada e do grande número de autorizações de pesquisa, o município concentra também o maior quantitativo de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG). Esse tipo de autorização é concedido pelo DNPM a empresas e pessoas físicas exclusivamente para a extração de ouro em depósitos secundários, através de processo manual ou mecanizado, em áreas não superiores a 50 hectares.

De acordo com o superintendente em exercício do DNPM no Pará, Raimundo Abraão Teixeira, existem hoje cerca de quatro mil PLG’s expedidas para o município de Itaituba. Ele lembra, porém, que por volta de 1993 a 1995, quando o Ministério de Minas e Energia autorizou essas permissões, houve uma verdadeira avalanche de pedidos para aquele município. “Nós chegamos a ter naquela época mais de 40 mil requerimentos somente para Itaituba”, finalizou. (Diário do Pará)

Políticos de ontem, as cópias de hoje

Lúcio Flávio Pinto:

Amazonino Mendes, prefeito de Manaus(Foto: A Crítica)
Voltou a ser moda falar mal de Carlos Lacerda. É o satanás da esquerda, o político reacionário, capaz das maiores vilanias, o matador de presidentes, o golpista. Lacerda foi um pouco de tudo isso. Mas também foi muito mais. Tinha carisma, idéias na cabeça, audácia e coragem pessoal. Os que hoje lhe atiram pedras, como ontem, costumam manter a devida distância. Não era fácil enfrentar pessoalmente o “corvo”.

Um dos mais proveitosos e deliciosos depoimentos já prestados por um político no Brasil é a longuíssima entrevista que ele concedeu a repórteres do Jornal da Tarde (o vespertino de O Estado de S. Paulo, sob o comando de Ruy Mesquita, o mais lacerdista da família) e publicada pela Editora Nova Fronteira, do próprio Lacerda (Depoimento, 3ª edição, 1987, 493 páginas).

É difícil manter os estereótipos armados contra ele depois dessa leitura. Mas principalmente depois de ver a foto em que Lacerda aparece cercado por todos os lados por presidiários rebelados na penitenciária Lemos de Brito, no Rio de Janeiro. O então governador da Guanabara não mandou ninguém nem se cercou de seguranças. Debelou a rebelião na conversa, olhando os presos diretamente nos olhos.

Qual político faria isso hoje, paparicado e guiado por legiões de assessores e marqueteiros? Antes de qualquer movimento, os políticos profissionais dos nossos dias consultam pesquisas, estudos e conselhos ao pé de ouvido. Não há mais espontaneidade e quando ela emerge por cima de todos os controles, é um desastre.

Como a do prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, mandando para o quinto dos infernos a moradora recalcitrante de uma área de risco da capital amazonense, ameaçada de ruir.A mulher tentava argumentar com suas condicionantes e misérias para não sair do local. Ao invés de continuar o diálogo e oferecer-lhe alguma coisa real para começar nova vida, o alcaide, irritado, explodiu: “Então morra, morra”.

Ao saber que Laudenice Paiva, separada, desempregada, com três filhos para criar, morando em ocupação irregular, era paraense, Amazonino, filho de pai paraense, terminou de entornar o caldo da maledicência: “Então está explicado”.

Ainda não. O Pará sempre foi mais local de atração, destino de imigrantes. Nos últimos anos assumiu um novo papel, o de local de saída, de fuga da população, sobretudo a do oeste do Estado, mais ligada atualmente a Manaus do que a Belém. Um dos mais novos bairros da capital manauara tem 80% de paraenses, em sua grande maioria santarenos. Eles agora experimentam na pele o que muitos imigrantes sofriam (ou ainda sofrem) no Pará.

A discriminação aos paraenses no Amazonas (e em toda a Amazônia Ocidental) tem causas históricas, a partir da função sub-colonial de Belém durante a exploração da borracha. Um pouco do sangue espalhado pelos altos rios na busca do látex ficava nos bancos e casas aviadoras da rua 15 de Novembro, que costumava ser implacável com os devedores, cumprindo com rigor as ordens superiores. Hoje a rivalidade virou misto de ressentimento e raiva pela competição.

A atitude do prefeito, porém, não tem origem tão profunda. Ela traduz o cinismo dos políticos profissionais ao lidar com o cidadão fora da época de colheita de votos. É um desprezo que parecia só existir na recriação literária. Quando se via Chico Anysio na pele de Justo Veríssimo, sempre desejoso de ver o povo explodir, dava-se de troco o exagero. Hoje, é uma pálida reprodução da realidade de Amazoninos et caterva.

Falta grandeza e sensibilidade aos políticos nos nossos dias. O direitista Lacerda foi à massa de presidiários enfurecidos bancado apenas por sua oratória e raciocínio. O governador Simão Jatene podia ter pegado um avião e ido a Manaus buscar sua conterrânea desfavorecida e trazê-la de volta à sua terra, oferecendo-lhe algo melhor do que a sentença de morte do prefeito de Manaus. Mas este tipo de político está fora de cogitação. Só existe na memória de quem ainda a cultiva, ainda que erroneamente.

Se o Café Fosse cultivado em São José do Acará?

Por Hélcio Amaral
Do Blog do Paju
(...)
Na metade de século XIX, a máquina a vapor conquistava o planeta, as distâncias diminuíram entre os continentes e um novo sonho passou a ser freqüente na mente dos que amavam a mecânica e a física, fazer o homem voar como os pássaros, e diminuir ainda mais as distâncias que os separavam. Foram inúmeras experiências com homens alados, coleta de gotículas de orvalho, guardas-chuva expostos às correntes aéreas e muitas outras.

Estes mesmos sentimentos brotaram na cabecinha de Júlio César Ribeiro de Sousa, um menino pobre nascido em 13 de junho de l843 na Vila de São José do Acará, Província do Grão Pará, território do Império brasileiro. Sua alfabetização ocorreu na vila natal, com seus familiares. O curso preparatório foi realizado no Seminário Menor de Belém, graças ao apoio recebido do bispo do Pará, Dom Antonio Macedo Costa. Posteriormente ingressou na Escola Militar, no Rio de Janeiro, em 1862 e prestes a se formar, irrompeu a guerra entre o Brasil e o Paraguai. Júlio César pediu baixa da Escola e alistou-se no Batalhão de Voluntários da Pátria partindo para o Paraguai onde permaneceu 3 anos retornando quase ao fim da guerra, chegando ao Pará no começo de l870.

(...)
Em agosto de 1870 contraiu núpcias com a senhora Vitória Filomena do Vale, a qual se tornou a verdadeira parceira na defesa de seus ideais. O balonismo virou moda em Parias, então centro das artes, da ciência, das modas, da aeronavegação onde todos os sábios procuravam descobrir os dois segredos até então desconhecidos: O PONTO DE APOIO NO AR e a DIRIGIBILIDADE DOS BALÕES E AEROSTATOS.

Júlio César, de l875 a l880, passou a interessar-se pelo vôo dos pássaros, tão abundante em Belém à sua época, observando sistematicamente cada espécie, em dias de pouco ou regular vento assim como com bastante vento. Até os insetos passaram a merecer suas observações. Comparando resultados, acabou por entender o mecanismo do vôo tanto dos pássaros como dos insetos. Assim que compreendeu porque os pássaros podiam voar apercebeu-se que o homem também poderia voar, desde que o pássaro mecânico fosse invertido, tivesse asas e lemes móveis e seu corpo tivesse a forma de um pássaro. – FUSIFORME DISSIMÉTRICA AERODINÂMICA.

(....)

De Belém, Júlio César parte para o Rio de JANEIRO, onde publica na imprensa local, vários artigos sobre Navegação Aérea, e solicita uma subscrição popular para cobrir os custos de um grande balão que havia deixado encomendado em Paris e que viria a ser o segundo Dissimétrico Aerodinâmico do mundo, o qual denominou de SANTA MARIA DE BELÉM. No dia 29 de março de 1883, no pátio externo da Escola Militar, na Praia Vermelha, Urca, fez demonstração do ¨LE VITÓRIA¨ presente a população da cidade, onde se encontrava como convidado especial o próprio Imperador do Brasil, Dom Pedro II.

O Jornal do Comércio, do dia seguinte, faz um exaustivo relato da demonstração, confirmando que o Balão subiu a l20 metros de altura e conseguiu andar contra o vento. O Governo Imperial convencido do sucesso concedeu-lhe um auxílio de 200 mil francos franceses a serem recebidos parceladamente e o restante a ser arrecadado por meio de doações, subscrições, leilões e bazares a serem realizados em todas as Províncias do Império.

Informado da conclusão do SANTA MARIA DE BELÉM, de 50 metros de comprimento, Júlio César parte para Paris e lá verifica que o balão não está de acordo com a encomenda o que faz aumentar o custo que vai além dos recursos disponíveis obrigando-o a solicitar das províncias brasileiras um auxílio especial, tendo sido atendido com 16 mil contos de reis, pela Província do Amazonas, fato que fez atrasar o projeto por mais de um ano. Por falto de recurso técnico na cidade de Belém, para repor uma peça danificada na hora da montagem, o balão foi guardado dependurado na nave central da Catedral de Belém, à época em reparos, transformando-se assim, no primeiro HANGAR DO BRASIL. Lutando sem recursos financeiros para patrocinar suas viagens a Paris e para fabricar o gás necessário à experiências o grande Júlio César Ribeiro de Sousa, viu seu invento ser plagiado por Renard e Klebs, usado no seu balão LA FRANCE, consagrando-se num verdadeiro roubo científico. O clamor de Júlio César, e os protestos do Instituto Politécnico, com apoio do ImperadorPedro II não conseguiram impedir os dois franceses de continuarem usando os princípios científicos descobertos e patenteados por um dos mais gloriosos filhos do Pará.

O Pará homenageia o filho ilustre dando seu nome ao Aeroclube de Belém e a principal avenida que leva ao Aeroporto de Val de Cães. A este ilustre brasileiro do Pará, cabe perfeitamente a célebre frase do presidente norte americano Abrahan Lincoln: “O QUE IMPORTA O NINHO SE O OVO É DE ÁGUIA”

Se o café tivesse sido cultivado na então Vila de São José do Acará, gerando grandes recursos, provavelmente o pai da aviação teria sido paraense.

Leia o texto na íntegra aqui

Destruição em Urucurituba


A força das águas do rio Amazonas destruiu ontem, cerca de 500 metros das terras da orla da comunidade de Urucurituba, comunidade de Santarém, localizada as margens do rio Amazonas.

Não houve vítimas fatais, só danos materiais, mas os Bombeiros foram deslocadaos às pressas para aquele local em companhia da Defesa Civil do município.