segunda-feira, 24 de agosto de 2009

REMANEJADOS RECLAMAM DO TAMANHO DAS CASAS NO URUARÁ

Cilícia Ferreira
Da Redação

O tamanho minúsculo das casas conjugadas que a prefeitura de Santarém está construindo com verbas do PAC, no bairro do Uruará, está gerando insatisfação entre os moradores que foram remanejados de áreas alagadas que estão sendo urbanizadas. As casas possuem uma área construída é de 28 metros quadrados. A maioria das famílias é formada por mais de 5 pessoas.
A reportagem do O Estado do Tapajós esteve visitando as obras do PAC no Uruará. Segundo informações de funcionários da empresa que trabalha no local, estão em fase final de acabamento 16 unidades conjugadas faltando somente a parte elétrica e os banheiros, totalizando um número de 32 moradias. As casas têm uma sala/cozinha, um quarto, banheiro e área de serviço. Os moradores da área ao mesmo tempo em que estão na expectativa da nova casa, estão decepcionados com os responsáveis com o projeto. Alguns relatam que o modelo construído não corresponde ao modelo apresentado a eles em reuniões anteriores às obras.
Ronivaldo é casado tem 4 filhos, é pescador e morador do bairro há 12 anos, conta que nunca passou por uma enchente tão grande quanto a de 2009. A atividade de pesca que ele exerce foi afetada, segundo ele, perdeu em torno de R$1. 500 com malhadeira, gasolina e gelo. Não bastasse isso, ele diz que o motivo maior de sua casa 'ir pro fundo' foi o aterramento feito pelas obras do PAC no local.
Ele diz que sabe das melhorias para o local, porém sua casa não existe mais. Fala que não queria desmontar a casa, mas o fez com a promessa da Defesa Civil pagar aluguel de uma casa para ele, quando achou o imóvel foi à Defesa Civil e a coordenadora 'Baiana' disse que não estavam mais alugando casas para ninguém. Hoje, ele mora com a família toda na casa do sogro. "Achava melhor quando minha casa estava no lugar dela porque 'a gente' tinha tranqüilidade, mas agora com essa orla aí na frente aqui ficou muito perigoso, nem conseguimos dormir direito à noite", conta o pescador.
Ronivaldo conta, ainda, que em uma das reuniões feitas com os moradores, onde a secretária Alba Valéria estava presente foi mostrado o projeto da Orla do Uruará. Neste, constavam as casas individuais e não conjugadas, como as que já estão construídas. O pescador ressalta que o tamanho não corresponde à necessidade da população do bairro, uma vez que as famílias, em geral, são numerosas. "Não tem condições de uma família de 4 filhos morar numa casa tão pequena, que nem quintal tem direito, meu terreno era grande", reclama Ronivaldo.
Leila, 25 anos, tem 4 filhos e mora no bairro desde a infância. Ela diz que a enchente 'levou' sua casa. Hoje, ela mora com a mãe numa casa que já tinha 9 pessoas e com a chegada de mais uma família ficou complicada a situação. A casa está num buraco alagado, por causa do aterramento de parte da área para o início das obras. " Fico sentida com isso porque o terreno da minha mãe era grande, tinha muitas árvores e ela também criava galinhas(...) Se a 'gente' ganhar uma casa dessa não tem nem quintal para gente plantar alguma coisa", reclama Leila.
Mas apesar do espaço bem menor, ela afirma que quer sim ser uma beneficiada pelo programa, ela diz que está na expectativa. "O cadastro já fiz, agora é só esperar", acrescenta.
Já a moradora Maria Domingas, 42 anos, dona de casa, solteira, tem seis crianças consigo e disse que seria melhor o governo pagar uma indenização do que oferecer uma casa pequena demais, que tem que pagar todo mês. "Uns dizem que é para pagar outros dizem que não. Eu só sei que se for 'pra' pagar não dar para mim, porque eu ganho só o dinheiro do Bolsa-Família.
A assessoria de imprensa da Seminf foi procurada para dar a versão da secretaria, mas não foi encontrada até o fechamento desta edição.

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