terça-feira, 8 de abril de 2008

Ladrões queriam levar outro avião

Lúcio Freire
De Itaituba

O vigilante Valmor Feliciano, 65 anos, ainda está em estado de choque após ficar várias horas sob a mira das armas usadas pelos cinco bandidos que o renderam e, em seguida, roubaram uma aeronave do aeroporto de Novo Progresso, município localizado no sudoeste do Estado. O avião caiu poucos minutos após a decolagem, matando dois bandidos.
Valmor relatou que os homens chegaram ao aeroporto às 21 horas de sábado. Eles queriam roubar o avião Cessna locado para o prefeito de Novo Progresso, Tony Fábio Rodrigues. "Mas a hélice do avião estava com algema (uma trava de segurança) que impedia que ela girasse", disse. Ainda muito nervoso, Valmor contou, ontem, que "eles (os assaltantes) tentaram muito tempo. Pediram ajuda, queriam que eu telefonasse para o piloto e inventasse uma história, a fim de que o piloto fosse ao aeroporto, mas eu não consegui (fazer isso)", completou.
Por volta de 3 horas da manhã, eles funcionaram a aeronave prefixo PT-IFX, que também se encontrava no local, e decolaram. Logo em seguida, Valmor afirmou que ouviu o barulho da queda do avião. A aeronave, um monomotor, ficou totalmente destruída e seus ocupantes, em pedaços. O avião caiu em uma área de plantação de milho e arroz. Morreram no acidente o boliviano Hector Suarez Bazadre e Carmo Estevan de Oliveira. O corpo de Carmo Oliveira foi totalmente mutilado com o impacto da batida da aeronave no solo.
A Polícia conseguiu encontrar, entre os destroços, um celular com chip da operadora Brasil Telecom com uma lista de telefones, a maioria dos números prefixos DDD 65 do Estado do Mato Grosso, que foi entregue ao delegado Antônio Carlos, titular da delegacia de Novo Progresso. O delegado adiantou que o boliviano Héctor Suarez Bazadre era procurado pela Justiça da Bahia, acusado de participar de vários assaltos naquele Estado. Valmor Feliciano confirmou à reportagem que viu três homens embarcando na aeronave, mas, até as 18 horas de ontem, a Polícia não tinha novas pistas. O delegado afirmou que pediu apoio da Polícia Federal para ajudar nas investigações.
A Polícia Civil alertou que não tem infra-estrutura para investigar esse tipo de crime e também não dispõe de viatura para sair em busca dos três fugitivos. Até porque a estrada que liga o município à cidade de Guarantã do Norte, no Mato Grosso, está praticamente sem condições de trafegabilidade.
De acordo com o delegado Antônio Carlos, apenas dois traficantes embarcaram no monomotor. Os outros três ficaram em terra para dar cobertura aos comparsas e ainda não foram localizados. O delegado também confirmou que o município é rota de tráfico de drogas.

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