sexta-feira, 24 de julho de 2009

Comissão vai hoje ao local onde muitos militantes foram mortos no Araguaia

PEDRO DIAS LEITE

Enviado especial da Folha a São Geraldo do Araguaia (PA)

Após dois dias de buscas até agora infrutíferas, hoje será o "Dia D" da segunda fase da missão de reconhecimento dos locais onde podem estar enterradas ossadas de mortos da guerrilha do Araguaia (1972-1975).

O Exército e os peritos vão hoje a três locais-chave, o que só será possível com a ajuda de um helicóptero com capacidade para 20 pessoas, deslocado para a região especialmente para a missão. A equipe irá à serra das Andorinhas --onde atuava o mais famoso dos guerrilheiros, Osvaldo Orlando Costa, o Osvaldão--, ao Matrinchã e à clareira do Cabo Rosa, apontada como principal palco de execução da fase final da guerrilha.

Só nesse último ponto podem estar de 6 a 12 corpos, estima Paulo Fonteles Filho, representante do governo do Pará no grupo. É nessa nova região que estão enterrados quase todos os guerrilheiros e "foi o coração daquele processo de execução", afirma. No total, quase 60 guerrilheiros foram mortos em três anos --41 provavelmente foram executados.

O uso do helicóptero é um dos pontos de honra do Exército, que vê a aeronave como uma demonstração de que está empenhado em encontrar os corpos. "A ideia é a gente realmente achar esse material para apresentar para as famílias. Isso aqui é pra valer", afirma o comandante logístico do grupo, general Mário Lúcio de Araújo.

Os dois locais vistoriados até agora nessa segunda fase não tinham indícios suficientes para que sejam realizadas escavações --etapa que começa na segunda semana de agosto. Na primeira fase, de quatro a seis pontos foram selecionados para escavações.

As buscas estão sendo realizadas em razão de uma sentença judicial. Em 2003, a juíza Solange Salgado determinou que o governo localize e entregue às famílias os restos mortais dos desaparecidos. Os recursos da União foram rejeitados.

Para cumprir a ordem judicial, o Ministério da Defesa montou a comissão de buscas, com 33 integrantes militares e civis e o apoio logístico da 23ª Brigada de Infantaria de Selva.

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