Ana Célia Pinheiro
Que seria do Jornalismo se nós, os repórteres, parássemos de perguntar?
O que seria do Jornalismo sem essa coisa de procurar debaixo do tapete; de fuçar a limpeza da cozinha, de onde vem o cheiro maravilhoso da comida?
Ou sem essa coisa de tocar fogo no circo, para que até os palhaços sejam obrigados a arrancar as máscaras e parar de rir?
E o que seria da sociedade sem Jornalismo? Sem aquele sujeito chato, enjoado pra porra, que fica dizendo: “olha, tem alguma coisa errada aí; olha, tem alguma coisa errada aí”... Enquanto tá todo mundo pra lá de feliz, numa grande bacanal?
Que seria de nós, repórteres, linha de frente do Jornalismo, se nos limitássemos, apenas, a pedir a bênção do entrevistado?
Certamente, chegaria a hora em que o arguto, sapientíssimo leitor, diria: “Esse sujeito tá é doido, ou tá se fazendo!... Como é que ele diz que acredita que aquele outro foi pra Lua, se nem conseguiu sair de lá de Cametá?”
Jornalismo que é Jornalismo não se detém diante de barreiras, concretas ou imaginárias, naturais ou artificiais.
Jornalismo que é Jornalismo tem de expandir o território em que se faz, em que se realiza.
Tem de ambicionar contemplar o mundo, toda a gente.
Tem de ser a síntese entre o Céu e o Inferno, com o Purgatório e a Terra pelo meio, até como parâmetros, a mediar essa exegese chamada notícia.
Jornalismo que é Jornalismo instiga, faz pensar.
E faz sonhar, também.
Leia mais aqui.
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