quarta-feira, 18 de maio de 2011

Projeto do plebiscito do Tapajós entra em pauta quarta-feira na Comissão de Justiça do Senado


O deputado federal Lira Maia(DEM-PA) informa que o projeto de decreto legislativo originário do Senado, aprovado pela Câmara, que autoriza a realização de plebiscito para a criação do estado do Tapajós está na pauta ordinária da próxima quarta-feira da Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal.

Von torna-se membro do conselho universitário da UEPA e encaminha pleito dos acadêmicos de Santarém


O deputado estadual Alexandre Von(PSDB) assumiu hoje, por ocasiãos dos festejos dos 18 anos de criação da UEPA, a representação da Assembléia Legislativa no conselho universitário daquela instituição.

Em sua primeira manifestação como conselheiro, Von solicitou à reitoria da UEPA a instalação do laboratório de cirurgia experimental do curso de Medicina de Santarém.
 

Alter do Chão, bonito até debaixo d'água

Alter do Chão, Santarém, nesta época do ano em que se dá o período da enchente do rio Tapajós

Titular da Secom informa que contrato de hemodiálise do Hospital Regional foi reduzido em R$ 400 mil



Pelo twitter, o secretário de comunicação do governo do Estado, Ney da Conceição Messias, informa que a Sespa reduziu em R$ 400 mil o valor do contrato do serviço de hemodiálise do Hospital Regional do Baixo-Amazonas, administrado pela OS ProSaude, cujo superfaturamento foi denunciado pelo deputado Alexandre Von(PSDB) no final de fevereiro deste ano.

Entidade não explica como gasta metade do dinheiro proveniente da lavra da bauxita


Clique na imagem abaixo para ampliar.


Hospital Regional de Santarém: ProSaúde não é o que parece

Miguel Oliveira  


A versão difundida pelo diretor Herberth Moreshi de que está havendo pressão política para o afastamento da ProSaúde da administração do Hospital Regional do Baixo-Amazonas esconde, de fato, uma guerra de bastidores que vem sendo travada desde o governo Ana Júlia.

Para relembrar, a ProSaúde, atual gestora, foi a terceira Organização Social classificada pela licitação aberta pela Sespa, em dezembro de 2006 mas, surpreendentemente, foi habilitada após o descredenciamento da OS Maternidade do Povo, primeira colocada, e de uma OSCIP do Paraná, que gerenciou o HRBA por alguns meses, até que a Sespa entronizasse a Pro Saúde naquele hospital, já no governo Ana Júlia.

De lá para cá o que se assistiu no Hospital Regional foi a um festival de denúncias de superfaturamento de serviços, greve de médicos por atraso de salários, negativa de prestação de contas perante a sociedade civil e poder legislativo, bem como o retardamento da prestação de serviços de alta complexidade, quando não a sua própria não efetivação.

Não se pode confundir, no bojo dessa discussão, que terceirização da administração do Hospital Regional do Baixo-Amazonas seja transformada numa privatização, com o governo pagando os custos e a ProSaúde administrando o HRBA como se fosse um ente particular, cuja gestão esteja acima do bem e do mal. Desde semana passada, o HRBA afixou placas de outdoors pela cidade informando que se credenciou junto ao organismo nacional do câncer, omitindo o nome da Sespa e negando que essa conquista foi obtida pelo governo Simão Jatene. Até a logomarca do estado do Pará foi usada de forma indevida.

Há vários meses, noticiei mais um escândalo da ProSaúde, sem que a Sespa tenha tomado providências de apurar e de vir a público fazer os esclarecimentos necessários. O serviço de hemodiálise que é contratado pela ProSaúde custa aproximadamente 750 mil reais e é executado pela firma paulista Ganso, sendo que o mesmo serviço pode ser efetuado por menos de 300 mil reais.

Some-se a essa farra com o dinheiro público, por exemplo, a demora na transferência de pacientes na Emergência do Hospital Municipal de Santarém para o Hospital Regional, e as cirurgias cardíacas. O HRBA dispõe de um especialista no hospital regional, mas que este não está podendo fazer as cirurgias cardíacas por falta de condições de trabalho. O que a ProSaúde exige da Sespa para implantar essa especialidade é um aditivo de R$ 300 mil reais a um contrato sabidamente superfaturado no governo passado.

Por fim é bom lembrar: Esses arroubos da direção do HRBA visam, apenas, desviar o foco das atenções para que o referido contrato seja renovado. A qualquer custo.

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Atualização às 15h30.


Pelo twitter, o secretário de comunicação do governo do Estado, Ney da Conceição Messias, informa que a Sespa reduziu em R$ 400 mil o valor do contrato do serviço de hemodiálise do Hospital Regional do Baixo-Amazonas, cujo superfaturamento foi denunciado pelo deputado Alexandre Von(PSDB).

Plebiscito divide PT no oeste do Pará


O deputado estadual Zé Maria(PT), com base política em Juruti, anunciou que é favorável à realização do plebiscito para a criação do estado do Tapajós.

Mas o deputado Airton Faleiro(PT), que também tem bases eleitorais no Oeste do Pará, não diz sim nem não, muito pelo contrário. Até agora.

Definidas as datas do Enem

Agência Estado:

As duas próximas edições do Enem serão realizadas nos dias 22 e 23 de outubro e em 28 e 29 de abril. A data da segunda edição do exame em 2012 não foi definida por causa das eleições municipais. Como os locais de prova são os mesmo utilizados para votação e ainda há dúvidas sobre a capacidade de realizar o Enem entre o primeiro e o segundo turnos, o Ministério da Educação resolveu deixar a questão em aberto.

O anúncio oficial sobre as datas do Enem será feito nesta quarta-feira em Brasília pela presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Malvina Tuttman. No edital do exame, que será publicado na quinta-feira no Diário Oficial da União, o Inep vai reafirmar o veto a pedidos de revisão ou vistas de provas. O instituto, porém, vai condicionar a proibição, que já existia em anos anteriores, a uma manifestação oficial da Justiça.

Este ano, houve recursos à Justiça no Rio, em Minas, São Paulo, Ceará e Pernambuco pedindo vistas de provas do Enem, movidos tanto por particulares, quanto pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública. Nas suas alegações, o Inep argumentou que a dimensão do Enem, que teve cerca de 4,6 milhões de inscritos, torna inviável os pedidos de revisão ou vistas de prova. 

Onde os rios levam vidas em percurso (Final)

Guilherme Guerreiro Neto

 
Canoas, avistadas ao longe, se aproximam. Proliferam-se com rapidez. Mulheres remam para alcançar o navio. Junto delas, crianças. Num implorar amazônico, os curumins soltam gritos agudos e balançam os bracinhos como se fossem asas. Dá-se início a um ritual de solidariedade feito sem palavras. Passageiros e tripulantes arremessam sacos plásticos com roupas usadas. Os sacos caem no rio e logo vão para as mãos de novos donos. A velha roupa de uns, vira roupa nova para outros.

    Ribeirinhos em busca de  novas roupas velhas
                           

Prelúdio de mais uma noite. A animação, atiçada desde cedo pelas cervejas, aumenta ao pôr do sol. O tecnobrega, som originário da periferia de Belém, quase monopoliza o DVD do bar no passadiço. Os japoneses entram na farra; dançam e entornam latinhas ao lado dos brasileiros. Com as de sexta, Francisco Vieira contabiliza 30 cervejas esvaziadas por ele. É hora de parar. “Tem que chegar lá limpo. A patroa é meio braba comigo.”
Há muitos motivos que levam as pessoas a fazer de barco um percurso como este, de Santarém a Belém. Ir por terra é improvável. Não existe estrada que faça ligação direta entre as cidades. É preciso descer até a Rodovia Transamazônica e passar por Altamira e Tucuruí, o que além de ser desvio de caminho é baita dor de cabeça, considerando as péssimas condições da estrada.
Ir de avião é mais caro – às vezes, pouca coisa – e deixaria muitos que quase não saem da própria cidade com frio na espinha só de pensar em voar. A economia de tempo é grande: os dois dias na embarcação viram uma hora e 20 minutos de voo.
No navio é diferente. Os rios são extensões da casa dos moradores da região – embora haja quem fique apreensivo, como Jacina. Pode-se levar muito mais bagagem do que seria permitido por companhias aéreas. Francisco acrescenta uma justificativa: “Eu prefiro vir de barco porque a gente faz muita amizade. É uma economia e uma diversão. Melhor do que ficar sentado no avião sem falar com ninguém.”

Odirene da Silva e Rogério Soares


Calados, eles entram no convés. Parecem ter saído do nada e se materializado nos fundos da embarcação. Rogério Soares e Odirene da Silva estão casados há nove meses. Vivem em comunidade perto de Breves, no Rio Tajapuru. Foram visitar a avó dele e, na volta para casa, conseguiram enganchar a canoa no Nélio Corrêa. Uma carona para diminuir o tempo gasto no caminho.
Os dois têm uma casa de madeira com fogão à lenha. Sem geladeira, sem televisor, sem rádio. Ainda não chegou luz elétrica por lá. Odirene, com 17 anos, senta no batente do navio que dá para o rio e apoia os pés descalços sobre a mesa da cozinha. Rogério mantém o braço esquerdo suspenso, seguro a uma trave de aço, enquanto fala da vida. Ele não sabe ler. Sobrevive da venda de açaí a três reais o litro.
“Qual é o teu sonho?” A pergunta que faço o paralisa. Rogério abre um sorriso largo, mas não responde. Fica pensativo. É como se, aos 22 anos, ele já tivesse desistido de sonhar. Ou nem isso: desistir é trunfo de quem, um dia, se permitiu olhar para além do presente. Mesmo diante da escuridão, eles sabem quando é hora de ir. Partem em silêncio, como chegaram. Talvez pensando nos sonhos que não têm.
De manhã, mais um pequeno barco encosta e é amarrado no navio. Pai, Raimundo dos Santos, e filho, Carlos Alberto, estão cercados por cadeiras feitas de cupiúba. Vieram vender a mercadoria, os preços variam de 15 a 30 reais. Um fica embaixo enquanto o outro se pendura no Nélio Corrêa para passar as cadeiras.

Raimundo e Carlos Alberto dos Santos


Carlos Alberto faz o segundo ano do ensino médio. Quer ser engenheiro ou trabalhar com eletrônica. Veste camiseta vermelha e bermuda jeans de barra esgarçada. No rosto, a marca de um acidente de infância. Aos 11 anos, pegou a espingarda do tio. A arma estava carregada e, num descuido, disparou. A bala atingiu o olho direito do menino, sem chance de recuperação. Ele e o pai vão embora com cadeiras sobrando da venda de domingo.
Passa o Rio Pará. A entrada na Baía do Guajará é tranquila, sem sobressaltos. O fim da viagem se aproxima e os passageiros têm reclamações a fazer. José Edson de Oliveira, pintor, não gostou da alimentação nem do espaço apertado para dormir. As belas paisagens que circundam o navio por todo o percurso pouco aliviam os problemas. “Era para ser um paraíso, mas é um inferno.”
O comerciante Raimundo Costa também reclama da superlotação. Na primeira noite, dormiu pouco por conta do aperto. A Capitania dos Portos vistoriou o navio antes da saída de Santarém. Mas, segundo a tripulação, basta não ter redes atadas nas laterais para que a embarcação seja liberada. “Eles (tripulantes) pediram pra tirar as redes que tavam nos corredores pra Capitania achar que tava tudo normal. Tive que tirar a minha”, conta Raimundo.
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A chuva de sempre cai no desdobrar da tarde. Já se vê Belém surgir por trás de uma ponta de floresta. Para um homem da Amazônia urbana, como eu, é um novo modo de enxergar a cidade. Os passageiros desatam as redes, juntam a bagagem e, de barba feita e cabelos penteados, se prepararam para desembarcar. Fim do encontro traçado pelos rios. As vidas, que por dois dias dividiram o mesmo convés, agora seguem percurso separadas.

A bandeira nacional hasteada de ponta-cabeça


A bandeira nacional continua a tremular na popa. De ponta-cabeça, como esteve durante toda a viagem. Por aqui, é assim: quem é da Amazônia vive num Brasil invertido, do avesso. Visto ora como exótico, ora como quintal, ora como intocável. Um Brasil dessa gente que constrói o país com discrição, sem reconhecimento ou recompensa. E continua a navegar.

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Acompanhe as postagens anteriores desta série.

2a. parte
3a. parte