sexta-feira, 24 de julho de 2009

Catadores de lixo invadem aterro sanitário do Perema


Miguel Oliveira
Repórter

Cerca de 20 catadores de lixo estão atuando diariamente no aterro sanitário da Prefeitura de Santarém sem que a secretaria de infra-estrutura tome qualquer providência para impedir que pessoas tenham contato direto com os resíduos que são despejados no local para serem recobertos por camadas de terra. O aterro localizado na comunidade de Perema, às margens da rodovia Curuá-Una, não possui licença de operação renovada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Essas duas irregularidades podem provocar o fechamento do aterro a pedido do Ministério Público Estadual.

Na última quarta-feira, a reportagem de O Estado do Tapajós constatou que a secretaria de infra-estrutura permite que os catadores de lixo tenham acesso ao local que, pela legislação sanitária, não deveria permitir a manipulação manual de resíduos. No aterro deveria ocorrer apenas a manipulação mecanizada do lixo, mas as fotografias tiradas no local mostram uma realidade bem diferente. Na área aonde os caminhões da empresa Clean despejam os resíduos coletados em Santarém a reportagem flagrou catadores de lixo em volta de um veículo coletor.

Combinado com o motorista, o lixo era despejado aos poucos, dando tempo para que as pessoas revolvessem seu conteúdo. Não foi detectada a presença de nenhum trator para fazer o trabalho de aterramento do lixo ali despejado.

Os catadores de lixo do Perena dão sinais que atuam no aterro sanitário há muito tempo. Uma barraca na parte mais baixa do aterro foi improvisada para guardar utensílios de cozinha e uma rede de pesca, usada no igarapé que tem seu curso d’água às proximidades. Uma família construiu uma barraca ao lado da cerca de arame que circunda o aterro, na parte superior do terreno.

Arredios, os catadores não gostam de dar detalhes do trabalho que executam. Mas um deles, um rapaz que aparenta ter cerca de 25 anos, informou que ele e seus colegas ( alguns parentes) estão ali à procura de garrafas de vidro e alumínio. “Nós coletamos vidro e alumínio para vender às sextas-feiras. Um empresário de Santarém vem comprar o que achamos no lixo lá na porta do lixão”, contou o rapaz.

Questionado sobre o perigo à saúde por causa do contato direto com o lixo, catador não deu muita importância ao risco que corre de contrair doenças. “Estamos aqui para ganhar dinheiro. È melhor do que trabalhar com carteira assinada, dá mais”, revelou.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sr Editor
Uma vergonha que nossa cidade nao possua nem ao menos um projeto de instalação de uma usina de reciclagem e dessa forma poder dar um emprego decente em todos os sentidos a essas pessoas.
Cidades infinitamente menores que a nossa possuem esse tipo de trabalho focado em minimizar o problema do lixo e as pessoas que dele vivem. Pior que isso estamos numa cidade impregnadas por ongueiros e ambientalistas que absolutamente nada contribuem com a "genero$idade" advinda de várias partes do mundo, para que se instale pelo menos uma usina de reciclagem. Que a nossa Prefeitura pelo menos incentive empresas privadas já que não possuem capacidade para tomarem à frente de um projeto desse porte. Mas, para isso, sr Editor , existem dois fatores fundamentais: vontade e trabalho.

Antenor Pereira Giovannini