sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Memória de Santarém - Lúcio Flávio Pinto

Mapiri mudado

De "recanto aprazível para as famílias passarem seus tranqüilos fins de semana", o Mapiri se transformara, em 1964, em "verdadeiro e perigoso centro de depravação". Suas praias "são palcos de bacanais cotidianos, para onde inexperientes jovens, atraídos pelas tentadoras propagandas volantes das casas de danças denominadas de 'boates', instaladas no local, ingressam no submundo da devassidão".
Indignado, O Jornal de Santarém queria que a polícia interviesse "no sentido de não permitir que antros da perdição dessa natureza continuem ameaçando a paz da família santarena". Ainda mais porque o jornal se dizia informado de que "até a prática de jogos do azar existe no Mapiri".

Escola de comércio

O novo prédio da Escola Técnica de Comércio de Santarém foi concluído, mas, no final de 1964, faltavam os equipamentos para a escola funcionar, especialmente as carteiras. A diretora, Sofia Fernandes Imbi-riba(fotos ao lado), com o apoio da Asso-ciação Comercial, instituição mantenedora, deu início então a uma campanha de subscrição popular para a compra dos equipamentos escolares. "As autoridades, o comércio e o brioso povo santareno não permitirão que se humilhe por mais tempo a nossa mocidade, que necessita instruir-se", saudou Jaime Carvalho, sob o pseudônimo Jarvalho.
O problema foi resolvido quando a Assembléia Legislativa do Estado aprovou projeto do deputado José Saraiva de Macedo alocando o dinheiro necessário para a aquisição dos móveis e o governador Jarbas Passarinho sancionou a iniciativa. Os equipamentos foram entregues em seguida.

Destaques de 1964

As 16 senhoras e senhoritas de destaque em 1964, segundo o colunista social Wilson Fonna. As senhoras: Cecília Simões (que "conserva sua fisionomia" jovem, apesar de já ser mãe), Maria Nila Dias ("os seus belos vestidos são confeccionados com arte"), Edna Mariano ("elegância marcante de brasileira da paulicéia"), Gilda Cunha ("hostess de alto nível"), Anésia Lisboa ("simpatia cativante"), Socorro Lopes Lisboa ("jovem morena e bonita"), Alegria Serruya ("tipo clássico da mulher atraente"), Mercedes Melo ("destaca-se pela beleza de sua fisionomia e de seu corpo").
As senhoritas: Alvalinda Lopes (comerciária, representante do bairro da Aldeia), Maria da Graça Cardoso ("personalidade marcante"), Elsie Imbiriba Gonçalves ("cativa pela sua irradiante simpatia"), Nilsen Malheiros ("santarena de alta estirpe"), Conceição Gonçalves ("os cabelos andam sempre arrumados no jeito da Brigitte Bardot, caindo sobre a fronte"), Teresa Cristina Brandão ("ponto de referência na alta sociedade"), Ana Delfina Souza ("elegante, a beleza física não lhe importa" e Albanita Holanda Parente "Um dos tipos mais bonitos da cidade").

Nossa miss

Em 1965 Santarém apresentou, pela primeira vez, uma candidata ao concurso de Miss Pará. E Gonçala Alves Freitas podia ter sido a vencedora: conquistou o título de Miss Simpatia, que a imprensa lhe conferiu, na véspera do certame, num prenúncio do reconhecimento. As cinco mil pessoas que lotaram o Ginásio Serra Freire, do Clube do Remo, a ovacionaram. Mas as 11 pessoas que integraram o júri preferiram outra candidata, por "influências mesquinhas", o que não impediu os santarenos de se considerarem moralmente vencedores. Gonçala voltou à sua terra em triunfo.

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