terça-feira, 15 de março de 2016

Jader: do zero ao 80

Lúcio Flávio Pinto

O senador Jader Barbalho diz que a sua relação com a corrupção na Petrobrás é zero. Talvez seja verdade. O único elo possível dele com a organização criminosa formada na estatal é tênue: a presença do lobista Jorge Luz em certa intermediação.Paraense de nascimento, mas criado no Rio de Janeiro, Luz foi presença nos bastidores da transição de Jader para Carlos Santos, seu vice, no final do seu segundo mandato. Jader se desincompatibilizou para concorrer ao Senado e Carlos assumiu o governo por nove meses.
Mas não é zero a presença de Jader no setor elétrico. Como não é zero, muitíssimo contrário, a influência do ex-presidente José Sarney e de seus protegidos, Édison Lobão e Silas Rondeau. Eles formam um núcleo que atuou sobre a Eletrobrás e a Eletronorte, e está conectada ao desvio de dinheiro da obra da hidrelétrica de Belo Monte para financiar, pelo caixa 2, as campanhas do PT e do PMDB nas eleições de 2010 e 2014. Pode ser que Jader Barbalho tenha recebido parte dos recursos.
Sintomático dessa engrenagem foi a reação do ex-ministro Antonio Palocci de integrar um triângulo, com Rondeau e a ex-ministra Erenice Guerra, que comandava o esquema de corrupção em Belo Monte, a maior obra do PAC, com custo de 32 bilhões de reais. Em nota, ele disse que o senador Delcídio do Amaral deve ter feito referência a outra pessoa.
Ela deve ser seu irmão, o diretor de Planejamento e Engenharia da Eletronorte, Adhemar Palocci. afastado de suas funções quando seu nome foi citado na delação premiada de Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa, como alguém com "algum envolvimento com o recebimento das propinas" nas obras de Belo Monte. Ele era diretor e eminência parda na Eletronorte há vários anos, com todo suporte do PT. Sarney e Jader dividiam a outra área da Eletronorte.