domingo, 15 de novembro de 2009

Obras de hidrelétricas geram emprego e pioram índices socias de Rondônia

Edson Luiz
Correio Brasiliense


Diariamente, as emissoras de rádio veiculam um anúncio que há muito tempo a população de Rondônia não ouvia: oferta de emprego. Pela quarta vez em sua história, o estado está passando por um momento de euforia com a chegada não só do progresso, mas de oportunidades de trabalho para milhares de pessoas, com a construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. Mas as estatísticas mostram que o desenvolvimento, que ainda está começando, pode piorar os índices sociais da cidade.

Há pelo menos um ano, Porto Velho passa por uma grande transformação com a construção das usinas. Prédios luxuosos estão transformando o visual da cidade. A rede hoteleira, antes limitada, hoje é integrada por centenas de novos estabelecimentos espalhados pela cidade. Para se encontrar uma vaga em algum deles, por exemplo, a espera pode chegar a meses, pois estão lotados com frequência. Promotora da área de Urbanismo e Habitação do Ministério Público do estado, Aidee Luz alerta que o município não está estruturado para receber os impactos do desenvolvimento. “Está havendo um crescimento desordenado”, diz.

Enquanto isso, o albergue público, destinado a quem vem se aventurar e não tem onde ficar, também está com sua lotação esgotada. Em 2005, foram abrigadas 140 pessoas, subindo para 402 em 2008. Até junho deste ano, já eram 263 e a contabilidade final pode ser bem maior, segundo as próprias autoridades, já que os números correspondem apenas às pessoas que procuram o serviço social.

No comércio e entre os motoristas de táxi, uma nota de R$ 100 era uma raridade até há pouco tempo, mas agora sua circulação é normal. Diariamente, as agências bancárias lotam por causa da movimentação do dinheiro, mas a pobreza continua assustando. Desde 2005, o Programa Bolsa Família cadastrou 19,5 mil novos beneficiários, o que representa quase 100 mil pessoas em situação de vulnerabilidade, sendo que 12 mil delas ingressaram na iniciativa do governo de janeiro a junho deste ano.

A circulação do dinheiro também aconteceu no primeiro grande momento para a economia de Rondônia, durante a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré(1), no início do século 20. Centenas de pessoas trabalharam na ferrovia, que chegou a ser usada durante vários anos, mas foi desativada por acumular prejuízos. As últimas lembranças que restaram foram as locomotivas e as pontes de aço importadas da Inglaterra, que são peças de museu, ou estão espalhadas pelo meio da floresta.

O segundo ciclo de desenvolvimento de Rondônia foi a exploração da borracha. Durante a década de 1940, milhares de nordestinos, incentivados pelo governo, foram à Amazônia trabalhar na extração de látex nos seringais, para ajudar os aliados na Segunda Guerra. Os que não morreram na mata continuam pobres, como centenas de pessoas que estão migrando para Porto Velho em busca de ajuda. Sem números oficiais, a constatação pode ser feita pelo próprio Bolsa Família. Somente nos primeiro seis meses deste ano, 745 famílias vindas de outros estados e municípios transferiram seus cartões para Porto Velho, 130 a mais que em 2008

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