Lúcio Flávio Pinto
Jornal Pessoal
Roger Agnelli, presidente da Companhia Vale do Rio Doce, a maior empresa privada do Brasil e sua maior exportadora, teve que se curvar à crise internacional. Decidiu reduzir em 30 milhões de toneladas a produção de minério de ferro, a maior do mundo. Com o encolhimento da demanda das siderúrgicas mundiais, sobretudo da China (responsável por 30% da produção e 20% do faturamento da Vale com o minério), manter a produção acarretaria aumento dos estoques, que já estão altos, e queda do preço. Mas ressalvou: a produção de Carajás, no Pará, continuará inalterada, em função da sua excepcional qualidade, que lhe garante um preço diferenciado.
Se realmente isso acontecer, a Vale terá uma redução de faturamento proporcionalmente menor do que a das principais mineradoras concorrentes. A pergunta óbvia que a situação suscita é: por que só a empresa tira vantagem da qualidade superior do ferro de Carajás, que é um bem público explorado sob regime de concessão federal? Por que o Pará não pode incorporar uma margem desse ganho extra? Por que não recebe uma percentagem do valor adicional do minério de Carajás, apropriado exclusivamente pela companhia?
Esta é a introdução do artigo desta semana do Jornal Pessoal sobre a situação da Vale diante da crise financeira internacional.
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