sexta-feira, 17 de julho de 2009

Lúcio Flávio Pinto: Belo Monte inviável


A Alstom é uma das maiores fornecedoras mundiais de equipamentos para hidrelétricas. Logo, gosta muito dessas obras e fala sobre elas com conhecimento de causa. No mês passado, o gerente de energia da empresa fez coro com aqueles que consideram que até hoje não foi provada a viabilidade econômica da usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. Não é preciso nem entrar na longa, complexa e delicada discussão ecológica, que tem emperrado o licenciamento ambiental da obra. Os que a defendem não conseguiram demonstrar que o que dizem é verdade: que a usina de papel corresponderá à realidade.

Marcos Costa questiona logo de cara o custo da obra. O governo federal diz que ela sairá por sete bilhões de reais. O homem da Alstom multiplica esse valor por quatro sem chegar à conta final. Ele estima o orçamento real de Belo Monte em 30 bilhões de reais. Também não partilha a aritmética da Eletrobrás e parceiros sobre o custo do kW a ser instalado. Acha que a energia firme será apenas de um terço da potência instalada na usina, prevista para 11 mil megawatts. As duas usinas do rio Madeira, em Rondônia, com capacidade nominal de pouco mais da metade, ou 6 mil MW, teriam energia assegurada o ano inteiro de 4 mil MW, segundo os números que Marcos Costa apresentou durante uma promoção da Alstom em São Paulo. É a mesma energia constante que ele atribui à hidrelétrica do Xingu.
O técnico incorpora ainda outra restrição dos críticos de Belo Monte: a grande distância em que a hidrelétrica ficará dos centros que consumirão a sua energia. As linhas de transmissão, por isso, serão quase tão caras quanto as obras de geração de energia. Este fato impõe cautela nesse investimento.
Houve um blecaute de silêncio depois das declarações do gerente da Alstom.

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