quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pensamento atual

Lúcio Flávio Pinto

Forasteiro

Num discurso feito em Belterra, em 1958, o governador Magalhães Barata considerou como “forasteiros” todos os que estivessem no Pará sem terem nascido no Estado. Pois declarou que, “enquanto for governo, nem Belterra nem qualquer outro setor do Estado cairá em poder de forasteiros interessados”. O alvo da indireta era o forasteiro Zacarias de Assunção, o eterno adversário de Barata no poder no Pará. Mas Paulo Maranhão aproveitou o mote para colocar o seu não menor inimigo em saia justa, com muito ácido e fel, na coluna Vozes da Rua, da Folha Vespertina, relacionando forasteiros protegidos e promovidos por Barata:
“O sr. Waldir Bouhid já foi prefeito de Belém, governador do Estado e superintende atualmente a SPVEA. No entanto, soltou o primeiro vagido em terras mineiras; o sr. Teixeira Gueiros é pernambucano; o sr. Álvaro Adolfo nasceu no Ceará; o sr. Moura Carvalho teve por berço o Maranhão; o sr. Lameira Bittencourt viu a luz do dia sob os céus de Portugal; o sr. Vítor Engelhard era suíço; o capitão Maravalho também não é nosso conterrâneo; e o sr. Líbero Luxardo é paulista; o major Aguiar, seu antigo chefe de Polícia, era nordestino; o sr. Ápio Medrado, presidente da Assembléia Constituinte Estadual na 2ª República, é baiano; seu cunhado Aníbal Duarte, que foi deputado federal e agora pertence à Assembléia Legislativa, tem o umbigo enterrado na Bahia”.
O jornalista lembrou ainda de José Ribas, “que nunca aqui pôs os pés e foi eleito por sua excia. deputado federal. A exploração do jogo do bicho está nas mãos do sr. Paulo Viana, sulista”. Por tudo isso, finalizava Paulo Maranhão, Barata não tinha “autoridade moral para humilhar a quem quer que seja com o qualificativo de forasteiro”. Considerava “flagrante a descoconexão entre o que diz e o que faz o sr. general”.

Um comentário:

Sérgio Martins Pandolfo disse...

Pois é. Esse negócio de forasteiro tem mesmo deixado de saia justa muita gente boa. Já tivemos inúmeros forasteiros paraenses que fizeram grandes obras em outros locais e, só para pôr exemplos, citarei Gaspar Vianna, Francisco Bolonha e Aarão Reis. Também forasteios importantes, como o Dr. Waldir Bouhid, mineiro de Estrtela que se fez parauara do grão, veio para cá para ser Diretor da Saúde Pública do Pará, tendo sido prefeito, deputado e até governador substituto, senador da República e Dortor "Honoris Causa" da UFPA, mas o trabalho maior, imenso,ciclópico, imorredouro, foi sugerir a JK a construção da Belém-Brasília, que o presidente não só imediatamente abonou, como, ele próprio (Bouhid) encarregou-se das obras do trecho mais difícil e penoso, o trecho do Pará e Maranhão, até Imperatriz. Oxalá tivéssemos sempre forasteiros dessa envergadura por aqui, porque os que têm vindo ultimamente, além de nada fazerem ainda querem e lutam por retalhar nosso Estado, cuspindo no prato em que comeram. Sérgio Martins Pandolfo