quarta-feira, 27 de maio de 2009

Lúcio Flávio Pinto: Sangria contornada


Durou apenas dois dias a reação do
Diário do Pará à determinação judicial de excluir as fotografias chocantes ou degradantes do seu caderno policial. Para marcar o protesto, o jornal passou a colocar uma mal armada tarja preta sobre as imagens de violência explícita, escancarada. Parecia que ia desencadear uma campanha cívica contra o que classificou de “censura prévia”. Mas desistiu logo.


Por quê? O jornal não disse, mas uma dedução é lógica: os leitores, alertados para a confrontação com a imagem “censurada”, podem ter chegado à conclusão de que a ordem judicial está mesmo certa. Pelo que foi exposto, ele podia imaginar o que foi ocultado. Suficientemente impressionado para dar razão ao corretivo judicial aos excessos e abusos do procedimento editorial do jornal, em claro sensacionalismo comercial.


Melhor foi a resposta anunciada na última edição de domingo: o início de uma série de reportagens, em fascículos semanais, sobre os “maiores casos de polícia em nosso Estado”. O apelo comercial é evidente, mas para alcançá-lo a empresa utiliza o que deve ser sua competência específica: o jornalismo.

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