Lúcio Flávio Pinto
Articulista de O Estado do Tapajós
Carajás
pode vir a ser o grande tema da eleição de 2014. Os grupos políticos com
aspiração ao poder já montam suas bases no sul do Estado para uma disputa que
promete ser intensa. Pode ser simplesmente para definir ou consolidar uma forte
base política local. Mas pode ser também um passo alentado para a retomada do
projeto da criação do Estado de Carajás.
Há
movimentos visíveis e barulhentos, como os antagonismos em torno da nova
diretoria da Associação dos Municípios do Araguaia-Tocantins. O governador
Simão Jatene deslocou seus emissários para pressionar pela eleição de Sancler
Ferreira, de Tucuruí, que acabou vencendo João Salame, de Marabá.
A
grande diferença de votos indicaria a força de Jatene no sul do Pará. Mas pode
não ser exatamente assim. Salame era do esquema de apoio aos tucanos até se
desentender com o líder maior do PPS, o deputado federal Arnaldo Jordy, que
aderiu por inteiro ao esquema de poder do PSDB.
A
divergência, que podia ser considerada apenas paroquial, foi ganhando
substância à medida que Salame foi se tornando porta-voz de uma nova investida
pela redivisão territorial do Pará. Como não está mais garantida pacificamente
a manutenção da liderança de Marabá sobre as demais regiões, Salame precisa
demonstrar sua disposição através de atos concretos.
Ele
acusou o governador de ter recorrido a meios nada éticos para conquistar
adesões entre os prefeitos da Amat, a mais antiga das associações de municípios,
prometendo ou realizando obras de nítido objetivo eleitoreiro. A reação
corresponde a um autêntico rompimento. Como o governo já mostrou que vai usar
todas as suas armas para se impor politicamente na região, o prefeito de Marabá
não tem alternativa senão procurar um aliado forte.
Esse
aliado parece ser Jader Barbalho, que está concentrando sua atuação na região
de Carajás. Além de visitas constantes aos municípios que integram o território
do pretendido novo Estado, o líder do PMDB está criando uma estrutura de
suporte para aviventar sua presença numa área que o tem hostilizado, mas na
qual está longe de se ter incompatibilizado.
Sua
nora, casada com Jader Filho, tem uma universidade baseada em Marabá que está
se ampliando. É uma boa fonte de prestígio e influência. Mais do que ela, é o
jornal Correio do Tocantins, o mais antigo e de maior penetração na
região.
A
propriedade do jornal saiu das mãos do seu fundador, Mascarenhas de Carvalho, e
da empresa que ele criou, a Marabá Comunicações. Mascarenhas já só aparece no
expediente como fundador. A direção efetiva é de e a empresa responsável passou
a ser a Carajás Rede de Comunicação, que tem como presidente João Chamon Neto e
como diretor de redação Patrick Roberto.
Por enquanto, o
tema da redivisão está latente.Mas logo se apresentará e terá nova força.
Apostará na incapacidade de Belém continuar a ser a capital de todo o vasto
Pará.