quinta-feira, 20 de março de 2008

Memória de Santarém - Lúcio Flávio Pinto

Leopoldo Peres, atracado no velho trapiche

Tela panorâmica
Pelo "Leopoldo Peres", rápido e luxuoso navio da frota da SNAPP, seguiu com destino a Manaus o sr. Manoel Loureiro. Consta que o proprietário do Olímpia vai assistir a inauguração da Tela Panorâmica, no Cine Avenida, da capital baré, pois pretende introduzir este grande melhoramento no seu cinema.

Cidade às escuras
Continua ainda paralisado o novo gerador de luz que a prefeitura inaugurou há pouco mais de um mês. Metade da cidade permanece às escuras, retirando aquele aspecto alegre das nossas principais artérias nas suas três primeiras horas de vida noturna. Fomos informados que o defeito da máquina só poderá ser eliminado com a substituição de uma peça, cujo similar precisa ser importado da Alemanha, onde foi fabricado o gerador inaugurado. (1952)

ZY de volta
Depois de vários meses calada, a Rádio Clube de Santarém, a ZYR-9, de Jonatas de Almeida e Silva, voltou a funcionar, no final de 1952. Sua volta foi saudada por A. Dolores, para quem a cidade parecia morta sem a sua emissora. Em uma crônica, ela manifesta sua satisfação por ter acompanhado a "Maloca Mocoronga", um "'big' programa organizado a capricho e muito bem executado pelos artistas. Destaca José Rocha, "um magnífico cantor", que interpretou "com alma belas melodias e recebeu justos aplausos da assistência".
Manifestou o desejo de que "jamais desapareça de Santarém a querida emissora, pois quem ama com carinho esta jóia engastada em pleno coração da Amazônia, não poderá consentir que desapareça a voz mocoronga doce como a esperança simbólica como a fé que se tem na vitória das boas causas para a grandeza do Brasil".
Mas em outro espaço o jornal O Baixo-Amazonas lamenta o hábito de "muitos cidadãos" que tomavam o auditório da rádio como a casa da sogra "e entram de carona, recusando aqueles magros 3 cruzeiros que tanta falta fazem ao Jonatas, para poder alinhar e melhorar a sua ZYR-9". Nos programas, ele trabalhava "quase que unicamente com a 'prata da casa'", descobrindo "promissores elementos que, com um pouco mais de prática e desembaraço, poderão figurar a contento geral em programas de responsabilidade".

Música de fundo
O prefeito Santino - depois de merecido repouso na Sta. Casa do Pará - regressou à cidade. Ao aeroporto, para recepcionarem o gestor, compareceram os puxa-saco de sempre. Não sabemos se foi de propósito ou por mera casualidade, mas, no momento em que o prefeito entrava em casa, o alto-falante lá do Castelo começou a tocar: - "Chegou o pirata da perna-de-pau...".

A política do interior
Em novembro de 1954, Isaías Serique dirigiu uma carta aberta "ao povo de Boim". Agradecia por haver recebido dois terços da votação total na vila como candidato a vereador de Santarém, que creditava "à atuação franca e decidida das seguintes famílias: Serique, Bemerguy, Dutra, Simplício, Xavier, Cohen, Sirotheau, Chaves, Paranatinga, Azulai e demais amigos de Amorim, Parauá, Surucuá, Jauarituba, Noquimy, Nova Vista, Anduru, Cametá, Pinhel e da vila em geral".
Mas também protestava contra o tratamento que a administração municipal dava a "uma das maiores células de produção do município", abandonada enquanto "vilas e povoados com menores possibilidades ou quase sem nenhuma produção" eram assistidas. Discriminação resultante de "se haver formado na mentalidade do Boimense uma corrente de apoio somente a quem se propusesse a resolver os seus prementes problemas".
Manifestava ainda a "imorredoura gratidão aos Revdmos. Padres Americanos, pelos inestimáveis serviços e auxílios prestados a Boim; pois somente eles têm dado, além da assistência espiritual, remédios, escolas, etc. e ainda dotando nossa vila, com magníficos prédios".

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