quinta-feira, 26 de junho de 2008

Memória de Santarém - Lúcio Flávio Pinto

Obras fantasmas

Um jornal de Belém anunciou que o governador Aurélio do Carmo mandaria o deputado Péricles Guedes de Oliveira representá-lo na inauguração de obras que marcaria o aniversário do seu governo em Santarém, em fevereiro de 1964. Foi o bastante para merecer uma nota irônica em O Jornal de Santarém, que fazia oposição ao PSD:
"Esse governo estadual que aí está é mesmo um governo de placas e lorotas. Qual é a obra que o sr. Aurélio tem para inaugurar neste município? Só se é o saque que vem fazendo nos pobres comerciantes com impostos sobre impostos ou então a inauguração do 'Sombra da Lua'. Parece mesmo que razão está com aquele conterrâneo que depois de saborear o cafezinho do Café do Povo dizia que seria bom instituir um prêmio para quem adivinhasse qual a obra que teria o sr. Aurélio de inaugurar em Santarém".

Sem selos
O ano começou sem selos para a postagem de cartas na agência dos Correios. Um mês antes restavam apenas selos de 50 cruzeiros. Como uma carta simples custava 30 cruzeiros, o cliente via-se obrigado a perder Cr$ 20 por carta registrada que mandasse. Sem reposição, o correio passou a só aceitar cartas já seladas.
"Se habitássemos um Estado ou um Território com governo independente, humilhações desse quilate não existiriam. Mas como estamos, pergunta-se: para quem apelar?", protestava O Jornal de Santarém.

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