quinta-feira, 30 de abril de 2009

Revelação

Lila Bemerguy:

Tive o privilégio de ser uma das espectadoras, no último dia 29, quarta-feira, das apresentações teatrais das turmas do primeiro semestre de Jornalismo e Publicidade da FIT. Os trabalhos foram solicitados aos alunos pelo professor Miguel Oliveira, que chamou alguns profissionais da área para lá estarem. Eu, simples iniciante da fotografia, pude estar lado a lado com profissionais experientes, como Edson Queiroz, Afonso Jimenez, Carlos Matos, e o cineasta Emanuel Loureiro. A fotografia é, realmente, uma matéria apaixonante. Sua história, ali vivenciada com grande esforço dos alunos, nos faz crer que tal arte permanece e permanecerá viva ao longo dos tempos.

A turma de publicidade fez uma apresentação mais subjetiva com relação ao aspecto histórico, ressaltando as diversas possibilidades e utilizações da fotografia. Ficou evidente o uso da fotografia como registro de acontecimentos familiares, responsável pela grande popularização da atividade. A filósofa Susan Sontag, em sua obra “Sobre a Fotografia”, ao discorrer sobre a nova invenção, faz um paralelo com o mito da caverna, de Platão. Afirma que a humanidade permanece na caverna, “regozijando, segundo seu costume ancestral, com meras imagens da verdade”. Para a autora, quando o mundo passou a ser fotografado, a partir de 1839, as condições de confinamento foram alteradas pela “insaciabilidade do olho que fotografa”. As fotografias vêm para modificar nossas escolhas do que queremos ver. Por fim, diz Sontag, “o resultado mais extraordinário da atividade fotográfica é nos dar a sensação de que podemos reter o mundo inteiro em nossa cabeça - como uma antologia de imagens”.




Esse registro do mundo, dos acontecimentos familiares, foi o que pude observar na apresentação da turma de publicidade, que também levantou a discussão sobre as novas tecnologias da fotografia, com o advento da fotografia digital. Esse é um tema que renderia outra crônica, por isso, prefiro somente “convocar” os alunos que se interessarem, a discutir a questão, mas não com preconceito contra qualquer modo de obtenção da imagem, mas sim tendo como foco que o mundo atual pode perfeitamente abrigar qualquer tipo de atividade artística, seja convencional, seja digital. É salutar conhecer o movimento mundial dos adeptos da fotografia “Pinhole”, feita com latas e caixinhas adaptadas com um papel fotográfico, e com as quais se obtém imagens surpreendentes. Em Belém, essa atividade é fomentada pela Associação Fotoativa (aquela que fazia os foto-varais na década de 80, e os faz até hoje, como foi lembrado por Emanuel Loureiro). Maiores informações sobre o tema, vocês podem obter nos sites http://www.eba.ufmg.br/cfalieri/cfalierinova/index.html; http://www.pinholeday.org/ ; http://www.fotoativa.blogger.com.br/ .





Já os alunos do curso de Jornalismo optaram por contar a história da fotografia cronologicamente, tendo com personagens principais os precursores e inventores da atividade, Niepce, Daguerre, e o injustiçado Florence, que introduziu a arte no Brasil, e foi o criador do termo “fotografia”, o que não lhe foi creditado historicamente. É importante saber as informações históricas sobre temas que desejamos conhecer, a fim de entendermos o contexto sobre os quais foram inventados. Sem essas informações, de como surgiu, do esforço para fixar a imagem, de como evoluiu, não há como compreender o processo fotográfico. Nos equipamentos de hoje, como sabiamente lembrou o fotógrafo Edson Queiroz, é muito fácil fotografar. É só apertar o botão. Se a imagem não ficar “boa”, acione o delete. Simples assim. Mas a paixão se dá pelo conhecimento. Por isso, não adianta ter o mais moderno equipamento fotográfico, se não soubermos como tudo começou. Por isso a importância das informações retratadas pelos estudantes de jornalismo.

Para finalizar, imploro aos caríssimos alunos: leiam! A leitura melhora o pensamento lógico, o texto (o que é importantíssimo para nossa profissão). Enfim, é o exercício para não atrofiar o cérebro. Indico aos interessados e curiosos em obter maiores conhecimentos não somente sobre a história, mas também sobre os aspectos filosóficos que giram em torno da arte fotográfica, os livros “A Câmara Clara”, de Roland Barthes; “O Ato Fotográfico”, de Philippe Dubois (São Paulo: Papirus, 2007); as duas obras de Boris Kossoy: Fotografia & História” e “Realidades e Ficções na Trama Fotográfica”, e de Susan Sontag, “Sobre Fotografia” (Companhia das Letras, 2004). Caso seja difícil o acesso aos livros, a internet também é uma ótima fonte de pesquisa.

Parabéns a todos!


Fotos: Edson Queiroz

5 comentários:

Cilícia disse...

Concordo com a Lila quando ela diz que precisamos ler muuuito sobre a história da fotografia para entender o processo fotográfico;quem o conhece, com certeza se apaixona pelo ato de fotografar,mesmo que não se torne um profissional.
Agradeço à todos os profissionais que estiveram presente nas apresentações da noite passada.Foi de extrema valia.Não sei se superou as expectativas...
Quanto a nós[alunos]precisamos 'sugar' suas experiências e agregar às nossas[tanto acadêmica,quanto futuramente profissonal].

acadêmica de Publicidade

Anônimo disse...

Sem duvida nemhuma, a peça teatral retratando o inicio da fotografia foi algo que digamos muito especial para os alunos do curso de jornalismo.
Agora algo que merece destaque foi a produção feita por estes alunos algo assim que podemos dizer maravilhoso.
Parabéns ao Cristian, Andressa, Sandra, Elessandra, entre outros, pela brilhante apresentação.
Vanderley Colares

Anônimo disse...

Lila,achei muito importante a sua visão quanto a nossa apresentação,apesar de nós sabermos pouco sobre o surgimento da fotografia, procuramos fazer o melhor de nós com o material que conseguimos e obrigada po citar alguns autores isso é muito gratificante para nós sua opinião,grata...

Socorro disse...

As pessoas deveriam ler mais.
A leitura contribui para que a cidadã e o cidadão possa ler e escrever bem.
Sem falar da boa expressão que é de fundamental importância para um futuro jornalista ou publicitário.
Uma boa leitura é sempre uma viagem mágica que nos leva a muitas descobertas importantes.

Nair dos Santos Lima disse...

Parabéns aos alunos -sempre bem dispostos - e, ao professor Miguel Oliveira que soube apoiar a turma para o evento.
Nossos agradecimentos aos profissionais que atenderam ao convite e, em especial, ao Sr. Afonso Jimenez pelo relato emocionante de sua trajetória.
Que essas experiências possam nos impulsionar a fazermos da comunicação o alicerce de qualquer história de sucesso.

Partilho da informação da jornalista Lila Bemerguy esclarecendo que na Biblioteca "Ubaldo Correa", da FIT, temos:
“O Ato Fotográfico”, de Philippe Dubois; “Fotografia & História” e “Realidades e Ficções na Trama Fotográfica”, de Boris Kossoy, além de outros títulos sobre o tema.

Nair Santos Lima
Curso de Comunicação Social
Faculdades Integradas do Tapajós