Marco Antonio Uhl
Repórter
O Ministério Público precisa agir e fazer o seu papel. Nesta semana a equipe de reportagem de O Estado do Tapajós, procurou por dois pescadores escolhidos, aleatoriamente, dentro da lista de cadastrados pela Z-20 que já receberam o seguro-defeso, que é uma ajuda paga com dinheiro público aos pescadores que estão impossibilitados de trabalhar durante o período de procriação de diversas espécies de peixes habitantes dos rios Tapajós e Amazonas, que banham a cidade de Santarém.
O primeiro caso de possível irregularidade foi registrado na Trav. Professor José Agostinho, no bairro do Santíssimo, onde no número especificado da residência da então pescadora Dalcelina Souza Rocha ninguém conhecia a mesma, e no endereço fornecido a Z-20 existe apenas uma vila de casa onde as cerca de seis famílias que moram no terreno não conhecem ninguém com o nome especificado e, pior, nenhum dos moradores sequer se declarou pescador ou que viva em função da pesca.
O segundo personagem, que há princípio não teria endereço confirmado corretamente, é Arenilson Braga Mota, que supostamente moraria na Av. Ismael Araújo, também no bairro do Santíssimo, mas este caso é ainda mais grave já que o endereço fornecido simplesmente não existe uma vez que o número especificado ficaria exatamente no meio de uma rua que corta a Avenida Ismael Araújo, em frente à TV Tapajós. No local, nenhum dos vizinhos do suposto pescador Arenilson Braga Mota o conhecem ou ouviram falar dele.
O único pescador encontrado pela nossa reportagem mora a pelo menos cinco casas a frente do local indicado e conversou com a nossa reportagem: "Eu nunca ouvi falar neste Arenilson por aqui, eu sou do grupo de pescadores da Vila Arigó e se aqui por perto tivesse outro pescador profissional, certamente eu saberia", revela Josinaldo Carvalho, pescador legítimo cadastrado no defeso e que vive com dignidade da nobre profissão.
No mês de janeiro, O Estado do Tapajós denunciou as contradições envolvendo os 4800 pescadores cadastrados para recebimento do seguro-defeso, que numa análise inicial, seria um número muito alto de pessoas que estariam se beneficiando do dinheiro público, já que se cada um destes 4800 possíveis pescadores pescarem apenas 1 quilo de peixe por dia, os rios Tapajós e Amazonas teriam que fornecer quase 150 mil quilos de pescado por mês, só para Santarém, e por ano, a produção local seria maior do que toda a produção de pescado do Brasil, que gira em torno de 800 mil toneladas/ano.
Os pescadores apontados na matéria e que se sintam prejudicados com os erros no cadastro feito pela Z-20 podem vir até a redação e apresentar suas documentações legalizadas e comprovar sua atividade como pescador profissional.
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