terça-feira, 1 de setembro de 2009

Senador acusa "ecologistas de gabinetes elegantes" de ignorarem habitantes da Amazônia

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) acusou o que chamou de "ecologias aboletados em gabinetes elegantes" de tratarem a Amazônia "como se lá só tivesse árvores e macacos", ignorando milhões de pessoas que vivem na região e enfrentam "dificuldades extremas". Ele tachou de "esmola" a idéia "desses ecologistas" de criar uma "bolsa floresta", destinada a pessoas que vivem extraindo látex de seringais ou coletando castanha do Pará.

- Quem mora e trabalha na floresta quer é preço para seus produtos. Por que o governo não pensa em melhorar a vida dessas pessoas oferecendo-lhes preços mais dignos? O governo não tem uma política de valorização das pessoas que moram na Amazônia. Há um total descompromisso com os amazônidas. Eles só têm compromisso midiático - afirmou.

Geraldo Mesquita disse que pessoas do governo "falam todo dia sobre preservar a floresta", mas ninguém lembra em negociar com os países ricos, por exemplo, para que eles aumentem os preços das compras de produtos da Amazônia. No seu entendimento, se os preços da castanha e do látex melhorarem, os habitantes da floresta lutarão contra o desmatamento.

- O mundo, principalmente os países ricos, gosta da nossa castanha e da borracha natural, mas na hora de comprar eles dão preferência a produtos de outros países. A nossa castanha e a nossa borracha têm preço vil, miserável mesmo - lamentou o senador do Acre. Ele sugeriu que "uma ínfima parte" do dinheiro do petróleo que sairá da camada de pré-sal seja destinada à pesquisa sobre a Amazônia, de modo a melhorar a vida de seus habitantes, preservando a floresta da devastação.

Geraldo Mesquita disse que virou moda dizer que a floresta em pé é capaz de produzir mais riquezas do que derrubada. Entretanto, continuou, não há nada que comprove isso cientificamente e as pessoas passam a repetir a frase como se fosse "verdade absoluta". Por isso, ele defende que o governo financie pesquisas para indicar o que realmente é mais importante para a floresta e para as populações que lá vivem.

- Eu lamento profundamente que isso esteja acontecendo. Mais uma vez, a Amazônia vai ficar para um segundo, terceiro, quarto momento. Mais uma vez, a Amazônia será relegada a um papel, já nem diria secundário. A Amazônia e a população que ali vive ficarão à mercê da sorte e de iniciativas isoladas. E mais uma vez, falta ao Brasil a sinalização da elaboração de um grande projeto para aquela tão importante região do País – finalizou o senador.


Agência Senado e Assessoria