sábado, 29 de agosto de 2009

Lúcio Flávio Pinto: Câncer, O Liberal e Albrás

Saúde pública

Quem diria que um dia o paraense teria que se tratar de câncer no Piauí, em Tocantins ou no Maranhão? Quando o Estado saiu na frente na pesquisa e combate à doença, ao menos em âmbito regional, a presunção era de que consolidaria os benefícios desse pioneirismo, graças ao Instituto Ofir Loyola. O que aconteceu, principalmente a partir da estatização da instituição, no início da década de 90, foi um percurso de caranguejo: andou para trás.

O estado atual de insolvência não é um produto exclusivo da atual administração estadual. Quase todos os governos se saíram mal nesse setor, mas o “Ofir Loyola” ainda conseguia manter o atendimento aos pacientes, embora em condições mais do que precárias, indignas, e não perdera a sua condição de unidade de referência. O governo de Ana Júlia Carepa conseguiu o que nem o mais pessimista seria capaz de prever.

A exportação dos doentes podia ser até um benefício para eles, sujeitos a uma agenda incerta e não sabida, em função das panes constantes nas máquinas e na agenda conturbada. Dizem que o atendimento no Piauí é de primeira. A desvantagem desse esquema, que é de emergência, começa na própria viagem, na perda do amparo familiar, no desafio da adaptação a um ambiente desconhecido e na miserável ajuda de custo dada pelo Estado: 48 reais por dia para o doente e seu acompanhante.

É um esquema aviltante, que desonra a todos, que ofende a nossa pretensão de civilidade. Com um irmão que sofre da mesma doença e tentou tratá-la no IOL sem sucesso, sei que é cada vez maior a quantidade de famílias afetadas por essa terrível enfermidade. O câncer já é um problema de saúde pública. O governo do Pará age como se ele fosse uma ocorrência eventual, um problema para pensar nos intervalos da politicagem desenfreada, que consome as energias dos gestores públicos e não lhes permite ir além das suas cortes inférteis.

Quando o responsável pelo atendimento do paciente é quem está mais doente, soa o sinal de alerta máximo. É o caso da saúde pública no Pará.

Sinal

O maior anunciante – disparado – da edição do dia 10 de O Liberal veiculou nada menos do que oito peças publicitárias, ocupando no total três páginas e meia das 56 com as quais o jornal circulou. Todos os anunciantes eram do próprio grupo Liberal: rádio, televisão e jornal. Talvez tenha sido uma proporção recorde. Ou por falta de anunciantes para valer, que pagam, ou por necessidade de promoção dos veículos.

Como diria um teólogo: sinal dos tempos.

Lucro

A Albrás, maior empresa de alumínio do Brasil, teve lucro líquido de 173 milhões de reais no ano passado, mas só distribuiu R$ 11,4 milhões aos seus acionistas, a Vale do Rio Doce e um consórcio japonês. A maior parte dos recursos, no valor de R$ 134 milhões, foi absorvida pela dedução dos prejuízos reconhecidos no exercício de 2007, atendendo as exigências da nova lei sobre as sociedades anônimas, a 11.638, editada nesse mesmo ano.

A lei introduziu várias modificações, com a finalidade de ajustar as normas brasileiras aos procedimentos internacionais, com modelo nas demonstrações contábeis vigentes nos Estados Unidos. Com maior rigor na apuração dos resultados, as grandes empresas tiveram que adotar procedimentos como fez a Albrás. Talvez por isso a ata da assembléia geral realizada em abril, para decidir sobre as contas de 2008, só foi publicada na semana passada.

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